ECHO - Ecoando uma outra era da Marvel | Review Que Ninguém Pediu
2024 mal começou e o Universo Cinematográfico da Marvel já lançou a primeira série do ano: Eco chegou dia 9 de Janeiro (quase no dia 10, já que foi às 23h da noite) com todos os 5 episódios, sendo a primeira produção com classificação +16 da Marvel Studios.
A série conta a história de Maya Lopez, a vilã da série da série Gavião Arqueiro, sendo uma sequência direta desta. Aqui, Maya tenta desmantelar o império do Rei do Crime após, presumidamente tê-lo assassinado, ao mesmo tempo que descobre mais sobre sua família e o seu passado.
AVISANDO: essa resenha tem alguns SPOILERS da série, então prossiga por sua conta e risco.
A trama é bem diferente da história original da personagem nos quadrinhos, mas isso já vem desde a estreia da personagem em Gavião Arqueiro. No entanto, as mudanças aqui são bem próximas ao que a Marvel fez com Ms. Marvel, alterando um pouco a lore da personagem adicionando mais correlações com sua ancestralidade.
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Os Ecos ancestrais de Maya Lopez. (Arte promocional oficial da série) |
A história foca bastante nas origens nativo-americanas de Maya e usa do seu povo, os Choctaw, pra dar pra personagem novos poderes além das suas habilidades originais dos quadrinhos.
O que não necessariamente é um problema e tem funcionado também com Kamala Khan, mas faz com que a série transicione do escopo urbano para um lado mais místico. A transição é até que natural, se comparada com outras mudanças de ritmo repentinas no fim de séries e filmes da Marvel. No entanto, o lado místico é desnecessário e a história de ancestralidade e família poderia ser contada se mantendo com o pé no chão.
Enquanto escopo urbano a série está ótima. As coreografias de luta lembram as da época de Demolidor, inclusive com os mesmos erros de socos que claramente não atingem, mas não me incomodava na época da Netflix e não me incomoda agora. As lutas são maneiras, mas não vá esperando tanta ação.
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Maya versus Demolidor no episódio 1 da série. |
O ritmo da série é desacelerado e definitivamente não é pra todo mundo. Como a história é mais pessoal e intimista, a trama é um pouco mais lenta e foca na relação de Maya com sua família, com suas origens e com o Rei do Crime. Como a protagonista é surda, a maior parte da comunicação na série acontece em ASL (American Sign Language), o que também é um fator que desacelera o ritmo da série. Se não prestar atenção, definitivamente vai perder muita coisa, então não é uma série pra assistir com sono ou dividindo a atenção.
Algumas informações prévias ao lançamento da série afirmavam que um episódio da série foi cortado (o que já fazia sentido já que, pela primeira vez, uma série da Marvel Studios tem menos de 6 episódios) e isso é um pouco evidente, principalmente na construção do vilão. Wilson Fisk tem a mesma energia da época de Demolidor, mas não chega perto da presença que emanava. O Rei do Crime definitivamente poderia ter sido mais e melhor usado como um antagonista, principalmente se a intenção era apresentar ele como uma ameaça pra novos espectadores.
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Vincent D'onofrio como Wilson Fisk, o Rei do Crime |
Como a série diz para Maya: "Todas nós que viemos antes ecoamos dentro de você" e realmente, Eco ecoa a atmosfera das séries da Saga dos Defensores. No entanto, você NÃO precisa assistir Demolidor e Gavião Arqueiro pra entender Eco. O primeiro episódio da série tira um bom tempinho pra te contextualizar sobre os acontecimentos prévios dessa série com uma recapitulação da série de Clint Barton e Kate Bishop e com alguns diálogos entre Maya e Fisk que apresentam o personagem. A aparição do Demolidor, apesar de curta, serve perfeitamente pra estabelecer o lugar de Maya dentro desse "outro universo" que eram as séries da Netflix, e também serve como o contrário, contextualizando o próprio Demolidor dentro do UCM. Dito isso, a experiência da série tendo o contexto completo dessas duas outras séries provavelmente adiciona mais peso a Eco, até porque a estrutura mais intimista da série bebe bastante das séries solo da Saga dos Defensores e se distancia da necessidade do UCM de se conectar a tudo e qualquer coisa. Não atoa, a equipe de roteiristas da série é a mesma de Demolidor e Justiceiro.
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Demolidor (2015) e Gavião Arqueiro (2021) pavimentaram os caminhos de Eco, mas não são obrigatórias para o entendimento da série. |
A direção da série escolhe omitir alguns sons e diálogos pra colocar o espectador na experiência da própria Maya, e nessa brincadeira acaba omitindo também alguns temas que poderiam retornado na trilha sonora... Mas pelo menos a música e a sequência de abertura são maneiras.
Sobre o elenco, o destaque é a própria Alaqua Cox, que entra no clubinho da Iman Vellani de queridas que brilham nos seus primeiríssimos papéis. A atriz, que na real é uma fofa, entrega a carrancuda Maya Lopez e todo o sentimento que a personagem carrega, e o fato da atriz ser surda, amputada, latina e nativo-americana assim como a personagem é um ponto super positivo pro estúdio com um péssimo histórico de escalar atores que em nada se assemelham às origens de personagens não brancos.
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Alaqua Cox como Maya Lopez |
Vale a pena assistir? Sim, apesar de um ritmo calmo demais, é uma experiência curta que fala de uma cultura que, possivelmente, você não está muito familiarizado, e (pelo menos eu acho) é importante ter sempre essa troca. Pra quem gostava das séries da Marvel na Netflix, é uma forma de matar a saudade da atmosfera e ver rapidinho alguns rostos conhecidos, e pros fãs do UCM da Marvel Studios é, além de uma sequência para Gavião Arqueiro, uma preparação para o futuro do núcleo urbano desse universo (vide a cena pós créditos do 5° episódio) e um respiro pra cansativa fórmula passada de fazer séries da Marvel Studios.
VEREDITO: ★★★★
– Tiago Sampaio.
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