De volta ao Planeta dos Macacos! REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU
Falar de Planeta dos Macacos é sempre engraçado. De qual estamos falando? Da saga original de 1968? Do filme isolado de 2001 que todo mundo finge que não existe? Ou da trilogia do Caesar que, mesmo que todo mundo adore, ninguém sabe se é uma prequel ou um reboot? Seja qual for a resposta, no fim falamos de uma franquia controversa (que muita gente têm preconceito, inclusive eu tive por muito tempo) mas que é histórica pro cinema, então naturalmente é nossa obrigação falar sobre o novo filme que chegou aos cinemas dia 9 de maio.
Planeta dos Macacos: O Reinado é, ao mesmo tempo que uma continuação para a saga do Caesar, algo completamente novo. O filme segue alguns bons anos depois do fim de A Guerra (2018) e acompanhamos Noa (Owen Teague) em uma jornada em busca da liberdade do seu povo, que foi sequestrado por um rei tirano que se diz o "próximo César" (Kevin Durand).
A trama é bem simples, mas serve pra apresentar núcleos novos para a franquia: o clã da águia (o povo de Noa); a forma que os ideais de Cesar se disseminaram (ou dissiparam) com o passar dos anos e com a expansão dos macacos; e um novo drama em torno dos humanos.
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O Clã da Águia é uma tribo de macacos que tem o vínculo com aves como parte vital de sua sociedade. |
É um pouco inevitável comparar esse filme com os que vieram antes, principalmente os dois excelentes de Matt Reeves, mas esse está bem mais próximo de A Origem (2011) de Rupert Wyatt. Ainda não tem tempo o suficiente pra se conectar com os personagens e sentir qualquer medo de perdê-los como era com Caesar, Maurice e cia. O clímax do filme sequer chega perto da empolgação que Reeves nos deixava, mas o filme funciona perfeitamente como o início de uma nova saga dentro de um mundo já estabelecido.
O legado de Caesar mais do que nunca espelha o de Jesus Cristo, como se já não houvessem coincidências bíblicas o suficiente nos filmes anteriores (vide Moisés morrendo assim que avista a Terra prometida do seu povo ao horizonte) e, assim como no filme de 1968, a mensagem que alerta sobre discursos religiosos é muito forte. Proximus Caesar se proclama um novo messias para os macacos e planeja usar dos conhecimentos militares do antigo mundo humano para dominar todas as tribos ao redor do mundo, e faz isso em nome de Caesar enquanto distorce todos as leis idealizadas por ele: Macaco não mata macaco; Macacos juntos mais fortes. Apesar da proposta legal de falso messias, é bem difícil dizer que ele se compare a Koba ou O Coronel.
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Proximus Caesar |
É um sentimento de retrocesso porque apesar da grandiosidade desse filme – tanto na duração de 2 horas e 25 minutos, quanto em toda a sua produção – o ritmo introdutório pode ser um incômodo. O início do filme é sólido, mas conforme a jornada de Noa avança, ou mesmo quando ele chega em seu destino, é difícil saber o caminho que o filme vai seguir. Não é uma imprevisibilidade de "mistério", é de falta de esclarecimento.
Os "o que" e "como" só são respondidos de forma mínima no final do filme, servindo de gancho pra um próximo e, da mesma forma que o filme de 2011, é uma longa preparação de terreno.
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As intenções de Mae (Freya Allan) são nebulosas durante todo o filme, mas deixam a pulga na orelha sobre o papel da humanidade dentro dessa nova jornada. |
Quanto a troca de direção, Wes Ball não fica pra trás! O filme é tão lindo quanto os outros e a mistura de cenários reais com personagens feitos com captura de movimentos continua sendo uma das melhores em Hollywood, apesar de eu ter achado os macacos nesse um pouco menos detalhados do que no filme anterior, mas posso estar "catando pelo em ovo". Só achei difícil de reconhecer alguns deles em alguns momentos e torcia pra que chamassem os personagens pelo nome pra ter algum tipo de norte. Mas Ball tem experiência em filmes de ficção científica e também é artista visual, o que me passa confiança pra visão dele desse mundo pós apocalípticos dominado por macacos (não primatas).
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Noa encara além do "vale". |
Na trilha sonora, John Paesano substitui Michael Giacchino sem tentar apagar o padrão da trilogia anterior, tanto na qualidade quanto na forma de referenciar a trilha da saga original (1968 - 1973).
No fim, é um filme muito lindo (visualmente) que expande o mundo desse soft-reboot da franquia Planeta dos Macacos pavimentando o caminho para uma nova saga em cima do legado de Caesar, ao mesmo tempo que alude de formas muito sutis aos filmes clássicos, de forma que só quem assistiu (e tem boa memória) pode fazer as ligações.
VEREDITO: ★★★½
Planeta dos Macacos: O Reinado é um sucessor digno da franquia, sendo o início sólido de mais uma trilogia que tem tudo pra ser mais um blockbuster gigante pelos olhos de Wes Ball, se resolver as pontas soltas deixadas em si.
Vale a pena assistir? Sendo fã da franquia ou não, é um filme divertido, apesar de ser mais longo do que precisa. Funciona como introdução, mas a experiência é certamente mais completa tendo o contexto da trilogia de Caesar.
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