As Aventuras do Jovem Indiana Jones | Reviews do Volume I

 AS AVENTURAS DO JOVEM INDIANA JONES
VOLUME I

Se nos acompanha no Twitter, sabe sobre a série do jovem Indiana Jones, mas no caso de não lembrar ou ter perdido a thread sobre a série, aqui vai:

Nos anos 90, George Lucas desenvolveu uma série com intuitos educacionais que acompanhava um jovem Indiana Jones entre os anos de 1900 e 1920, com Indiana conhecendo diversas figuras e momentos históricos pelo mundo. A série chegou a ter 2 temporadas, mas foi cancelada por conta do orçamento muito caro (a produção realmente filmava nos países em que os episódios eram ambientados).

Nos anos 2000, esses episódios foram reeditados em 22 filmes de 1h e 20min, juntando cada dois episódios em ordem cronológica de acontecimentos. Esses 22 filmes + os 4 filmes principais da franquia, assistidos semanalmente, dão 26 semanas de maratona até 'O Chamado do Destino'! Sabemos o quão difícil é encontrar os filmes de 'As Aventuras do Jovem Indiana Jones' então a partir do dia 18/12 vamos disponibilizar semanalmente cada filme no Drive, além de uma review no fim da semana (incluindo dos 4 filmes originais da franquia).

E aqui estamos, iniciando o ano com essa jornada, aqui no blog com as reviews, e no Twitter com os links. Mas, o que exatamente será isso aqui? Bem, não será uma análise cena-a-cena dos episódios, mas uma coleção de pensamentos a respeito de como o episódio influência e acrescenta a mitologia (bem pequena) de Indiana, incluíndo o tal desenvolvimento de personagem dele, com base no vídeo abaixo. Então, é, esse não é um texto, nem um método de assistir tudo pela primeira vez, é aconselhável que já tenha visto algum dos 4 filmes da série.
Indy é de Nova Jersey?! Ora veja, esse é um desenvolvimento interessante. Brincadeiras a parte, a série já nos joga em uma montagem da primeira infância de Henry Jones Jr. Somos apresentados a sua mãe, Anna, pela primeira vez e reintroduzidos a seu pai e ao cachorro Indiana, além da Sra. Seymor e a razão de Jr. estar viajando pelo mundo. Por sinal, Lloyd Owen, o ator de Henry Sr., faz uma ótima impressão de Sean Connery. Essa primeira parte do episódio é um tanto lenta e acaba repentinamente, mas nos introduz a uma pequena fórmula que será usada: Conhecendo o novo local > Conhecendo uma figura histórica > Aprendendo uma lição/algo do local com a figura histórica. As figuras históricas da vez são Lawerence da Arábia e Howard Carter na primeira parte, e na segunda parte Walter Burton Harris.

Como esses episódios são pedaços picotados em ordem cronológica da série, a resolução da primeira parte (tirada do episódio da série "O Jovem Indiana Jones e a Maldição do Chacal") só vai ocorrer 5 episódios adiante, o que imagino que acontecia era que as cenas aqui presentes serviam para quebrar a tensão da história paralela, o que acabou deixando tudo meio lento quando inseriram tudo de modo linear.

Mas ei, nem tudo foi ruim, a produção é sólida, e tivemos os primeiros vislumbres da mentalidade de Jones Jr. a respeito da riqueza e arqueologia além da ignorância britânica na Sra. Seymor em relação a outras civilizações. Mas o bom mesmo vem na segunda parte do episódio, quando Jr. usa... blackface?! Uma variação do blackface, e há definitivamente uma conversa a se ter sobre como a série (e os filmes) retrata outros povos, eu particularmente achei interessante a forma como abordaram a escravidão.

Novamente, a ignorância britânica, enquanto Emily Keen fala de progresso, ela chama um escravo sem pestanejar. A conversa sobre intolerância religiosa (os cristãos se sentem ofendidos por serem rechaçados, mas a verdade é que estão acostumados a cuspir e não serem cuspidos) em ambas partes do episódio, e a hipocrisia de Jr. (estranhamente chamado de Indy, mas caso não tenha percebido, essa parte tem uma distância de produção considerável da primeira, pelo tamanho do garoto) ao querer tratar Omar como livre, mas ainda assim querer que ele aceite a vontade dele. 

Sim, Jr. merecia um soco na cara, e eu esperava que Omar desse um a qualquer momento, a série não tenta resolver a escravidão, pelo contrário, somente Seymor, Anna e Jr. parecem ser veementemente contra (esse episódio se passa em 1908, somente 20 anos após a abolição no Brasil), Harris tendo comprado Omar o devolve a Keen, que é recebido direto para suas tarefas, se a intenção era fazer saírem do episódio se sentindo mal pelo destino de Omar (como se precisasse, mas pelo visto precisamos), conseguiram.

É interessante ver Henry Sr. tão atencioso nesse ponto no tempo, mas não é como se Jr. tivesse visto ele entrando em parafuso. Acho que a paixão de Indy em resgatar as crianças em Templo da Perdição pode ser remontada até esse momento, em que ele nem experienciou 1% de escravidão. Não se preocupem para os que acharam que houve pouquíssima Anna nesse episódio, ela terá seus momentos, nesses próximos 5 episódios de Indiana com 9 anos.

Essa sinopse é uma super simplificação dos acontecimentos da primeira parte do episódio. A idiotice humana em exibição. A figura histórica dessa parte é Ted Roosevelt, caçando animais na África para “a preservação da natureza” em museus, uma linha de raciocínio torta e ilógica. Fascinado por um raro orix, Indy vai a procura do animal com a ajuda de Meto, um menino local, utilizando do conselho de Lawrence no episódio anterior, de conhecer a língua. Não sei exatamente o que ele imaginou que aconteceria quando contasse a Roosevelt, mais uma vez Indy me faz passar raiva.

Ver Henry Sr. tão assanhado me estranhou de início, porém me lembrei que ele chegou a dormir com Elsa em A Última Cruzada, então a frieza é direcionada estritamente para Jr.. Novas cenas foram filmadas para gerar uma transição natural entre episódios, perceptível pelo esguicho que o garoto tem (e a franja, que fica separada quando ele está maior), aqui podemos ver o início de George brincando com a manipulação digital, composição e CGI, é engraçado pensar que essa série levou a Ataque dos Clones no quesito tecnológico.

Em Paris, na segunda parte, há uma penca de aparições de figuras históricas no meio artístico, os principais são Norman Rockwell, Degas e Pablo Picasso. Bem mais cômico e doido que a parte e episódio anterior, quais as chances de Indy encontrar 3 grandes artistas em um único dia em Paris? Sinceramente, não importa, foi ótimo.

O ghostwriting realmente tá em todo lugar, não é mesmo, e o enredo dessa parte meio que gira em torno desse assunto, com uma resolução divertida. Há também um tema nesse episódio sobre conflitos geracionais, Indy é o único que vê algo de errado na caça de animais e Picasso é rechaçado pelos mais antigos (que também foram rechaçados pelos mais antigos), uma nova geração, novas sensibilidades, um novo olhar, os que conseguem ver o que sempre foi errado, mas aceito, como errado.

Tivemos um pouco mais de Anna, do relacionamento dela e de Henry Sr., Indy aprendeu a atirar com Roosevelt, e a abrir os olhos para diferentes perspectivas. Também foi muito bom ouvir os clássicos sons de socos dos filmes aqui. Semana que vem, um dos episódios mais aleatórios da série.

É, de todas as pessoas que Indy poderia ter sua primeira paixão... a filha do cara que vai começar a I Guerra Mundial certamente é uma escolha. Terminamos a review passada falando de romance, e ele permeia as duas partes desse episódio muito bem intitulado “Os Perigos do Cupido”, um episódio que quando vi pela primeira vez anos atrás, não me apeteceu, mas agora me é o melhor até agora. Sim, quais as chances de Indy encontrar 5 figuras históricas em 1 único episódio? Ter aulas de montaria junto com a filha do Arquiduque Francisco Ferdinando... Receber conselhos de Carl Jung, Sigmund Freud e Alfred Adler... Anna se apaixonar por Puccini... É provavelmente o episódio mais aleatório da série.

Devo dizer que as coisas foram muito fofas entre Sophie e Indy, ele não é nenhum Harrison Ford ainda, porém o jogo dele já é inabalável e Sophie é nossa primeira pessoa na lista de interesses amorosos. Aquela bitoca no final, fofíssimo, Ri alto em como é fácil invadir o castelo do Francisco Ferdinando, não mataram ele antes porquê não queriam, mas a conversa entre Indy e ele foi ótima, saudável e respeitando o sentimento do garoto. O mesmo não pode ser dito sobre a conversa com Freud... mas isso era de se esperar, “manter esse sentimento dentro de si é perigoso, para ambos”? Ora, algumas vezes, Freud, o “amor” da pessoa que é perigoso pra outra, essa frase pode ser usada pra justificar tanta atrocidade... Enfim, no episódio Indy quase morre baleado por causa dela, mas no contexto deu certo pra ele. 

Na segunda parte, Anna recebe a atenção que merece, e o enredo é sobre ela não receber a atenção que merece, de Henry, o que segue com a versão de Sean Connery de A Última Cruzada, mas não muito com a do último episódio, imagino então que tais momentos são raros na vida sexual do casal, Henry só começou a prestar atenção nas conversas quando se fala algo a respeito dele, então faz sentido Anna não sentir repulsa pelo completo auto centrismo de Puccini. E eu amei o fato de que não houve julgamento, o episódio não a julgou nem a Sra. Seymor, e que o problema maior era esse auto centrismo de Puccini, que tava jogando responsabilidades em cima dela que ninguém deveria ter. 

Eu não me lembrava que eles se beijavam, me pegou desprevenido que ela realmente teve um caso com Puccini, também me pegou desprevenido que eu consegui identificar a ópera La Bohème, não pela música, mas pelo enredo e o jeito que acabou, por algum motivo eu li a história dessa ópera em específico ano passado, e acabou valendo a pena. Anna ir a estação na cara dura pra receber Henry ao invés de ir com Puccini é tão dramático quanto todo o relacionamento e eu amei. É, Henry não vai mudar, mesmo depois dessa dor de cabeça repentina que ele teve, e temos pouquíssimo tempo com Anna (mais 2 episódios), então eu diria, que se Puccini não fosse tão Puccini, que ela fosse com ele mesmo. 

Te falar que tava me divertindo com as metáforas da gravidade enquanto Anna se decidia e o romance degringolava no fundo. O truque com o cavalo é o mesmo que Indy irá fazer em A Última Cruzada. Tendo visto The Fablemans recentemente, me pergunto se essa Lucas não tirou a ideia de Indy descobrir sobre Anna e Puccini de seu amigo Steven Spielberg... digo Sammy Fableman. Não cheguei a falar da música da série ainda, mas nesse episódio tivemos alguns momentos em que o tema do Jovem Indiana Jones de Laurence Rosenthal tocou nitidamente, e o episódio terminou com o tema da família, ambos apareceram lá no prólogo da série, mas bem baixo. 

Tivemos nosso episódio focado em Anna, e o próximo é sobre Henry e seu relacionamento com Indy.

JUNIOR! Ora, nada fica melhor que Henry gritando no anfiteatro de Atenas. De todos os que vimos até agora, esse deve ser o episódio mais essencial deles, não só é muito bom, como divertido também e cada membro da família tem um momento para brilhar.

Sim, esse parece ser outro Indy do que os outros episódios, ou o garoto entrou em uma maré de azar, ou ficou descompensado com os eventos do episódio anterior (teoria de minha mãe, que virou meu headcanon), também achei estranho o fato dele parecer não ter aprendido nada nesse mais de um ano de viagens, mas imagino que isso seja culpa da desordem cronológica da produção, então eu relevo. Bem, com o comportamento aleatório de Junior no início da primeira parte, vemos pela primeira vez Anna dando uma bronca nele o que o leva a fugir e se unir a Tolstói no fim da vida, fugindo de casa também. Apesar de não nomear a estação que estavam ao fim, imagino que seja a mesma em que Tolstói morreu de pneumonia aqui em nossa vida real, o que faz Indy o criador de uma linha do tempo alternativa em que Tolstói volta para casa antes de morrer.

Devo dizer, o garoto berrou, dá pra ver a evolução na atuação dele desde os primeiros episódios e esse. Não me fez muito sentido os Cossacos deixarem eles irem, mas gerou uma ótima cena em uma igreja e aos berros de desespero do garoto. Enquanto isso, vemos um outro lado de Henry que realmente não imaginei que ele tivesse, mas faz sentido e complementa a próxima parte perfeitamente, com ele se distraindo de dizer algo importante ao Junior e que provavelmente mudaria um pouco a relação deles.

Tela azul aparente e bundas alvas a parte, a segunda metade do episódio é uma real maravilha, e um tanto agridoce. Henry entrando em desespero por ter que ficar com Junior por uns dias é um ótimo resumo da relação deles, a assertividade de Anna também é lindo de se ver (também por conta do episódio passado, segundo minha mãe). Como só temos mais um episódio de Indy nessa idade a frase de Henry “você foi embora logo quando as coisas começaram a ficar interessante” em A Última Cruzada, faz um pouco de sentido, mesmo assim é triste saber que isso não dura.

Uma aula de filosofia atrás de outra une os Jones, passando por figuras históricas como Aristóteles, Platão e Nikos Kazantzakis, mas o real momento é em um elevador por polia que fica preso suspenso a vários metros do chão, e Henry é novamente interrompido de dizer algo positivo para Junior (por sua própria estupidez) até a Última Cruzada. Ainda não sei como aquela escada que eles forjaram funciona... É interessante a caracterização de Henry na série, ele ainda não entrou de cabeça na busca pelo Graal, ele pode ser divertido e mais aberto, mas escolhe não ser e só se importa em conversar sobre assuntos que ele julga interessante (porém foi engraçado vê-lo de animado, para cada vez mais frustrado no anfiteatro), tanto com Anna, quanto com Junior, então o salto para o distanciamento de pai e filho não é tão grande sabendo disso.

No elevador de polia, ouvimos mais uma vez o tema do Jovem Indiana e o da família. Depois de 4 episódios em que Junior apareceu já falando a língua do lugar que ele estava, ele dizer que não sabe falar nada além de Inglês para Tolstói foi realmente muito estranho, porém valeu pela piada com os americanos. Junior terminou o episódio com uma roupa muito parecida com a do Han Solo, coincidência?

O próximo será nosso último episódio com Indy criança, mergulhando em religiões e preconceitos.

Ora... que ótimo episódio para encerrar essa época da vida de Indy... fazendo Templo da Perdição retroativamente melhor. Uma primeira metade repleta de exposição e uma segunda com a melhor performance da série até agora, com as participações das figuras históricas Annie Besant, Charles Leadbeater e, mais importante, Jiddu Krishnamurti.

Novamente, não é como se eu fosse conhecedor de tudo, pelo contrário, sou como a Sra. Seymour, então não posso declarar se tudo que foi dito na primeira parta do episódio estava certo ou não, mas, pelo menos para mim, tudo foi tratado com muito respeito e em nenhum momento percebi a série tomando um lado sobre o que é a verdade, o buraco que muitas produções que abordam outras religiões tendem a cair. Porém, seria ilógico de usarem desse tratamento nessa série, quando Indy no futuro irá comprovar a existência de dois deuses no mínimo.

Achei inteligente a maneira como tentaram impedir de ficar monótona a explicação de Krishnamurti para cada religião, e o fato de estarem na Índia ajudou bastante nisso, pra mim funcionou, minha atenção não desviou da tela por um segundo. O subenredo da Sra. Seymour VS a Sociedade Teosófica também foi interessante, e que erro de principiante falar “eu não acredito no que não vejo”... E ainda se diz cristã. De fato, é deixado ambíguo a veracidade sobre Krishnamurti, a série parece apoiar a decisão final de Besant, um rapaz especial.

Sair da doce despedida, com uma linda frase sobre os deuses, para Anna desmaiando doente foi um choque. A morte dela é um fato e por um momento achei que fosse agora, mas não, o ameaçado de morte foi Indy mesmo, e... ELE TEVE UMA IRMÃ?! É uma informação muito importante pra se jogar aleatoriamente assim, me pegou desprevenido. A primeira parte dessa segunda parte é um tanto lenta, o básico “conhecendo o lugar” de cada episódio, e foi tudo direto no início para o resto ser sobre Anna e a febre do Indy, com uma ótima performance de Ruth de Sosa. Como é a última vez que a veremos, foi um ótimo jeito de partir.

O episódio também embarca um pouco com preconceitos, mas achei meio furado. Indy suspeita de alguém... e ele tava certo. Seymour não respeita o “motorista” deles, e fica por isso mesmo. A única que aprende alguma coisa é a Anna, com o médico chinês e a medicina tradicional de lá, até o médico americano o respeitava. Outra coisa que estava me deixando irritado era ver a família tendo que mudar tudo e até queimar as próprias cadeiras para esse povo, no final Anna paga a dívida da família... o que pode ser levado de diversas maneiras.

Com o fim dessa primeira infância de Indy, a pergunta que fica é “pode esse ser um Indiana?” Não, nunca ouvimos falar de um fascínio por baseball, nem que ele havia viajado pelo mundo com os pais nos filmes (sinceramente não tem espaço pra isso lá), mas aqui vemos o início de sua mentalidade, filosofia e de sua jornada, vemos a relação dele com os pais e como a morte de Anna pode realmente ter afetado os Henry. Tudo isso é meio que segundo plano para aulas de história, mas o fato de que foi integrado naturalmente, na maior parte do tempo, é louvável.

Eu sei o que estão pensando... como ele deu a carta de beisebol para Krishnamurti se ele deu todas para Tólstoi? Coisas a se relevar. A música ficou muito parecida com a da Arca da Aliança no fim de Caçadores da Arca Perdida enquanto Indy tinha um pesadelo... Curioso. O próximo evento canônico é o flashback que inicia A Última Cruzada. E como já falei de todos os filmes clássicos, o próximo episódio conta o evento mencionado em O Reino da Caveira de Cristal, então é 100% canônico.

O JOVEM INDIANA JONES! Isso sim é corrida de pod! Fazendo jus ao nome da série. Tivemos a finalização da história lá do primeiro episódio, uma perseguição a cavalo, uma revolução com direito a explosões, comentários sociais, e... uma miniaventura em Nova Jersey...

Se você estranhou essa primeira parte do episódio, eu tenho uma cartada pra você, que envolve o flashback de A Última Cruzada, lá vemos aquele espírito aventureiro do Indy de 10 anos em um adolescente, aquela chama arqueológica lá do primeiro episódio com Lawrence da Arábia, e então ela foi apagada com a realização e a perda da cruz do coronado, esse Indy que encontramos no início dessa primeira parte, e se pararmos para pensar que essa é a primeira vez que ele põe o chapéu depois daquele dia, então Nancy Stratemeyer pode ser a mulher mais importante da vida dele.

Agora para o episódio em si, com toda a vibe De Volta Para o Futuro (o ator do Indy me lembra o Marty McFly), temos Nova Jersey, Thomas Edison e o Agente Coulson... Seria isso uma edição de Ms. Marvel? Com a segunda paixão de Indy na série, a inventada Nancy Stratemeyer, seu pai o futuro escritor de Nancy Drew, que é quem faz a trama girar, enquanto Indy fica tropeçando pelo caminho... Uma escolha duvidosa se não fosse a reviravolta de quando ele finalmente entra de cabeça na ação depois de resolver o caso em sua cabeça. O que foi bem satisfatório de se ver.

Nessa primeira parte o comentário foi sobre autoria, pela segunda vez a série vai para esse ponto, tanto Edison quanto o Sr. Stratemeyer “pegam emprestado” ideias de outros e colocam em sua autoria, no entanto... nenhum dos dois recebem consequências por isso, diferente da resolução do problema no episódio do Picasso (lá também não foi uma consequência, mas ficou clara a hipocrisia), então... obrigado por nos informar, eu acho.

Tivemos também os últimos momentos entre pai e filho (com as últimas menções do tema da família), e as coisas não parecem tão ruins assim, talvez realmente Indy tenha “partido quando as coisas começaram a ficar interessantes”, a interação mais substancial veio da segunda parte, em um continuação da também pequena cena entre eles no flashback de AUC. Agora, Indy põe a morte de Anna 3 anos atrás, o último episódio foi em 1910 e esse em 1916, o flashback se passa em 1912... algo não está batendo.

Um errinho de continuidade facilmente explicável de lado, nós temos nossa primeira real visão do jovem Indiana e, eu não sei como é que foi editado uma parte com a outra, mas prefiro desse jeito separado, foi para benefício dessa história e em detrimento do primeiro episódio. E que satisfação, não? Deixar o povo falar em espanhol, imagina Pancho Villa falando inglês. Remy, o amigo bélgico de Indy nos agracia pela primeira vez, será figurinha registrada. Como não sei muito sobre a Revolução Mexicana, aqui está nosso graduando em história para falar sobre como a série retratou o evento.

Pra minha pequena aparição, uma rápida aula de história: o ano é 1916, 1 ano antes do fim da revolução. Os rebeldes já passaram por muita coisa: a vitória contra o ditador Porfírio Diaz em 1911, o golpe militar de Victoriano Hurta em 1913 e a retomada do povo ao poder em 1914. Francisco "Pancho" Villa foi uma peça importante durante toda a revolução, e agora ele lidera mais uma vez os rebeldes mexicanos pela fronteira com os EUA. Pancho estava refugiado nas montanhas depois da derrota presicencial pra Venustiano Carranza, que foi reconhecido pelos EUA como o novo presidente do México. No episódio, Indy se encontra no meio de um "protesto" de Pancho contra os Estados Unidos pelo seu apoio à Carranza. Obviamente há muitas diferenças dos reais acontecimentos históricos. Antes da investida dos rebeldes contra os EUA, Pancho tinha executado 16 cidadãos estadunidenses na intenção de chamar a atenção dos militares (o que deu certo). A caça americana à Villa nos territórios mexicanos causaram muitos problemas diplomáticos, e o apoio popular também facilitava a fuga dele e de seus soldados. 

“Isso pertence a um museu”, ora veja, algo que dá suporte a minha teoria, Indy se vê de volta ao otimismo pré-decepção da cruz de coronado, e podemos agradecer a Nancy. Obviamente sendo parte de um primeiro episódio, ouvimos pela primeira vez o tema completo do Jovem Indiana Jones por Laurence Rosenthal durante a perseguição a cavalo, mas também funciona narrativamente como a aceitação e o início da jornada rumo aos filmes. George Lucas ama seus carros e suas loucuras de verão, e a primeira parte é quase toda sobre isso. Aleatoriamente, Indy dá dois triplos bye bye birds nesse episódio, um feito impressionante que nunca vimos nos filmes, deve ser a idade... perdão, quilometragem.

O próximo episódio é o último do Vol. 1, apesar de achar que esse seria um final perfeito, sabendo o tema do Vol. 2, faz sentido. Nos vemos lá.

Deixa eu me corrigir, esse foi o final perfeito para o Vol. 1, uma pequena lembrança de tudo que vimos até agora, quase uma despedida dessa série de episódios e nos levando direto para os anos da guerra, além de ser bem feito e muito fofo.

A primeira parte do episódio são negócios costumeiros, saindo do México, parando na Irlanda a rumo da Inglaterra, Remy e Indy testemunham o nascimento do IRA, coisa básica. Com as participações históricas de William Butler Yeats e Seán O’Casey, e o que seria o terceiro romance de Indy em Maggie Lemass, se ela não preferisse passar mais tempo com sua muito boa amiga, Nuala. Pra mim não ficou muito claro qual lado a série tomou sobre a revolução irlandesa, talvez eu precisasse um pouco do realismo de O’Casey, como Sean não foi vilanizado apesar de fazer parte do grupo, 100% contra não é, apoiado pelo fato de que O’Casey é levantado como inspiração para Indy,

Há um charme nas interações entre Maggie e Indy, apesar de cair no cliché do mal-entendido, as vezes é fácil esquecer que esse Junior ainda é um garoto, e essa bobalheira dele continua na Inglaterra (um choque sair da Irlanda para Inglaterra) na segunda parte do episódio. É melhor se acostumarem ao nome Henri Defense, hilariamente concatenado na hora, pois será ouvido diversas vezes no próximo volume. Depois de um conselho de Remy sobre viúvas, Indy acaba usando a cabeça errada para pensar, e após um ataque de Zepelim que surpreendentemente acontecia de verdade, Indy encontra seu real terceiro romance em Vicky Prentiss.

As aparições históricas dessa segunda parte foram Sylvia Pankhurst e Winston Churchill, é isso aí, é tudo sobre o sufrágio feminino. E, como as outras mulheres da série, Vicky brilha nesse episódio, não só como interesse amoroso, mas como um reflexo de Indy, passando por histórias semelhantes, e uma divertidíssima cena em que os dois competem quantas línguas sabem falar, a diferença é que ela parece ser bem mais sensata. Srta. Seymour retorna como se não tivesse sumido, e ela e Vicky entram em um conflito amistoso, nada melhor que jogar comida na cara de Winston Churchill.

Uma montagem extremamente fofa de namoro entre Indy e Vicky depois, em aparentemente duas semanas, ele me vem com a ideia de casar antes de ir a guerra... E eu ainda lembrando da Nancy lá em Nova Jersey que nem sei se ele terminou por carta ou não, muito sensata, Vicky explica detalhadamente o porque é uma má ideia, e ele ainda sai doído? Ah, por favor homem! A cena no trem entre Indy e Seymour é um bocado emocionante, já que ela é o mais próximo de uma mãe que ele ainda tem, e o que se segue são olhares dramáticos entre os enamorados. Um ótimo final para o Vol. 1, nos levando direto para o 2.

O detalhe de que Henry Sr. é escocês foi uma sacada genial para incluir a nacionalidade de Sean Connery no cânone. Os efeitos de soco dos filmes retornam com força nesse episódio. O início do tema de amor entre Indy e Vicky me lembra muito um dos temas do filme Invictus, bem aleatório, eu sei. Esse é o último parágrafo desta publicação no blog, semana que vem temos um novo link para um novo volume, e como um narrador em um desenho que se passa em uma galáxia muito distante diria: GUERRA!

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