Como a 2ª temporada de LOKI é superior à 1ª | Review que Ninguém Pediu
Oi! Sei que lançamos um artigo atrás do outro, mas além do fim da greve, a Marvel decidiu lançar As Marvels e o último episódio de Loki no mesmo dia e ficamos sem muitas opções. E eu tenho muita coisa pra falar sobre Loki pra deixar de fazer essa resenha.
Primeiramente, é importante saberem que esse que vos fala (prazer, Tiago Sampaio) detesta a primeira temporada dessa série (você saberia disso se ouvisse o nosso podcast), e eu tenho meu motivos.
Se você assistiu à Vingadores: Guerra Infinita, sabe que o Loki morreu logo no início do filme depois de provar que finalmente se redimiu. Na sequência Vingadores: Ultimato, durante a viagem no tempo em busca das Jóias do Infinito, Tony Stark acaba deixando o Loki de 2012 escapar com a jóia do espaço.
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O Loki "original" morreu em 2018 nas mãos de Thanos. |
Sabemos pelo filme que alterar o passado não altera o futuro, mas cria uma nova linha do tempo com eventos diferentes da principal. O que significa que o Loki não foi "salvo", na linha do tempo sagrada ele continua morto, e esse Loki fugitivo é uma "variante" dele.
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O Loki da série é um outro personagem tirado diretamente do final de 'Os Vingadores', em 2012. |
Parece óbvio, né? Mas muita gente não entendeu isso, e parece que os roteiristas também tiveram certa dificuldade de engolir isso produzindo a série do Deus da Mentira.
Logo no primeiro episódio, depois de ser capturado pela AVT, esse Loki de 2012, que não passou por nenhum estágio do processo de amadurecimento e redenção do Loki de Guerra Infinita, magicamente assume a personalidade do Loki de 2018 depois de assistir a um show de slides sobre uma vida que não viveu. E QUEM DERA ESSE FOSSE O ÚNICO PROBLEMA.
A série que devia explorar mais o Loki como personagem serviu só para apresentar o conceito de Multiverso que seria usado no Universo Cinematográfico da Marvel e usou o personagem título como um artifício pra isso, falhando completamente no modo de desenvolver o protagonista. O vilão narcisista em busca de um propósito glorioso que originalmente demorou anos pra aprender a não trair seu irmão, de repente, com discursos de personagens que acabou de conhecer, se torna um personagem altruísta. A ideia do desenvolvimento está lá e, com certeza, funcionaria em uma série mais longa e serializada, mas no fim é só algo corrido e mal feito.
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Loki Variante emocionado depois de assistir a um show de slides de uma vida que não viveu. |
A série também introduz Sylvie, uma variante do Loki que é perseguida desde a infância pela escolha de não ser mais Loki e ser quem ela deseja ser. A alegoria poderia ser linda se feita direito, mas não é.
Ironicamente, o episódio da primeira temporada que o público mais odeia é o que eu mais gosto: a season finale. A apresentação de Jonathan Majors como Aquele Que Permanece (e consequentemente do Kang, o Conquistador) foi didática, ameaçadora e bem feita, mesmo que em um monólogo longo expositivo, o que não vejo como problema visto que a primeira temporada inteira é composta por diálogos expositivos de péssimo gosto, que mesmo assim grande parte do público geral custou para entender.
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Aquele Que Permanece |
E dando a César o que é de César, a série sempre foi interessante visualmente e tem uma das melhores trilhas sonoras da Marvel Studios graças à Nathalie Holt. Ela montou o que eu considero uma das melhores trilhas sonoras do UCM, principalmente nesse último episódio com uma música que conclui magistralmente a jornada de toda a série.
Não vou citar o romance entre Sylvie e Loki porque eu escreveria um artigo inteiro sobre como isso é maluquice, plot desnecessário e mais um atraso nessa série que não se ajuda.
Ou não se ajudava, porque a 2ª temporada parece reconhecer todos esses defeitos! A série se mantém com foco na AVT, mas focando em um núcleo de personagens específicos, sem mais variantes e muito menos uma ameaça prometida adiada a cada episódio. O elenco representa essa melhora no dinamismo da série tendo muita liga junto, e nessa temporada isso fica em maior evidência.
A motivação do Loki, ainda que tenha sido repentina na primeira temporada, é bem mais plausível. O ponto é: continua a mesma série, mas nessa nova temporada tudo é feito com calma. Loki aprende as coisas gradativamente. A ameaça que precisa ser contida está presente desde o início, então entendemos exatamente o que está em jogo e a jornada pra encontrar uma solução, mesmo que cheia de falhas durante o percurso, segue em frente ao invés de dar em diversos becos sem saída.
Essa temporada não teve um momento dedicado à referências aos quadrinhos porque estava ocupada demais focando na sua própria trama, e isso por si só já é o suficiente porque construiu o Loki de forma surpreendentemente coerente em um personagem com um arco fechado, sem se segurar no desenvolvimento do Loki que morreu em Guerra Infinita.
Jonathan Majors se mostra um tremendo ator interpretando pela terceira vez uma nova versão do Kang. Victor Timely, que foi vendido nos trailers como uma ameaça, é mais um membro de apoio, mas Majors brilha mais uma vez como Aquele Que Permanece no último episódio, mostrando que foi uma boa escolha (em termos de performance) pra interpretar Kang, o Conquistador.
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Victor Timely |
De certa forma, a segunda temporada me trouxe qualidades da primeira temporada em evidência:
Sylvie, apesar de irritante, é uma personagem constante. A infantilidade e egoísmo dela são reconhecidas pela trama e por ela mesma, e fazendo entender que ela nunca foi uma personagem pra se tomar gosto, mas um artifício pra toda a trama.
O último episódio resgata e até refaz momentos da primeira temporada, principalmente da season finale, tocando nos dois pontos mais criticados quando o episódio foi lançado: o monólogo d'Aquele Que Permanece agora é um diálogo (muito bem escrito) entre ele e Loki e o "romance" entre o protagonista e a Sylvie, que já tinha sido descartado no decorrer dessa temporada (graças a Deus), é explicado como um apego emocional não narcisístico, mas de alguém que encontrou uma amiga, e esse é o ponto de toda a série.
Loki, negligenciado a sua vida inteira por Odin, finalmente entendeu que fez tudo o que fez pra ser visto e ter medo de estar sozinho e na AVT finalmente encontrou companhia e propósito. Essa nova temporada provou que um pouco mais de foco (ou um pouco mais de tempo) da primeira temporada em desenvolver o personagem-título descobrindo isso, evidenciando que essa versão do personagem veio do ponto mais alto da sua vilania, resultaria em uma série de qualidade constante desde o início.
O final da série estabelece que apenas Loki (e talvez só esse Loki) fosse capaz de amarrar as pontas do Multiverso, e também senti falta desse sentimento no decorrer da primeira temporada, que me fez sentir que se fosse uma série da AVT protagonizada pela variante de qualquer outro personagem, inclusive um totalmente original criado para a série (que é o que esse Loki foi pela maior parte da sua jornada), a série serviria ao seu propósito de apresentar os conceitos multiversais do UCM.
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A Linha do Tempo e suas ramificações na 1ª temporada |
Sabendo que a primeira temporada foi escrita pelo Michael Waldron (que também escreveu o desastre chamado Multiverso da Loucura) e que ele não teve nenhum envolvimento nesses novos episódios, imagino que eu deva agradecer a Eric Martin pelo pulo ABSURDO da qualidade que essa série teve repentinamente.
Admito que fui positivamente surpreendido por essa temporada, que foi uma das melhores produções de toda a Marvel Studios e provavelmente a melhor série feita para o Disney+ nessa empreitada que, já argumentei, não tem dado muito certo para o UCM.
Eric Martin deixou claro que uma 3ª temporada é "improvável", e que bom, porque a série deu um fim digno pra essa variante do Loki com um arco de redenção ainda melhor que o feito com o Loki original nos filmes.
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Loki, o Deus |
Agora, pro veredito, faremos diferente dessa vez e vamos por partes:
Primeira temporada: ★★
Apesar de funcionar retroativamente, a primeira temporada se perde na falta de foco no desenvolvimento do protagonista, trabalhando no lugar uma personagem e um romance que no fim não passava de um artifício coadjuvante.
Segunda temporada: ★★★★★
O resto da série, no entanto, funciona como um todo, dando finalmente uma razão para que o título seja Loki, funcionando tanto pra explicar o conceito do multiverso dentro do grandioso Universo Cinematográfico da Marvel, quanto de forma separada sendo, especialmente, uma série do Loki, sendo o que importa afinal.
Nota final: ★★★★
Uma série que é a soma dos visuais, trilhas e arcos mais bonitos do UCM, que demorou demais pra alcançar seu potencial mas quando o fez, fez sem deixar gosto de quero mais, amarrando toda e qualquer ponta possível, deixando de lado a mania da Marvel Studios de fazer tudo ser uma preparação para o que vem a seguir (mesmo que as coisas estabelecidas nesse final possam ser usadas novamente no futuro).
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O formato das novas Linhas do Tempo fazem referência à Yggdrasil, a árvore da vida da mitologia nórdica. |
– Tiago Sampaio.
MUITO BOM! MUITO BOM! >MUITO< bom! Tu falou td que eu pensei. A sylvie continua um porre mas o fato de terem largado esse enredo de romance tornou ela bem mais fácil de engolir. A série finalmente entendeu que a história é DO LOKI. E não do multiverso é com isso corrigiu até alguns erros q cometeram na construção do loki nos filmes antigos finalmente respeita do ele como um personagem muito poderoso no quesito de magia dentro do meu e não um imbecil q tenta matar uma ameaça a toda ordem do universo com 2 facas de pão (ainda n superei essa pau molice q fizeram em IW) eu n sabia q o cara de multiverso da loucura tinha trabalhado na s1 e OBRIGADA por essa informação pq faz sentido pra kct!!!! Enfim, vc falou tudo que eu tava pensando, fiquei um pouco em dúvida com a evolução dos poderes dele nessa s2 mas foi oque eu falei, na construção do loki durante td meu ele nunca é apresentado como alguém poderoso o suficiente pra fazer oque ele fez na final, mas a questão é que ele sempre foi e finalmente retrataram isso. Arrasou na review tigas
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