Devemos conter grandes expectativas? | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU

 Depois de muitos anos de espera, temos finalmente a primeira temporada completa de “Percy Jackson e Os Olimpianos”. Desde a decepção criada pelos antigos filmes, havia-se um grande sonho de uma nova adaptação, especialmente em formato de série, para que houvesse tempo hábil de contar com mais detalhes o que foi deixado de lado e com mais sensibilidade algumas características dos próprios personagens. A série, como um todo, fez um bom trabalho, mas há algumas escolhas técnicas e narrativas que deixaram a desejar aos fãs de muitos anos.

É claro que o público alvo final do Disney+ é aquele que possui, em média, a mesma faixa etária inicial dos personagens e esta geração realmente tem uma maneira diferente de consumir qualquer tipo de conteúdo. Ainda assim, o fandom de Percy Jackson cresce há quase 20 anos e acho justo que esses fãs mais velhos, que estão há anos amando esta história, tenham o direito e talvez a necessidade de cobrar o que seria a “adaptação perfeita”.

 Mas uma adaptação perfeita realmente existe? Considero particularmente que há sim livros que receberam adaptações tão fiéis quiçá até melhores do que o próprio material original como, por exemplo, "A Culpa é das Estrelas” e “Para Todos Os Garotos Que Já Amei”, respectivamente. No caso de Percy Jackson, creio que quem é fã precisa ter um pouco de paciência com essa temporada e a série como um todo. Esta primeira temporada está sim no caminho certo de uma boa adaptação. Primeiramente, é importante frisar que Rick Riordan, o próprio autor, que nem gosta de lembrar que os filmes sequer existiram, esteve muito envolvido com o roteiro e sempre demonstrou muita animação e esperança quanto a esta nova produção e o quanto a considera promissora. 

'Percy Jackson e o Ladrão de Raios' foi a primeira tentativa de adaptar 'Percy Jackson e os Olimpianos' em 2010, e destoa muito dos livros de Rick Riordan.

Quanto aos problemas visíveis da série, ela é desnecessariamente anticlimática. Tanto no timing de piadas que parecem desconjuntadas dentro do contexto e borrões entre cenas, a narrativa se compromete um pouco para o telespectador comprar 100% as relações interpessoais ali em certos momentos. Além de criar uma atmosfera para um clímax esperado para os leitores da saga que, na verdade, foram transformadas em uma quebra de expectativa que não era esperada nem por aqueles que já sabem toda a história.  

Não tinha ninguém melhor para serem escolhidos para o trio protagonista do que Walker Scobell, Leah Jeffries e Aryan Simhadri. Esses meninos são os próprios personagens e realmente captaram toda a essência que há nos livros e neles eu realmente vejo muito potencial e desejo muito sucesso por toda a carreira deles. Aryan realmente parece que foi transportado dos livros porque ele é completamente o Grover sem tirar nem pôr. Leah é a Annabeth que a gente precisava, indo muito além de um fenótipo. Ela traz toda a altivez e astúcia que estão no livro e são duas das características na personalidade da personagem e nisso prevejo futuramente um grande espaço de destaque que nos ajudará a entender a personagem como um todo desde suas vontades até seus anseios conforme a série for acontecendo caso se confirme oficialmente a segunda temporada e, espero eu, as seguintes que virão. Podemos dizer que Walker realmente leu os livros e isso é tão nítido em sua atuação. Esse garoto é gigante e é incrível como até em detalhes ele se atenta e é muito fácil de saber o que seu Percy está pensando só pelo seu olhar. Sinto que é necessário apenas um reajuste na direção para a sinergia entre elas ficar mais aparente, porque dá pra saber que ela já estava ali.

Da esquerda para a direita: Aryan, Walker, Leah e Rick Riordan.

É muito bom poder falar que finalmente vimos momentos que foram completamente cortados pela adaptação anterior e que sempre foram muitos queridos pelos fãs, como o famoso túnel do amor e o grande confronto com Ares, que são cenas que ajudam e muito a desenvolver para nós como os personagens reagem a situações de alerta além de que, principalmente aqui na série, pode ser uma semente narrativa para situações que ocorrerão no futuro, principalmente entre Percy e Anabeth, tanto por eles em si e eles como casal. Apesar de ambas as cenas terem passado por adaptações em adições ou subentendimentos, elas ainda assim funcionaram muito bem e foram bons momentos na história contada.

No fim, creio que a série acabou se equilibrando entre episódios absurdos de bons e outros que, talvez por grande expectativa, foram apenas medianos pelos anticlímax criados nessa escolha narrativa esquisita. É uma pena ainda assim que, por conta do formato, não temos em cem por cento do tempo os pensamentos do Percy explicitamente (juro, eu não me importaria se tivessem usado vez ou outra o recurso de quebra da quarta parede).

Percy vs. Ares

Dito isso, há três episódios que eu gostaria de destacar: os episódios 1, 4 e 8.

A série, como o trailer tinha muito bem mostrado, começa em narrativa com as frases iniciais quase idênticas à primeira página do livro. Definitivamente, foi uma ótima introdução apresentando quem é Percy Jackson e como coisas estranhas sempre aconteceram com ele “sem explicação”. Isso foi genial e reafirmou essas grande expectativas e nisso, o primeiro e segundo episódio passam voando em uma sensação de que passou rápido até demais. E realmente, nunca vi quarenta minutos parecerem quinze tão rápido assim! E isso não chega necessariamente a ser ruim e sim demonstra, no mínimo, um grande dinamismo que vai surgindo conforme os episódios foram crescendo, indo de rápido demais até algo mais condizente do que se é esperado durante este tempo. 

Preciso falar sobre o episódio 4. Este foi definitivamente o episódio mais emocionante da temporada e o que mais soube se usar de “cliffhanger” para o próximo episódio, o que não acabou se solidificando com a chegada do quinto. E por fim, assim como o início, o episódio 8 teve o trabalho de fechar a temporada e o fez muito bem, jogando alguns detalhes que serão aproveitados na próxima temporada, além de ter tidos momentos icônicos que conseguiram fazer certo jus ao livro.

"Para os Deuses..."

VEREDITO: ★★★⅕

É visível que a série tem muito potencial e os erros apontados pela maioria das telespectadores são fáceis de ajustar para que a série cresça e se desenvolva cada vez mais. E que venham mais temporadas por aí, com a melhor qualidade e coração possível!


– Luísa De Luca

Comentários

  1. Achei meio robótica a interação dos personagens principais, oq me surpreendeu já q fora das telas eles parecem se entrosar muito bem. Dito isso, q venha mais 7 temporadas.

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