O Esquadrão Suicida e a LIBERDADE CRIATIVA no Universo Expandido da DC!

Na última década, com a popularização e consequentemente valorização de produções inspiradas em histórias em quadrinhos para o público infanto-juvenil, a DC tentou lançar seu universo expandido e conectado de seus já icônicos heróis.

Apesar do odiado filme do Lanterna Verde ter sido a primeira tentativa desse universo, ele só veio a engatar com o lançamento de Homem de Aço em 2013, dirigido por Zack Snyder. O filme apresentava o Superman como o primeiro super-herói de um universo bem maior.
Homem de Aço (2013)

Na sequência, sem apresentar outros personagens ou estabelecer uma conexão entre os mesmos, o que seria o segundo filme do Superman se torna um prelúdio pro filme da Liga da Justiça, mostrando um Batman e uma Mulher Maravilha ja estabelecidos como heróis antigos.
Este foi Batman v Superman: A Origem da Justiça lançado em março de 2016 e também dirigido pelo Snyder.
Batman v Superman: A Origem da Justiça (2016)

No mesmo ano saía a primeira tentativa de uma adaptação do Esquadrão Suicida. Depois da péssima recepção de BvS ao público majoritário, o Marketing pro filme de David Ayer que trazia os vilões como o centro da história rendeu espectativas altíssimas pra uma película que parecia diferente das outras adaptações de quadrinhos.

Infelizmente, unanimemente o filme acabou sendo um desastre.
Esquadrão Suicida (2016)

Um dos elementos mais elogiados de BvS (se não um dos únicos) foi a Mulher-Maravilha, interpretada por Gal Gadot.

A personagem ganhou um filme no início de 2017, contando sua origem e explorando mais de sua mitologia, sendo a primeira heroína dos quadrinhos a receber um filme solo. Dirigido por Patty Jenkins, o filme foi muito bem recebido pelo público e crítica, levantando as esperanças pro próximo filme do Universo Extendido da DC (nome dado pelos fãs ao universo cinematográfico dos filmes de heróis da Warner).
Mulher Maravilha (2017)

Enfim, a Liga da Justiça. Muitos foram os problemas deste filme, mas todos só ocorreram porque a Warner não sabia como gerenciar o UEDC. O mesmo problema que ocorreu em BvS e Esquadrão Suicida ocorreu nesse filme. O filme lançado nos cinemas em 2017 pelo diretor Joss Whedon era totalmente diferente do idealizado por Zack Snyder no início do desenvolvimento desse filme (e desse universo).

O filme, obviamente, não foi bem recebido, e o UEDC agora era conhecido como uma bagunça. O povo clamava por uma descanonização dessa iteração da Liga e por uma restauração da visão original de Snyder, o que foi negado pela Warner.
Liga da Justiça (2017)

Em 2018 tudo mudou. A Warner e o DCEU agora estavam sob nova supervisão, Walter Hamada, que decidiu tirar a identidade do Snyder dos filmes da DC. Apesar dos adeptos ao "Snyderverse" terem odiado a mudança (e ainda clamarem pelo retorno de Snyder diariamente nas redes sociais), os filmes seguintes, que agora tinham uma atmosfera mais leve e colorida foram muito melhor recebidos pelo público e crítica.

Aquaman e Shazam chegaram com essa nova fórmula e agradaram por demais o público infanto-juvenil, que é o maior consumidor do gênero de super-heróis.
Aquaman (2018) e Shazam (2019)

Foi então que no meio de toda essa cor e felicidade, surgiu o primeiro filme +16 do UEDC. Filmes de herói para o público adulto já não eram novidade. Logan foi um dos maiores filmes da franquia X-Men e Deadpool não saía da boca do povo mesmo com toda a violência e palavriado. A DC também já tinha experiência com isso, vide Watchmen em 2009 e o recente Joker em 2018, que deu pra DC o primeiro bilhão depois da última trilogia do Batman.

Dessa carta verde surgiu Arlequina e as Aves de Rapina, trazendo a personagem interpretada por Margot Robbie em Esquadrão Suicida interpretada como protagonista de um filme irreverente, sem nenhum compromisso de se levar a sério. O que deu muito certo! O filme foi bem de crítica e agradou seu público alvo (obviamente tendo sido criticado pelo grupo de ódio que conhecemos muito bem infiltrados no meio nerd). Aves de Rapina foi o primeiro filme adulto de herói que não se encontrava em um universo isolado e apresentava conexões com os filmes juvenis que o antecederam.

No entanto, esse foi um filme de transição Ainda era muito perceptível a mão do estúdio em algumas escolhas criativas do longa.
Arlequina: Aves de Rapina (2020)

Os adeptos de Snyder ainda lutavam pelo seu amado Snyderverse. E depois de 3 anos de #RestoreTheSnyderVerse, a Warner cedeu anunciando a produção de Zack Snyder's Justice League.

A visão original do diretor pro filme de 2017. O filme teve 4 horas de duração e carta branca pra palavrões e violência, sendo assim +16.

Sendo um filme bem menos leve que Aves de Rapina (e que todos os outros do DCEU desde BvS) a película ainda assim foi um sucesso de crítica e, discutivelmente, de público também, mostrando que o antigo problema do DCEU era a falta de libertade que a Warner dava pros seus diretores.
Liga da Justiça de Zack Snyder (2021)

Apesar da sequência de Mulher-Maravilha ter sido na mesma pegada juvenil de Aquaman e Shazam (o que rendeu um filme com uma recepção inversa da do primeiro filme), a DC não largou de mão a carta branca depois de Aves de Rapina, entregando-a dessa vez pra James Gunn, diretor de ambos os filmes dos Guardiões da Galáxia.

Gunn pode escolher qual franquia da DC ele assumiria, e escolheu fazer a sequência (que ao mesmo tempo que é um reboot, mas não é) de Esquadrão Suicida.

Agora com o título O Esquadrão Suicida, o filme, assim como Aves de Rapina, não se leva a sério, e Gunn não teve receio de deixar o filme extremamente colorido ou sangrento dando uma identidade que o filme anterior da equipe não tinha (e precisava).

O filme, que lançou recentemente, está sendo extremamente bem recebido, e talvez seja a prova de que a Warner e a DC não precisa ter receio de dar liberdade pros seus diretores – mesmo que isso signifique que o filme não seja destinado aos juvenis.
O Esquadrão Suicida (2021)

A Marvel já domina o público mais novo nos cinemas, e é notável que a DC precisa de muito mais carisma pra conquistar esse mesmo público novamente. Mas quando se trata de filmes adultos, seus filmes possuem muito mais identidade e um potencial a explorar o que o UCM ainda nem sequer arranhou (talvez por falta de coragem?).

É óbvio que o DCEU não deve seguir como um universo de filmes para adultos, mas confiar em seus diretores e tanto filmes infantis, como Shazam, quanto filmes para o público adulto, como o novo Esquadrão Suicida, podem coexistir em um mesmo universo.

Resta aguardar pra saber se, futuramente, a Warner vai continuar dando essa carta branca pro DCEU e seus diretores terem a liberdade necessária pra colocar identidade e individualidade nos filmes desse universo, que voltou a demonstrar potencial para o público nerd.

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