One Piece: O tesouro dos Live-action da Netflix | Review que Ninguém Pediu
Sendo mal vista em seu anúncio, a série live-action da Netflix que adapta o mangá de sucesso mundial, One Piece, atraiu muitos olhares maldosos e de dúvida para sua produção, mas graças a uma intensa campanha de marketing e o carisma de toda sua equipe de produção, ela foi conquistando os fãs que começaram a esperar apreensivos pelo seu lançamento e para julgar se ela seria digna ou não de carregar o nome do maior sucesso da Shonnen Jump.
A série aborda os dois primeiros arcos do mangá de One Piece, conhecidos como Romance Dawn e Arlong Lark, e o faz dentro de 8 episódios que adaptam os 93 capítulos iniciais da obra, tomando algumas liberdades criativas como a exclusão de certos personagens que não tem tanta relevância (como é o caso de Don Krieg que é reduzido a apenas um cameo) e toma proveito disso para expandir o tempo de tela de outros, apresentando arcos inteiramente novos dedicados a eles.
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O Bando do chapéu de palha. |
A trama da série gira em torno de Monkey D. Luffy (Inãki Godoy), um jovem que acabou de iniciar sua aventura em alto mar, fazendo aliados e inimigos enquanto busca se tornar o rei dos piratas e encontrar o grande tesouro escondido que dá nome à série: o One Piece.
Talvez um dos maiores choques da série para quem está acostumado com o material original seja justamente esse: o seu protagonista, que agora apresenta uma personalidade um pouco mais pé no chão, soando mais como alguém ingênuo e inocente do que com o absoluto arauto do caos que o Mangá nos fez amar. Mas longe disso ser um problema, a atuação e o carisma de Inãki Godoy é um dos grandes acertos da adaptação, fazendo ele capturar elementos chave do personagem enquanto o torna mais palatável para uma audiência mais ampla.
Falando em alterações que a série fez com o material original, que acabaram se tornando uma surpresa extremamente positiva, é a adição prematura do Garp (Vincent Regan), que é inserido logo no primeiro episódio da obra (no mangá Garp aparece apenas no capítulo 431) e trás consigo todo um novo núcleo pra história focado no desenvolvimento de personagem próprio enquanto apresenta o ponto de vista da Marinha e expande a participação de Helmeppo (Aidan Scott) e Koby (Morgan Daves), que é quem verdadeiramente brilha ao podermos acompanhar uma parte significativa de sua trajetória e entender melhor aquele em que no mangá é atualmente chamado de "O herói da Marinha".
Graças a adição desse novo núcleo, nós podemos ter um proveito maior do início de One Piece, adquirindo conhecimento de informações e conceitos que só viriam a ser devidamente apresentados e explorados bem mais adiante, como a existência de shichibukai, uma melhor preparação de terreno para cada novo inimigo que é apresentado na obra e algumas pontas soltas para se amarrar em possíveis novas temporadas.
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Garp no primeiro episódio da série. |
Um dos pontos que a série mais acerta, como citado anteriormente, é em pequenas alterações na personalidade de certos personagens, como é o caso do Sanji (Taz Skylar) que ganha um aspecto bem mais de mulherengo e xavequeiro ao invés de ser o pervertido que protagoniza as típicas cenas de alivio cômico menos engraçadas que os mangás tem a oferecer, as quais muitas vezes beiram o assédio.
Em contrapartida, a série peca na apresentação da motivação de alguns de seus personagens que acabam perdendo grande parte do peso de sua contraparte do mangá. Como é o caso de Zoro (Mackenyu), que tem grande parte de sua história cortada e é pouco aprofundado nas razões de sua ambição de se tornar o maior espadachim de todos e Usopp (Jacob Romero) que é mais trabalhado a partir do presente e faz com que seus motivos para agir da forma que age pareçam rasos. Porém, também somos apreciados com uma melhora significava em seu arco próprio, onde a série de fato toma mais liberdade em prol de tornar os acontecimentos mais dinâmicos, dramáticos e um final mais recompensador.
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Usopp de Jacob Romero. |
A direção dá série toma algumas decisões curiosas e muitas vezes confusas, como querer reproduzir alguns quadros impactantes da obra original ou dar um ar mais "anime' para alguns momentos, mas que ao fazer isso ainda não desiste de sua filmografia tipicamente mais ocidental. Isso acaba fazendo com que alguns takes saiam com uma sensação de artificialidade e gerem um leve incômodo, mesmo não impedindo que a série também brilhe com as sequências de ação extremamente bem coreografadas junto do uso de técnicas de edição que muitas vezes fazem você pensar que está vendo um anime.
Mas apesar de uma direção confusa sobre sua filmografia, One Piece acerta em cheio em seus efeitos, sejam eles práticos ou especiais, e nos entrega uma representação perfeita dos poderes de borracha de Luffy (ouviu bem, ms marvel?) e das habilidades mais malucas que a série tem a nos oferecer, além de maquiagens impecáveis em personagens como é o caso do Buggy (Jeff Ward) e nos homens-peixe.
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Buggy, o pirata palhaço |
Com isso, "One piece: a série" desafia a expectativa de todos e entrega uma obra que não tem vergonha de bater no peito e assumir suas raízes no mangá da Jump. Ao mesmo tempo que reinventa e expande a sua história base, é um prato cheio para novas pessoas interessadas na obra ou já antigos consumidores que buscam uma experiência inédita mas que ainda tenha o sabor que One Piece tem a oferecer.
VEREDITO: ★★★★
Vale a pena assistir? Muito. Se você for um novo espectador interessado, One Piece: a série se torna o ponto perfeito de partida para acompanhar e conhecer essa obra fantástica.
E como leitor antigo, é sempre bom revisitar o East Blue e rever o que nos fez amar One Piece, que junto da nova roupagem e elementos adicionais torna a experiência ainda mais agradável.
- Maian "Ham" Costa.
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