Transformers: O Despertar das (poucas) Feras | REVIEW SEM SPOILERS

Nessa semana (08 de Junho), estreou sem muito alarde nos cinemas o 2° filme da nova cronologia de Transformers. 7ª adaptação em live-action  da franquia (que veio de uma série animada e se estendeu até histórias em quadrinhos), O Despertar das Feras segue a partir do fim de Bumblebee (2018), com os autobots esperando uma oportunidade de voltar pra casa.

O novo filme acompanha Noah Diaz e Elena (que se tem um sobrenome, eu não me recordo de ter sido citado), um ex-militar especialista em mecânica e uma antropóloga, que por meio de infelizes coincidências se encontram em uma aventura pra salvar não só um, mas dois mundos (a Terra e Cybertron, que diferente dos filmes de Michael Bay, nessa continuidade o planeta natal dos Autobots não foi destruído, só abandonado).

Falando em coincidências, a trama é lotada delas. Conveniências de roteiro e Deus Ex Machinas (nome dado aos recursos salvadores que aparecem de supetão pra resolver um problema) são o que não faltam, sem contar os clichês não só na narrativa, mas em toda a escrita, e isso incluo os diálogos cheios de frases de efeito dos Autobots.

E falando neles, são um destaque importante nesse filme. Todos têm mais personalidade do que nunca nessa versão, e não só por causa dos novos designs coloridos que se aproximam dos desenhos, mas por causa do carisma dado aos personagens (que vale ressaltar, foram perfeitamente interpretados e transmitidos pelos dubladores). Pela primeira vez no cinema os Transformers tem expressões, o que facilita pra engolir os robôs gigantes como personagens de verdade na trama.

Optimus Prime

Optimus Prime pode causar estranheza no início, já que conhecemos um líder relativamente mais jovem, mas o arco que ele passa durante o filme molda ele no Prime que estamos acostumados, e é satisfatório ver o resultado do desenvolvimento no fim do filme.

Um destaque dentre os Autobots definitivamente é o Mirage, que é um personagem lotado de personalidade e o que acompanhamos por um tempo maior, felizmente.

Mirage

Sobre os vilões, os Terrorcons são só mais do mesmo. Megatron ainda é o mais imponente da franquia (e não vejo a hora de ver a nova versão dele nesses novos filmes), e não que Surge seja um vilão ruim, mas eu provavelmente vou esquecer dele daqui a algum tempo. O filme prepara terreno pro Unicron, e faz isso até melhor que os filmes do Michael Bay. Mas se não trabalharem direito essa ideia de ameaça devoradora de planetas nessa nova trilogia, é bem fácil dela se perder.

Scourge e Bumblebee

Notaram que ainda não falei dos Maximals? Pois é, apesar do título, as Feras são a última espécie de robôs a ter um despertar nesse filme. De 4 Maximals que somos apresentados, só 2 são destaques (Optimus Primal e Airazor), e são personagens bem interessantes até, mas o título, trailers e demais materiais promocionais do filme fazem parecer que eles ocupam um papel maior na narrativa. Eles são importantes, mas coadjuvantes.

Optimus Primal

Ah, e os humanos, o núcleo menos interessante dos filmes de Transformers… Pelo menos nos de Michael Bay, porque funcionou em Bumblebee com Hailee Steinfeld (Charlie Watson) e até que funciona agora com Anthony Ramos (Noah Diaz) e Dominique Fishback (Elena). Mesmo que todo o envolvimento deles na trama aconteca por pequenas coincidências, são personagens divertidos e que possuem motivações mais convincentes que Sam Witwicky (Shia LaBeouf) e Mikaela Banes (Megan Fox) na primeira trilogia da franquia.

Noah e Elena

O filme tenta ser mais corajoso que todos os anteriores na trama, mas volta atrás desfazendo quase todas as decisões inesperadas do roteiro, se contentando com o previsível, apesar de ter uma carga emocional levemente mais presente.

Por mais que a trama não vá muito além, esse com certeza é o filme mais cinematográfico de Transformers. Começando pela fotografia, Steven Caple Jr. deu o nome, mas isso passa a ficar mais evidente a partir do segundo ato, quando a trama sai dos Estados Unidos e parte até o Peru (que, felizmente, não é representada com estereótipos da América Latina). O filme é bonito, não dá pra negar, e ele também é muito bem dirigido, principalmente nas cenas de ação que, diferente do filme antecessor, bebe bastante da fonte explosiva (literalmente) de Michael Bay (que é um dos produtores desses novos filmes, não pensa que a gente se livrou dele ainda não). O terceiro ato conta com pelo menos duas cenas em plano sequência que destacam a coreografia das lutas do filme, que também chamam muita atenção.

Claro que um CGI bem finalizado (que esse filme tem) ajuda em todos esses aspectos, mas no conjunto da obra, visualmente, talvez até valha a pena ver esse filme no cinema em 2D, porque o 3D simplesmente não funciona e serve só pra deixar o filme mais escuro.

No fim, eu continuo achando que Transformers funciona muito melhor em animação do que live-action, e felizmente não estamos longe de ver um filme animado da franquia nos cinemas: um filme sobre a origem de Optimus Prime e Megatron em Cybertron está em desenvolvimento e previsto pra 2024! Mas ao mesmo tempo, tô curioso pra saber o que Steven Caple Jr. e Lorenzo di Bonaventura (principal produtor não só de todos os filmes de Transformers e outras adaptações de franquias da Hasbro) estão preparando pra essa nova saga, principalmente com a cena final do filme, que tem um gancho que eu DUVIDO que qualquer um tenha esperado – até porque, é uma referência de nicho pra gente velha ou nerdolas que gostam de franquias antigas (que nem eu).

VEREDITO: ★★★

Vale a pena assistir? Se tiver tempo de bobeira, dinheiro pra um ingresso e não tiver nada mais interessante disponível (confia em mim, tem), é um passatempo divertido. Mas não acho que muita coisa se perde caso você decida esperar pra assistir em casa quando o filme lançar no streaming, aluguel e, vocês sabem, outros meios de assistir.

– Tiago Sampaio

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