Bonde das Maravilhas | Review que Ninguém Pediu
Olá de novo! Sei que vocês provavelmente acabaram de ler a review de Loki (e se não, deviam), mas a Marvel decidiu lançar a finale da série e As Marvels no mesmo dia. tão ficamos sem muitas opções além de lançar dois Reviews (que ninguém pediu) quase juntas
Antes de mais nada, aviso que essa review NÃO tem SPOILERS, mas não vou me segurar em falar um pouco da trama para evidenciar meus pontos positivos ou negativos. Caso já esteja acostumado com minhas resenhas, sabe que eu recomendo lê-las depois de assistir ao filme. Caso não me conheça, prazer Tiago Sampaio (@tiago.samps).
Sem mais delongas, vamos ao que interessa:
Apesar do título, As Marvels é uma sequência para Capitã Marvel (2019) que, já adianto, é um filme que eu tenho apreço. Funciona adaptando uma personagem que eu gosto, de forma simples e sem forçar muitas conexões com o grandioso Universo Cinematográfico da Marvel de forma a "preparar terreno pro que vem a seguir". As conexões ali estão pra situar o filme em um ponto específico na linha do tempo de uma franquia já estabelecida, e isso basta.
O filme termina com Carol Danvers deixando sua família na Terra e voltando ao espaço pra enfrentar os Kree e As Marvels toma exatamente desse ponto. Na verdade, As Marvels acaba servindo de sequência direta para outras duas histórias além de Capitã Marvel: WandaVision e Ms. Marvel.
No final da série da Feiticeira Escarlate, Mônica Rambeau foi chamada pelo Nick Fury pra trabalhar com ele no espaço e a série da Ms. Marvel literalmente termina com a Kamala Khan e a Carol trocando repentinamente de lugar.
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Os poderes de Carol, Kamala e Mônica são entrelaçados, fazendo com que as personagens troquem de lugar toda vez que usam seus poderes simultaneamente. |
Em uma busca pessoal pela restauração de seu planeta, ao mesmo tempo que tenta destruir todos os planetas que Carol já chamou de lar (a famosa vingança) Dar-Benn é a vilã da trama e, também, a parte mais fraca dela, mesmo que Zawe Ashton seja ótima, é mais um caso de vilão mal aproveitado pela Marvel Studios.
A graça no filme não tá na motivação de Dar-Benn e muito menos no conflito contra ela, mas sim no crossover que acontece nele.
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Dar-Benn |
Toda a dinâmica entre Carol, Mônica e Kamala é incrível, começando pelo sistema de trocas e como as personagens reagem a isso, crescendo pra uma relação de amizade que só é tão boa quanto é por causa do carisma e química de Brie Larson, Teyonah Parris e Iman Vellani em cena.
Sim, carisma de Brie Larson. É muito importante lembrar que no primeiro filme Carol Danvers não sabia quem era e acompanhamos uma mulher que foi transformada em uma soldado sem história para o Império Kree. Aqui, ao redor de pessoas que ama, vimos a Capitã Marvel experimentar novas sensações, dando a oportunidade para Brie interpretar a heroína ao mesmo tempo que se diverte enquanto faz isso.
Sua relação com Mônica Rambeau, apesar de tratada como "tia e sobrinha", é quase maternal, mas eu senti falta de mais momentos que explorassem a ausência de Carol na vida da sua filha/sobrinha.
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Uma cena que muitos esperavam ser um confronto pessoal ou reconciliação final entre Mônica e Carol, que por alguma razão foi cortada do filme. |
Teyonah e Iman também se divertem em suas personagens, arrisco até dizer que Iman se diverte mais que as outras duas protagonistas. Ninguém está tão confortável no seu papel em todo o UCM quanto ela. Mesmo com as diferenças nas origens da personagem, Kamala Khan é a personagem desse universo que mais exala a energia das histórias originais dos quadrinhos.
Na verdade, esse filme como um todo exala uma energia de histórias em quadrinhos imensa. Nia Da Costa, a fantástica diretora desse filme, mostrou que sabia o que estava fazendo e provou um conhecimento absurdo do material que, definitivamente e sem falácias, serviu de inspiração pra essa que é uma genuína adaptação dos quadrinhos, não só no formato da história, mas nos visuais.
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Fãs apontam diversas semelhanças entre o filme de Nia Da Costa e os quadrinhos da Capitã Marvel. |
A fotografia é linda, bem colorida e fantasiosa. Para aqueles que são fiscais de CGI, os efeitos estão bem polidos e os poderes das três personagens tem estilos bem únicos e definidos.
Mesmo quando as Marvels não estão usando seus poderes (pra evitar alguma troca repentina), as lutas continuam uma maravilha (ba dum tss). As coreografias são boas (claro, nenhum nível Shang Chi, não é um filme de artes marciais) e a fotografia só realça a freneticidade de todos os combates.
Infelizmente "frenéticas" não são só as lutas do filme. O ritmo da trama já começa bem acelerado, mas podia ser bem mais lento em alguns momentos. Principalmente quando ela perde bastante tempo acompanhando um núcleo desnecessário com Nick Fury e os agentes da SABER.
Não me leve a mal, a Família Khan entrega momentos maravilhosos, mas confia em mim, não era necessário perder uns 20 minutos construindo um problema na nave do Fury que sequer tinha conexão com a ameaça principal do filme e está lá com o único objetivo de criar pretexto pra vender brinquedo de gatos.
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Goose |
Apesar de "diversão" ser exatamente o que define As Marvels, não é exatamente como eu definiria o terceiro ato.
O filme escalona de uma ameaça aos planetas que a Capitã Marvel chamava de lar para uma ameaça a todo o universo, forçando um contexto multiversal que definitivamente não precisava fazer parte do filme (tanto que nem fez parte da construção de nenhuma parte do enredo até o final). E pior, esse contexto multiversal só foi inserido no filme pra dar ao expectador um gostinho "do que vem a seguir". E se o primeiro filme me ganha por ser contido no seu próprio núcleo, essa sequência me perdeu no momento que deixou em segundo plano o real fim da trama (que envolve Carol e o planeta natal de Dar-Benn, Hala) pra ter um pretexto de que esse filme é "importante" dentro do grandioso Universo Cinematográfico da Marvel, coisa que nenhum filme (ou série) precisa ser. Nem vou entrar no mérito da cena final da Kamala, que devia ser a cena pós-créditos, e muito menos no mérito da real cena pós-créditos em si, que foi literalmente feita pra causar grito na sala de cinema e alvoroço na internet.
Perceberam que não falei muito sobre Mônica Rambeau? É porque é difícil falar sem entregar muito. O desenvolvimento que começou em WandaVision segue nesse filme e quase tem uma conclusão satisfatória, mas a gente vai ter que esperar... o que vem a seguir... pra finalmente ter a Mônica como a Fóton.
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Nos quadrinhos, Mônica Rambeau é a Vingadora conhecida como Fóton, mas também já foi conhecida como Espectro e, o que poucos sabem, foi a primeira mulher a assumir o título de Capitã Marvel. |
Apesar disso tudo, ainda saí do cinema entretido pela jornada das heroínas, mas devo dizer que isso provavelmente se deve ao segundo ato do filme, que ocorre no planeta de Aladna. Comédia, ação e, literalmente, um musical da Disney, no mesmo trecho do mesmo filme. Uma delícia! A não ser que você seja um ser triste e sem graça que odeia diversão e musicais, aí eu sinto muito por você...
A trilha sonora de Laura Karpman para o filme é muito, muito boa, com um tema épico para o novo teio de heroínas que, admito, senti falta de menções aos temas já estabelecidos para a Capitã e para a Miss Marvel. Chega a ser irônico, já que Laura fez questão de trazer temas antigos de volta pra acompanhar as variantes dos personagens em What If, mas a Marvel Studios nunca foi o melhor exemplo de continuidade musical mesmo.
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Melhor parte do filme para homens e mulheres de cultura |
Bom... tá na hora.
VEREDITO: ★★★½
Se você não gostou do primeiro filme, talvez também não vai gostar da aventura do Bonde das Maravilhas. Tudo depende da razão de você não ter gostado do filme. Criativamente falando, As Marvels é infinitamente superior à Capitã Marvel graças à Nia Da Costa, então se você estiver de coração aberto pra um filme divertido, é exatamente o que você vai receber.
– Tiago Sampaio.
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