Arrowverse | O legado do maior universo da DC.
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Imagem promocional de 'Crise nas Infinitas Terras' |
Lá em novembro de 2021, fizemos um texto mostrando a jornada do Arrowverso até aquele momento. Desde então, uma limpa foi feita e todas as séries foram canceladas ou encerradas, exceto por Superman & Lois, que pulou fora do universo compartilhado na segunda temporada, depois da pandemia impedir um crossover que iria conectar a série ao Arrowverso.
Quando foram exibidos nas últimas semanas, os episódios 9 e 10 de The Flash resgataram um pouco daquela emoção do início dessa jornada. O Flash teve o último crossover com Arrow e encerrou seu ciclo, retornando mais uma vez à noite da morte de Nora Allen. E foi interessante rever esse brilho nos olhos depois de tantos xingamentos jogados ao universo, alguns com razão (não podemos ignorar o fato de que The Flash realmente estava ruim desde a 5ª temporada, tendo retomado um pouquinho de qualidade por um breve momento da 6ª temporada e voltando ao fundo do poço que sabemos que a série acabou), mas o que me entorta o nariz, é dizerem que tudo sempre foi um lixo, e isso aí meu caro, temos que discordar.
Como na internet as coisas funcionam em ciclos de ódio, é fácil esquecer de quando esse universo era respeitado e amado, das discussões e teorias sobre Flash, a animação com outra temporada de Legends, as diversas vezes que Arrow foi exaltada, além de ser o primeiro universo a se aventurar nas questões mais doidas dos quadrinhos antes mesmo da grandiosa Marvel Studios. Porque sim, minha gente, Multiverso foi trabalhado bem melhor pela DC na CW do que seja lá o que a Marvel está fazendo agora no UCM.
Mas falando no UCM, o Arrowverso não começou muito diferente. Como Arrow lançou em 2012, no ano do lançamento do último filme da trilogia O Cavaleiro das Trevas, ao invés de seguir o mesmo estilo de Smallville, que havia acabado no ano anterior, decidiram pegar dos filmes de Nolan para a primeira temporada, que gerou o "Batman Verde", mas lançou pra estratosfera a série. E também, diferente de Smallville, a segunda temporada de Arrow já planejava expandir seus horizontes.
Saindo um pouco da atmosfera Nolanesca, os episódios 8 e 9 da segunda temporada de Arrow introduzem Barry Allen (com direito a raio e tudo), o Mirakuru (vulgo super-humanos), uma menção a Ra's Al Ghul (a Liga dos Assassinos tendo sido apresentada uns episódios antes) e um Slade Wilson de tapa olho pronto para ser o Exterminador, e tudo isso da forma mais natural possível.
A partir daí, The Flash chegou em 2014 e introduziu ainda mais conceitos que seriam absurdos se fossem introduzidos na 1ª de Arrow, como metahumanos, velocistas, linhas do tempo, terminando com viagem no tempo pela Força de Aceleração. A série estava fazendo tanto sucesso que começou até a invadir Arrow, que havia mergulhado em uma atmosfera sombria e dramática e começava a mostrar sinais de decadência. As séries começaram a ficar mais fantásticas (no sentido fantasia) com a série animada da Vixen que veio logo depois e introduziu o totém que dá Mari McCabe seus poderes, a magia via Damien Darhk na 4º temporada de Arrow, junto com o Multiverso na 2ª de Flash, que serviu para conectar a Supergirl, que estava em outra emissora na época, trazendo aliens ao tabuleiro.
Agora, falando assim, isso tudo pode parecer rápido demais, mas quando tudo isso é introduzido gradualmente por 23 episódios semanais, as coisas ficam mais suaves. Mesmo assim, foram tantas coisas introduzidas, que no final de tudo algumas delas foram quebradas por futuros roteiristas, a viagem no tempo principalmente. Mas somente fantasia não cativa o público, o que realmente importa e manteve a audiência por essas mudanças ao decorrer dos anos foram os personagens.
Essa parte é meio divisiva, porque é um tanto complicado separar a caracterização de uma adaptação, e também porque quanto mais as séries duravam, mais essas caracterizações eram quebradas. Porém, ouso dizer, que cada série iniciou com caracterizações perfeitas para os personagens principais (exceto, talvez, Legends of Tomorrow), é engraçado depois de anos rever as primeiras temporadas dessas séries e lembrar porque gostava delas pra início de conversa (e que o Oliver não era uma porta de atuação, como a internet me fez crer), além de uma produção e apresentações de personagens icônicos e suas mitologias de uma forma simples pra um público de TV aberta e com pouquíssimo orçamento, as caracterizações nessa versão CW dos personagens eram cativantes por si mesmas.
E não dá pra falar nos personagens sem falar dos atores. Há também uma discussão a ser feita sobre o casting dessas séries, lembrando que estamos falando da caracterização desses personagens exclusivas a esse universo. Não só a química entre o elenco de cada série funcionava, como também entre séries, ver Stephen Amell, Grant Gustin, Melissa Benoist e todos os outros interagindo entre si era sempre uma alegria, a tristeza vinha quando não havia muitas dessas interações nos especiais.
Com os serviços de streaming, meio que se esqueceu o que eram séries de TV, 23 episódios semanais com contos não relacionados e talvez uma história pro plano geral, um cliffhanger (gancho), aquela sensação de expectativa... Me diga agora se não são essas as sensações de acompanhar um quadrinho em lançamento (um bom, né)? Os crossovers anuais às vezes completamente desconectados da história da temporada, a interferência tangencial de uma série em outra, a troca de showrunner mudando tudo na série, assistir eventos em outra série pra entender a que você estava assistindo. No bom e no ruim, o Arrowverse pegou aquela sensação de acompanhar quadrinhos mensalmente e traduziu pra um público muito mais abrangente.
inspirado na capa de ‘Justice League of America’ #207
Mesmo com sua queda, o universo DC na CW abriu o caminho pro público digerir muito melhor os conceitos de crossover, tramas interligadas, e principalmente toda a bagunça que é o multiverso, uma pauta tão em alta no gênero de super-heróis no cinema atualmente.
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