Os ERROS e ACERTOS de 'The Last of Us' | Review Que Ninguém Pediu

 

The Last of Us é uma das maiores franquias da Playstation Studios, que originalmente foi um jogo lançado para PS3 em 2013. Com o tempo, o jogo recebeu remaster, remake, sequência, e recentemente uma adaptação em live-action pela HBO, que foi um sucesso entre a crítica e o público. Quem nunca jogou o jogo se apaixonou pela jornada de Joel Miller e Ellie Williams, que foram perfeitamente interpretados por Pedro Pascal e Bella Ramsey. Mas e na visão de alguém que jogou aos jogos? A série é boa?

Sejamos sinceros, o primeiro jogo de TLOU nunca foi algo revolucionário no mundo dos videogames. Tecnicamente, ele foi só mais um shooter (jogo de tiro, pros leigos) de zumbi em terceira pessoa com foco na campanha narrativa. O diferencial do jogo na época foi justamente a trama, que apesar de também ser algo muito usado na cultura pop (tanto que além de Joel, Pedro Pascal interpreta outro homem ranzinza que se apega a uma criança órfã em The Mandalorian), foi tão bem construída que virou logo um clássico, aclamado por milhões de jogadores no mundo.

A adaptação da HBO, que é o segundo investimento da Playstation Studios em traduzir seus jogos pra live-action (a primeira foi o filme de Uncharted, que também revisei aqui no blog), entendeu perfeitamente que o que fez os jogadores amarem tanto o universo criado pela Naughty Dog nos jogos nunca foram os zumbis (ou os Infectados, como são referidos no jogo e na série) e sim os personagens e suas incríveis jornadas de crescimento. A primeira temporada da série sacrificou vários momentos em que Joel e Ellie enfrentam hordas de infectados em prol de cenas que construíssem a relação dos protagonistas, e apesar de eu, pessoalmente, não ter sentido tanta falta desses momentos, acho que com alguns episódios a mais os infectados poderiam ser mais do que só um obstáculo e terem um papel tão antagônico quanto David ou Marlene.

Ellie e David no episódio 8

Na verdade, senti que os infectados foram deixados muito de lado nessa temporada. Quando foi revelado que não adaptariam os esporos na série, todos ficaram com o pé atrás pela importância que esse pequeno detalhe tem, tanto na proliferação do cordyceps, quanto em cenas com os protagonistas (mas acredito que é um recurso que ainda vai ser introduzido nas próximas temporadas). Na adaptação, optaram por conectar todos os infectados por um sistema de "raízes" do fungo cordyceps que cresce embaixo do solo. Um conceito que foi explicado de forma rápida nos primeiros episódios, com um potencial de aumentar o sentimento de perigo que os infectados passam, mas que mal foi usado nos 9 episódios da série. 

O novo sistema de raízes do Cordyceps

A ideia de contar histórias que no jogo só passamos por cima foi uma ótima forma de expandir o mundo e mostrar que há outras perspectivas além da que acompanhamos com Joel e Ellie (e isso é muito importante de se compreender enquanto caminhamos pras temporadas que vão adaptar o segundo jogo) e o excelente episódio de Bill e Frank é o melhor exemplo, mas de novo, um número maior de episódios também beneficiaria essa tática. Um episódio inteiro focado na dupla enfrentando infectados, sem qualquer outra pessoa pra ajudar ou atrapalhar, mostraria melhor o desespero dos Vaga-lumes por uma cura. Talvez adaptando uma luta contra um Baiacu ou uma cena sobre a fase do túnel antes de Ellie e Joel chegarem ao hospital no último episódio. Concordo que The Last of Us não é sobre os infectados, mas eles podiam ter sido mais usados, e entendo que não foram pela curta quantidade de episódios.

O Baiacu, que aparece apenas no episódio 5, apresenta um perigo bem maior no jogo do que na série, mesmo sendo o último estágio evolutivo do Cordyceps no corpo humano.

Bella e Pedro foram impecáveis em suas interpretações de Ellie e Joel, mas fizeram certas adaptações no Joel para a série. Coisas que, na minha visão, funcionaram. Na série Joel é mais velho do que ele era no primeiro jogo, mais debilitado, e mesmo assim a adaptação não falhou em mostrar quão perigoso ele era e ainda é, apesar do tempo. Mas ainda assim, faltam cenas que mostrem pro público que chegou agora que Joel é bem mais do que alguém determinado a fazer seu serviço ou um pai protetor. Depois da pandemia, Joel ficou psicopata. O personagem é sádico, e as várias vezes em que ele usa táticas de tortura provam isso, algo que foi deixado bem de lado durante a série.

Joel em 'The Last of Us Part I'

Apesar das faltas, tudo o que foi colocado foi perfeitamente adaptado, sem danificar o que foi definido na obra original e na verdade expandindo um mundo perfeitamente construído. Depois de tanto tempo com adaptações tenebrosas de jogos que amamos, finalmente os humilhados estão sendo exaltados.

O que vocês acharam da série?


– Tiago Sampaio

Comentários

  1. Gostei da review. Não conheço o jogo, então não vou entrar no mérito de uma boa adaptação ou não. Apesar da série ter sido ótima, ela falha algumas vezes focando muito no relacionamento de Joel e Ellie. Não que isso seja ruim, mas eu queria ter visto mais desse universo.
    Contudo, foi uma experiência muito boa ter acompanhado essa série. A maioria dos episódios foram muito bem dirigidos. Estou ansioso para as próximas temporadas — o que não teremos tão cedo.

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