X-men (2000): Uma jornada de preconceito.
"X-Men", lançado em julho de 2000, é um filme que adapta as histórias em quadrinhos do grupo fictício de heróis de mesmo nome publicadas pela Marvel Comics desde a década de 60.
As histórias dos X-Men, desde os quadrinhos originais, sempre foram sobre – orgulho e – preconceito; não somente racial, como qualquer tipo de descriminação que uma pessoa possa sofrer. E com esse filme não é diferente.
O filme começa com uma mensagem bem direta ao ponto sobre isso, apresentando o passado traumático de Erik Lehnsherr, um pequeno garoto Judeu no ano de 1944, sendo levado a um campo de concentração em um ambiente completamente claustrofóbico, desolador e sem esperança, porém é ao tentar fugir de seu destino que sua mutação desperta, retraindo as barras de ferro do campo em que se encontrava para ter a mínima chance de escapar. Porém logo toda a sua esperança é jogada no lixo quando sua tentativa de escapar é frustrada, demonstrando como a vida de Erik viria a ser, rodeada de perseguição, sofrimento e olhares assustados por ele simplesmente existir.
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Erik Lehnsherr (cena de abertura do filme) |
Mas é a partir desse momento que o filme arromba a nossa porta com sua mensagem direta. Em uma reunião do Senado americano onde acompanhamos uma reunião com o fim de discutir uma lei sobre um registro obrigatório de todos aqueles que possuem o Gene X (ou Gene Mutante).
Ela é direto ao ponto quando nos apresenta o Senador Robert Kelly. Um personagem que representa o ódio contra mutantes. Ele alega que os mutantes sejam perigosos ao "povo de bem", dizendo que, por exemplo, aqueles com poderes telepatas poderiam acabar manipulando e controlando as pessoas ao seu redor, destruindo o livre arbítrio. Uma estratégia de demonizar o adversário que também foi usado pelo Partido Nazista, na intenção de gerar medo e virar a "população pura" contra os Judeus.
A própria estratégia de se criar um método de identificar e separar os Mutantes do resto da população já flerta de forma bem próxima com o nazismo. Valendo lembrar sobre como o governo Alemão obrigava os Judeus a andar com identificações em suas vestimentas, ou sobre como em anos mais sombrios da histórias pessoas de cor eram proibidas de frequentar certos estabelecimentos.
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Judeus com identificações (Estrela de Davi) em suas vestimentas. |
Conforme o filme avança, a figura do Senador Kelly acaba retornando, em um momento onde ele se encontra em uma espécie de cercado repleto de seus apoiadores e mensagens anti-mutante, desejando a morte do povo com o Gene X enquanto o Senador é ovacionado como um "messias" para o "povo de bem", que só quer o bem de suas famílias.
Sem sombra de dúvidas um dos meus momentos favoritos do filme é quando o Senador acaba por ser sequestrado pela Irmandade de Mutantes (grupo de mutantes que, ao contrário do grupo título, nutre ódio pelos humanos – com razão) após proferir falas como "Por mim, todos os mutantes seriam presos", e em consequência disso Erik Lehnsherr, agora conhecido como Magneto, decide o torturar do jeito menos convencional e mais direto possível: utilizando de uma Máquina que aflora o gene X em uma pessoa, despertando a mutação do Senador e em seguida o mantendo como prisioneiro, assim como o mesmo disse que iria fazer com a população Mutante.
E somente graças a sua recém mutação que o Senador tem chance de escapar. Graças aquilo que ele mais abomina.
E só para depois se ver em meio a um ambiente público, exposto a todos com a sua mutação, recebendo olhares de horror, medo, e palavras de ódio contra si, coisas essas que ele tanto incentivou o povo a nutrir contra a população que agora ele faria parte.
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Kelly utilizando seus recém adquiridos poderes pra escapar |
X-Men é um filme que aborda assuntos como preconceito de uma forma excelente, trazendo uma abordagem moderna e direta que faz o telespectador mais atento a refletir sobre a sociedade e seus próprios preconceitos. Além de uma boa dose de ação e personagens que marcaram uma geração.
O filme é, sem dúvidas, um dos mais importantes pra história de filmes de heróis, e é obrigatório de se assistir para todo fã de quadrinhos.
- Maian Costa
Ótima resenha!
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