CarolJess: O barulhento homoerotismo silenciado por entrelinhas.



 Precisamos falar sobre a prática do "queerbaiting" na indústria dos quadrinhos, e hoje usaremos as garotas-propaganda do assunto: CarolJess.

Carol Danvers, híbrida humana-Kree que teve seu DNA alienígena ativado após a explosão da máquina Kree Psico-Magnetron e Jessica Drew, uma humana que ganhou poderes aracnídeos após ser injetada com um soro feito com o sangue de várias aranhas peculiares durante sua infância.

O primeiro contato das personagens já veio através de um ato heróico em que Jess salvou Carol de sua morte após ter sido surpreendida por Vampira numa investida violenta e arremessada inconsciente da ponte Golden Gate de São Francisco (Avengers Annual #10). 

Jess salva Carol

A Mulher-Aranha imediatamente se mostrou muito preocupada com a "desconhecida" que teria salvo e se tornou parte ativa no processo de recuperação de Carol Danvers.

Desde então, as personagens construíram uma dinâmica muito próxima e íntima, sendo retratadas como "melhores amigas" em uma das relações mais adoradas da editora.

Jess se preocupa com Carol

Existe um consenso silencioso entre os roteiristas de ambas as personagens sobre sempre introduzir um forte subtexto homoafetivo entre elas em suas histórias. De maneira com que Jessica Drew já tenha canonicamente expressado algumas vezes sobre amar tanto Carol que isso faz com que "as pessoas fofoqueiras comentem", ou que existe uma "teoria na internet de que Carol foi quem engravidou Jessica".

Jess e Carol falam sobre sua amizade ambígua.

Jessica é sempre a principal personagem secundária nas histórias de Carol, e vice-versa, mas a editora faz questão de adicionar interesses amorosos masculinos na vida das duas heroínas, mesmo que não façam sentido ou tenham qualquer desenvolvimento. Carol vive um relacionamento vai-e-volta com James Rhodes (Máquina de Combate) há pouco mais de dez anos, mas mesmo que os roteiristas tentem, parece impossível a missão de fazer com que os personagens passem a ter química de uma hora pra outra. Aliás, enquanto Carol vive esse subtexto romântico com sua melhor amiga, Rhodes por outro lado também vive um com seu melhor amigo, Tony Stark. Mas não entraremos nisso hoje. Com um relacionamento totalmente monótono e sem grandes emoções, "CarolRhodey" é um casal recebido com muita indiferença pela maioria esmagadora dos leitores. 

Quando se trata de Jessica Drew, não é muito diferente. A heroína já viveu romances esporádicos com personagens como Clint Barton (Gavião Arqueiro), e mais recentemente teve um namoro um pouco mais sério com Roger Gocking, o Porco-Espinho (não se culpe por não ser familiarizado com o grandioso Porco-Espinho, ele não passa nem perto da galeria dos personagens mais famosos da Marvel Comics). Porém, no caso da Mulher-Aranha, o editorial decidiu largar o osso após cerca de 4 anos batendo na mesma tecla enferrujada, e na run mais recente da heroína, de 2020, foi decidido que Jess e Roger não seriam mais um casal.

Relação ambígua de Carol e Jess.

Capitã Marvel sempre foi uma personagem muito "queer-coded", seja em seu estilo, sua postura, suas atitudes, ou em sua mania de flertar quase que descaradamente com suas antagonistas femininas. Isso se dá até mesmo em sua versão cinematográfica e é uma visão encorajada pela própria atriz que a interpreta, Brie Larson, que não perde uma oportunidade de expressar o quanto é aliada do shipp "ValCarol" (Valquíria + Carol). Mas é muito improvável que a personagem "saia do armário" em algum momento nos quadrinhos, visto que a editora faz questão de assegurar a ela o status de mulher heterossexual comprometida com um homem.

 Afinal, não pegaria bem uma das principais personagens da empresa, detentora de uma bilheteria bilionária nos cinemas, ser qualquer coisa além disso, certo?


- Fernanda "Ferbs" Pinheiro.
@CaptMarvelBR

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