ROBÔ SELVAGEM: Lindo, mas desembestado | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU
Só pelo trailer, eu (prazer, Samps) já fiquei muito interessado por essa história que, em poucos minutos, já demonstra uma grande carga emocional, além de um estilo artístico muito lindo. Tudo que tem no trailer está no filme, felizmente, mas a versão final tem um único defeito muito notável pra qualquer um envolvido na história. Embora a história realmente seja envolvente, com uma ótima representação de maternidade, “família encontrada” (o famoso conceito de found family que tanto vemos no audiovisual mundial) e com uma mensagem sobre união e não segregação de forma bem didática para crianças, o mundo desse filme é tão rico de personagens, suas personalidades e na quantidade deles e de seus detalhes, que seu desenvolvimento é corrido desde o início. Construções e rupturas de relacionamentos que precisariam de mais tempo para serem devidamente trabalhadas, embora funcionem, deixam um gosto de quero mais no longa que contempla 1 hora e 41 minutos.
Para toda vez que eu achava que o filme estava correndo, ele me compensava com uma cena visualmente linda a ponto de eu bater no chão aqui para afirmar que esse é um dos filmes de animação mais lindos que eu já vi. Diferentemente de filmes anteriores da Dreamworks, como Kung Fu Panda 4, que flerta com algo criativo sem se comprometer a isso de verdade, ou Ruby Marinho: Monstro Adolescente, que é só um show de estímulos para o cérebro infantil, Robô Selvagem tem uma personalidade muito única e, eu diria, madura — em relação à natureza — e fantástica — quando cai na ficção científica futurista. Não é como Gato de Botas 2, nem Aranhaverso, nem Arcane ou nem como nenhuma dessas animações que tem feito sucesso hoje em dia, mas também, foge do padrão das animações 3D por suas cores e sombreamentos que compõem cenas sem muita incongruência e mais harmonia. Sacrifica o estímulo cerebral infantil, mas entrega uma qualidade cinematográfica que faz valer a pena o dinheiro do ingresso (que até a semana que vem, dia 18 de setembro, tá só R$12,00 em todo território nacional em função da nova Semana do Cinema).
Questiono se o ritmo mais acelerado da trama não veio como uma exigência do estúdio ao receberem um produto visualmente menos estimulante, com piadas bem menos infantis, mais sutis e equilibradas em prol de agradar o público alvo, os pais e os marmanjos fãs de animações (autocrítica).
É bem difícil prever como crianças, que tem gostos completamente distintos, vão reagir a esse filme tão mais artístico do que entretente, mas qualquer apreciador de cinema, animações e arte amará o que foi entregue aqui, apesar de seu (talvez único) defeito.
VEREDITO: ★★★★
É difícil falar de filme bom, principalmente logo depois que a gente assiste, sem querer discorrer sobre. Então para evitar spoilers, manterei essa review (que realmente ninguém pediu dessa vez) apenas como uma recomendação para quem gosta de arte animada, de preferência no cinema, onde todo esse espetáculo visual pode ser apreciado da forma que deve ser.
Texto por: Tiago Samps
Revisão de: Luisa De Luca, Clara Silvestre e Emilly Lois
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