Star Wars: The Bad Batch - Um lote ruim? | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU
Em 2019, quando foi anunciado que Star Wars: The Clone Wars retornaria para uma nova temporada, muitos questionaram o porque do arco dos Mal Feitos estar na seleção ao invés de arcos mais importantes. Logo a dúvida foi sanada com o anúncio em 2020 da série spin-off dos Mal Feitos, acompanhando o grupo enquanto a série explora este período de transição da República para o Império.
A série seria desenvolvida por Jennifer Corbett e seria supervisionada por Brad Rau, com Dave Filoni tomando o assento do carona, somente como produtor executivo, sem ter muita influência na série, ainda mantendo a arte estabelecida em Clone Wars e a melhorando. Assim, em 2021, o primeiro episódio foi lançado, intitulado "Depois do Fim", e o que vem depois é história...
Desde de seu início, a série já tem uma proposta muito diferente de Clone Wars, ao ser menos antológica, seguindo um grupo específico de personagens, mas ainda mantendo o tom episódico. Uma mistura de Rebels e Clone Wars, porém, ao contrário de Rebels, os Mal Feitos não tinham personalidades muito densas, e alguns deles ainda não tem até o fim da série. Os personagens de destaque são Crosshair, Hunter e Ômega, que é a personagem principal da série.
Como Ahsoka e Ezra antes dela, a Ômega cresce e se desenvolve no decorrer da série, aprendendo com seus irmãos e com as situações em que eles se encontram. Ela é o coração da série e vê-la crescer é um de seus pontos altos, algo que acontece naturalmente e de forma muito bem feita, sua relação com seus irmãos é realista e aquece o coração, apesar da quantidade de interações não ser igual com todos.
Crosshair parece ser o personagem que os roteiristas querem realmente escrever. Os episódios focados nele são os mais bem avaliados entre fãs e até os mais críticos da série. Seu conflito interno sobre onde depositar sua lealdade é transpassada pela animação, atuação e música de forma magistral, e sua "desprogramação" por assim dizer, é catártica e muda o rumo da série completamente.
Hunter se vê como responsável por Ômega e não consegue parar de fazer promessas que não pode cumprir. A maior parte do seu desenvolvimento ocorre na 1ª temporada, onde ele e o grupo tem que se adequar à mudança de tempos e a ter uma criança em seu convívio. Seu foco em manter o grupo seguro é um constante conflito na série, principalmente com Echo, cujo papel é ser a conexão com os Mal Feitos e a luta maior dos clones contra o Império.
Muito se perguntava sobre o que aconteceu com os clones, e a série toca diversas vezes no assunto, geralmente em mini arcos, mas os Mal Feitos não se mantém nessa luta e então a única coisa que é mostrada sobre essa história fascinante são vislumbres, isso não quer dizer que esses vislumbres não são grandes acontecimentos pra essa história, porque são, e mudam o jogo completamente, sendo peças extremamente importantes para a história maior que repercute até o ponto mais distante do cânone até então.
A natureza episódica da série e sua implicância em se manter em um horário de 20 minutos gera uma leve frustração ao que poderia ser abordado ou feito em vários episódios, mais especificamente nesta última temporada, que apesar do final ter sido ótimo, teve um longo caminho tortuoso com histórias que poderiam ter sido encurtadas e ido de uma forma mais direta. Digo isso pois, mesmo os episódios mais "side-quests" das duas primeiras temporadas ainda revelavam e desenvolviam personagens, mesmo "nada acontecendo" ainda era como uma conversa boa com um amigo num passeio.
E essa natureza de passar um tempo com os Mal Feitos foi o que mais me conectou aos personagens e me fez importar com eles, não é algo que funciona pra todo mundo. Cada um tem sua forma preferida de desenvolvimento mas, o que é uma certeza, reassistindo as duas primeiras temporadas, é que Bad Batch sabe o que é e onde estava indo, evidenciado no episódio final, terminando a missão que os Mal Feitos queriam desde o início. Se você consegue se conectar à série, ela não vai largar sua mão, na maior parte do tempo.
Em aspectos técnicos, já falei sobre a trilha sonora da primeira temporada no Trilhando as Trilhas e ela se mantém na mesma qualidade, a arte e animação melhoram ainda mais do que se achava possível na 7ª temporada de Clone Wars, chegando a paisagens extremamente lindas e cenas de ação de tirar o fôlego. A dublagem mantém Ricardo Schnetzer como a voz dos Clones e Duda Chantre entra como Ômega, alguns personagens tem seus dubladores trocados, mas no final, a dublagem mantém o padrão de qualidade estabelecido desde de sempre, e continua sendo estupendo o trabalho de Schnetzer.
Bad Batch continua a tradição de animações em Star Wars de confirmar que essa é a melhor forma de contar histórias no universo. O que eles conseguiram fazer nessa série pode não ter agradado alguns, mas é inegável como foi bem feita. Para os que gostam de saber a importância de algo pro cânone para assistir, é extremamente necessário. Algumas de suas forças podem ser consideradas defeitos, e existem falhas no caminho, mas a série consegue chegar ao fim de sua caminhada vitoriosa, com personagens que vão viver mais um dia na mente dos fãs, e nos corações também...
...livres para ser o que quiserem.
VEREDITO: ★★★★
A série fica muito perto de ser perfeita, mas a escolha da abordagem de alguns episódios e a falta de desenvolvimento igual para os membros da equipe a deixam um pouco frustrante. Porém, a qualidade da história e o carisma dos personagens é a cola da série e ela mantém a qualidade por todas as suas 3 temporadas, terminando à sua própria maneira.
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