GAROTOS DETETIVES MORTOS - O lado mais jovial do universo de Sandman
No final do mês de Abril, a Netflix lançou todos os episódios de Dead Boy Detectives, uma nova série spin-off de Sandman que adapta o universo de quadrinhos do consagrado autor Neil Gaiman.
Apesar de pouca divulgação e destaque nenhum em absolutamente todos os veículos da DC Comics, que é dona da Vertigo, o selo que publicou os quadrinhos originais, a série tem dado certo entre o público mais jovem da Netflix.
A produção é bem mais algo original do que uma adaptação fiel dos poucos quadrinhos da dupla Charles Rowland e Edwin Payne, mas leva a essência e um pouquinho da atmosfera do universo de Sandman de forma, digamos, traduzida para adolescentes e jovens adultos.
No grosso, a série é a mesma coisa: Edwin e Charles morreram na mesma escola em épocas diferentes e se juntaram pra resolver os mistérios não só das suas próprias mortes, mas de todos que foram abandonados e acobertados quando mortos, até conhecerem e ajudarem Crystal, uma menina médium possuída pelo ex-namorado demônio.
![]() |
Nos quadrinhos, Charles e Edwin são significativamente mais novos que na série. |
Originalmente a série não era produzida pela Netflix, mas sim pela então atual MAX e seria um spin-off de Patrulha do Destino, onde os personagens foram adaptados pela primeira vez. Na onda de cancelamentos de projetos da DC no MAX, a série dos Garotos Detetives Mortos foi cancelada junto, mas a Netflix, que já estava com Sandman nas mãos e vendo o potencial do Universo de Neil Gaiman, tomou a produção da série pra si e a transformou em seu próprio spin-off.
![]() |
Charles e Edwin no episódio 3 da terceira temporada de 'Patrulha do Destino', interpretados por Sebastian Croft e Ty Tennant, respectivamente. |
Por sinal, que funciona muito bem sozinho, porque você não precisa assistir à Sandman pra qualquer contexto. Apesar de um rosto ou algum conceito tirado de lá, é tudo muito bem explicado e eu diria que essa série é um ponto de entrada até melhor e mais simples. Ao invés de filosofia e mitologia através do tempo, essa série é mais intimista, com uma pitada maior de romance bem do jeitinho que o público gosta.
Não é exatamente o meu tipo de série, mas eu gostei. Ela tem mais de um conflito principal que por muitas vezes se arrastam pra desenvolver lentamente todas as relações entre os personagens, ou porque são tantas que elas acabam se esbarrando uma na outra sem contar os casos avulsos que os meninos resolvem no decorrer da série mas, pelo menos, os casos e os personagens são legais.
O trio principal é interpretado por George Rexstrew (Edwin), Jayden Revri (Charles) e Kassius Nelson (Crystal), e eles lidam com amor não correspondido, ex tóxicos, homofobia, às vezes o próprio passado terrível e devem aprender a viver, mesmo depois da morte – literal ou não.
Garotos Detetives Mortos não se leva tão a sério quanto Sandman, e isso é perceptível em todas as sequências de "ação" que tentam bem mais te divertir (ou se resolver rápido) do que ser um grande momento. Quanto a parte "Detetive" do título, pense nessa dinâmica como os irmãos Winchester, porém mais novos e gays. Resumindo: Supernatural pra Geração Z.
É uma diversão que talvez se estenda um pouco mais do que deveria (a série tem 7 episódios de quase 1 hora de duração cada), mas que definitivamente tem potencial pra rolar por mais algumas temporadas. Principalmente considerando a mania da Netflix de estender toda e qualquer série pelo tempo que ela estiver fazendo sucesso, até não fazer mais tanto... mas isso é assunto pra outro artigo!
VEREDITO: ★★★★
Garotos Detetives Mortos é uma abordagem mais leve e jovial do universo de Sandman, que pode conversar bem mais fácil com o público do que a série original.
Vale a pena assistir? Pra quem se interessa por aventuras sobrenaturais entrelaçadas com histórias de amor adolescente, vale muito!
– Tiago Sampaio
Comentários
Postar um comentário