Divertida Mente 2: Dores do Crescimento | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU
Sequências da Pixar são um assunto delicado (sequências no geral são). Na pior das hipóteses, os personagens sofrem uma regressão ou a história do filme anterior se repete. Na melhor das hipóteses, o filme pega o que funcionou e expande, além de trazer novas tramas e desafios. E Divertida Mente 2 é um pouco dos dois.
1 ano depois do último filme, Riley está agora com 13 anos, e seu alarme da puberdade foi ativado, trazendo consigo um caos em sua mente que suas antigas emoções (Alegria, Tristeza, Medo, Nojinho e Raiva) tem que lidar. Mas com a adolescência, vêm as complicações, aqui na forma das novas emoções Ansiedade, Inveja, Vergonha e Tédio/Deprê.
Além do crescimento de emoções o filme expande a mente de Riley ao inserir o espaço das Convicções, onde memórias se unem em fios criando um senso de si. E o grande conflito da Riley no filme é o constante abalo dessas convicções ao ansiar pela aceitação de um novo grupo de amigas.
A nova dinâmica dentro da cabeça da Riley que advém desse conflito é o de mais interessante no filme, e ele faz um ótimo trabalho em exemplificar e traduzir os sentimentos e ações abstratas, assim como o primeiro filme o fez. Porém, das novas emoções, somente a Ansiedade tem um destaque real.
A Inveja, por exemplo, faz pouquíssima diferença na trama, mas o aprofundamento da relação da Alegria com as outras emoções originais e as conexões entre algumas das novas com as originais (como Medo-Ansiedade, Tristeza-Vergonha) compensa essa falta de desenvolvimento da maioria dos novos personagens.
No quesito técnico, surpreende a constante evolução da Pixar, que em 9 anos consegue fazer o filme anterior parecer um pouco datado em comparação. Na dublagem, os star talents retornam da trupe original, e novos chegam como Tatá Werneck e Eli Ferreira, e acompanhados deles, Gaby Milani e Fernando Mendonça. Por algum motivo, nessa duologia os star talents funcionam muito bem, porém, a quantidade de jargões e frases da internet na adaptação chegaram a um nível de distrair e tirar do filme.
Na trilha sonora, vai-se Michael Giacchino, mas não seus temas. Dessa vez a responsável foi Andrea Datzman, que já fez uma sequência envolvendo os temas de Giacchino em A Vida de Doug (e também casada com ele), nesse filme a linguagem musical esperada se mantém, mas Andrea também acrescenta sua própria. O melhor de dois mundos.
Há algumas batidas e momentos que lembram o original de uma forma desconfortavelmente similar, porém o filme consegue se livrar dessa comparação por sua inovação e expansão, sendo uma continuação natural do primeiro filme, mesmo não chegando aos mesmos altos dele.
Se a mensagem de DivertidaMente é de que ninguém deve ser forçar a ser alegre o tempo todo, Divertida Mente 2 reforça que ela ainda é de suma importância e deve ter seu lugar, como todas as outras, até mesmo as consideradas ruins, pois elas formam quem somos, todas elas.
VEREDITO: ★★★★½
Como a Disney minou os filmes da Pixar até Elementos, colocando tudo no Disney+ direto, já seria recomendado dar o apoio a Divertida Mente no cinema, mas pra melhorar, o filme é bom e lindo demais de ser ver na telona.
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