Trilhando as Trilhas | Episódio IV: Divertida Mente
Trilhando as Trilhas
Episódio IV:
Divertida Mente
"Pera aí, não existe um episódio de Arrowverso que ainda não foi terminado?" Xiu, vamo deixar o Arrowverso para lá por enquanto... Não surpreendendo muitos (já que dos meus últimos 5 textos, 3 foram sobre esse filme), eu (Prazer, Gabriel) quis falar da trilha de Divertida Mente 2.
Agora, você já pode ter ouvido que tenho um problema com Michael Giacchino, mas deixa eu explicar essa história direito. Por volta de 2015, o homem não parava: era blockbuster atrás de outro, e foi mais ou menos nessa época que o estilo dele foi se simplificando e o miolo das trilhas cada vez menos inspirado. O Micheal de hoje não é o Giacchino de Os Incríveis, e acredito que é por conta dele ter se esticado demais nos últimos anos (e lá vai ele fazer mais um filme da Marvel...).
De qualquer maneira, ainda gosto de sua música, na maior parte do tempo. Vocês não devem lembrar do tema de Lightyear, mas eu lembro por nós, apesar de nunca ter tocado na trilha, além de Mission Perpetual. E foi nessa era simplificada dele que veio a trilha de Divertida Mente. Ela funciona, o que é uma maravilha para o filme, mas, no álbum, a "meiuca" fica um pouco irritante, e não tem variação suficiente para o tema da Alegria não ficar repetitivo. E é um tema ótimo, mas usado do mesmo jeito muitas vezes seguidas.
Mas, temos logo no início o tema da Alegria e em 5:40 o tema da Riley.
Não se pode negar que é uma trilha chiclete, que tem seu grau de icônica. O que despertou um certo nível de preocupação quando foi anunciado que ele não retornaria para a sequência, e quem ficaria a frente da trilha seria Andrea Datzman. Porém, não compartilhei de tal preocupação, porque fui um dos poucos a assistir "A Vida de Dug", onde não só Andrea (e Curtis Green) expandiram o motivo do Dug e reutilizaram qualquer tema pertinente de Up, como também criaram alguns novos temas.
E no curta O Encontro de Carl, temos uma mescla do tema de Ellie do filme e do tema original para Carl e Dug.
Então, não foi uma surpresa quando Outside Intro começa com o tema da Alegria com um arranjo um pouco diferente já mostrando para o que veio (engraçado também que no primeiro filme essa mesma música cobria os logos da Disney e Pixar, e dessa vez só cobriu a da Disney). Mas se esses 50 segundos davam um ar de familiaridade, a guitarra inicia Go Team! e a bateria entra já introduzindo o novo tema da Riley e o jogo Hockey (que é mais a instrumentalização rockeira, mas tem uma ideia ali no meio), com a cereja do bolo: o tema da Alegria na guitarra, que põe um sorriso no rosto de qualquer um. A breve aparição das primeiras 7 notas do novo tema da Riley dominam o resto da faixa, mas em outros momentos do filme ele retorna e aparece direito...
Mudamos o rumo em The Life of Riley com um arranjo que tem direito a: palmas e sopro no tema da Alegria, trocado pela bateria, e o tema da Riley –do Giacchino– só que de maneira bem passageira. E a partir de 1:05, temos o novo tema da Riley da forma completa, ainda no piano, porém mais complexo, podendo ser dividido em A e B. O "A" vai para as cordas, com o piano servindo de acompanhamento. E quando as cordas terminam com o A, o "B" entra no piano, voltando ao A para terminar. A trilha Thread The Needle faz um retorno a Go Team! brevemente.
Em Riley Protection System, somos apresentados ao tema das memórias reprimidas (0:40), um motivo feliz, feliz até demais. Ele também tem uma ideia A e uma ideia B. É nessa faixa que temos a única menção ao tema da Tristeza no álbum (1:47) do Giacchino. Vozes iniciam Creating a Sense of Self e então o novo tema da Riley volta no piano. O "Senso de Si" compartilha o tema com ela (e faz sentido, pois fazem questão de falar que é ele que faz a Riley quem ela é). Além disso, o tema Demo Day é só uma bagunça divertida, com o retorno da guitarra e bateria.
Giacchino não criou temas para a Nojinho, Raiva e Medo e Datzman também não o faz. Porém, aqui em Ride and Prejudice (ha), depois de um arranjo um tanto grandioso para o tema da Riley temos uma ideia investigativa para a cena da "Nojinho analista de reações", que funciona muito bem: cordas rápidas e um piano repetitivo, lembra um pouco M:I de Lorne Balfe. Enfim chegamos a Anxious to Meet You (haha), Como descrevo o tema da ansiedade?... turuturuturuturuturuturuturuturuturu tuuuuruuuuuuuuuuum.
Em violino, é provavelmente o tema que mais define uma emoção, mas não para por aí. Em 0:51 temos o motivo da Inveja, um piano rodando em círculos e as cordas em pizzicato, um tanto hipnotizantes. E bem rapidinho, os metais vêm mais com uma instrumentação para a Vergonha, já veio já foi. No minuto 1:44 apresenta o tema da Deprê, e seu instrumento é um baixo. E tem uma ideia de 5 notas que encerra a faixa que representam as emoções. A Ansiedade domina Seeking Val-idation (HA!), e em 1:15, no estilo caixinha de som, a Nostalgia dá seu ar da graça.
Esses instrumentos definidos fazem o trabalho pesado em Sending Out an S.o.S. Só de ouvirmos dá para entender quem está fazendo o que, e o que está acontecendo. E uma coisa é certa: a Ansiedade domina, com os metais da Vergonha, o rock do Hockey (ah, acho que entendi) e o piano hipnotizante da Inveja surgindo. Bloofy & Co. apresenta ainda mais motivos— primeiro do tal Bloofy e sua pochete, em um sintetizador clássico de desenho de criança, trazendo um motivo dramático com direito a vocal solo para o Personagem de videogame em 0:20 e logo em seguida os metais graves para o Segredo Sombrio. A faixa segue brincando com todos esses motivos diferentes, terminando com uma variação da ideia de Demo Day.
Não satisfeita, Datzman cria um motivo de fuga (não "em fuga") que começa Flight for Fighting: em 0:40 há o retorno do tema das memórias reprimidas com um interlúdio rápido do motivo das emoções e do tema da Riley entre a parte A e B. A faixa não para e volta ao motivo de fuga, indo direto para o tema da Ansiedade, que intercala com o da Riley no arranjo Rockey (ba-dum-tss...). O domínio dela se mantém em Fawn of a New Day, que inicia com os violinos tocando as notas repetidas de uma forma mais parada enquanto o piano fica com uma nova ideia.
Um tema do primeiro filme que eu acho que é compartilhado com o Bing Bong é o da Terra da Imaginação (acho que faz sentido), e ele retorna aqui em... Return to Imagination Land (não sei o que esperava). De cara, ele permanece igual ao primeiro filme, mas aí a guitarra e bateria entram e ficam no tema, depois os dois arranjos se mesclam até melarem. To Project and Disserve (o melhor nome, sem sombra de dúvidas) retorna o tema da Ansiedade, com uma batida militarística no canto. Mas aí, uma variação do tema da Alegria entra no piano em 1:00 e as cordas da Ansiedade voltam junto com os metais da Vergonha que intercalam. Em 1:55, o tema da Alegria entra nos metais de forma crescente e revolucionária, o tema da Riley junto nos trompetes, culminando em uma festa na orquestra.
Eu disse que a mulher não para: um novo motivo para o Toró de Ideias (ou Brainstorm, mas voto para a total implementação da tradução) em What's The Big Idea?. Esse motivo sai dos metais para as cordas da Ansiedade, com o tema dela brotando de vez em quando; no final os dois temas se servem de contra-ponto. Red Hairing (tá, essa foi boa também), retorna ao Rockey com o tema da Ansiedade aparecendo ao invés do da Alegria. Recovering a Sense of Self começa com o motivo de fuga e os metais graves pegam o tema das memórias reprimidas. O sopro vem com a parte B, as cordas da Ansiedade ficando cada vez mais nervosas, e a orquestra volta às memórias. Em 0:52 o tema A da Riley começa na harpa, ele não está completando, e as cordas da Ansiedade se metem no meio, essa variação continua enquanto a orquestra cria a atmosfera desesperada, até terminar sombria.
Como na cena extremamente similar do primeiro filme, aqui em Joyless (como em Tears of Joy antes dela), o tema da Riley está sozinho no piano, um pouco mais lento, as cordas entram junto pra acompanhar e pra subirem quando a última nota do piano tocar de forma fortíssima, é de arrepiar. The Puck Drops Here nos leva mais uma vez ao Rockey, com uma variação do motivo de fuga intercalando uma vez, as cordas da Ansiedade acompanham por um segundo e os metais retornam as memórias reprimidas como foi em Recovering a Sense of Self, com uma breve menção ao motivo das emoções em 1:32. Então, os metais pegam o tema das memórias e o transformam em uma ameaça.
O violino da Ansiedade fica travado em repetição e a orquestra gira em torno dele em A Mind at Freeze, crescendo e diminuindo. O clima tenso continua em Growing Up Is Hard To Do, com a orquestra fornecendo somente atmosfera, as cordas segurando as notas, a variação na harpa entra e a sinfônica começa a se juntar em tempos diferentes, formando uma bagunça organizada crescente, que leva às cordas novamente. O tema da Riley no piano retorna, mais lento, as cordas agora fornecendo um acompanhamento mais tranquilo, e em 1:58 começa uma repetição calma que continua até 3:10— quando o piano retorna com uma desconstrução do tema da Riley.
Glide and Joy continua de onde parou: com o piano repetindo uma ideia, as cordas entram e o tema da Alegria vem no piano, cordas se juntando ao tema, o tema A da Riley. E, chegando no final, o piano faz a transição entre temas com o piano indo para o B e terminando com a Alegria.
A felicidade voltou. Every Messy, Beautiful Part of Her retoma ao tom da 3ª faixa, com direito a violão e piano, e as cordas da Ansiedade não estão mais tão nervosas. As palmas e bateria retornam, e a caixinha de som da Nostalgia entra saltitante, o motivo da Vergonha agora em pizzicato e depois de volta aos metais. O piano com o tema da Riley com o violão de acompanhamento, terminando só com o piano. E continuando com o tema, dessa vez numa mistura do Rockey com o tom da faixa anterior, para finalizar em Inside Outro.
Não tenho certeza se Done Track Mind é uma nova gravação ou uma edição de várias faixas preexistentes. Acho que a parte dos 5:00 até a reprise de The Life of Riley pode ser uma variação de alguma faixa, que definitivamente não está no álbum. Tirando algumas decisões interessantes (por que o motivo do Toró tem tanto destaque?) é uma melhor representação da trilha do que a que o Michael Giacchino fez do zero.
Há uma coisa que deve ser comentada: o quão crocante a mixagem dessa trilha é. É tão limpinha, dá para ouvir tudinho com tanta clareza. Ela receberá um trato icônico como a do 1º filme? Acho que não, mas espero que ao menos, ao terminar esse post, você perceba que a Andrea Datzman não tava para brincadeira nesse filme. Até agora ela estava na parte técnica das trilhas do Giacchino, e aí foi para projetos associados a ele. Mas, para esse que vos fala, ela tem aquele brilho que o homem perdeu, e espero que daqui saia uma carreira muito boa.
Mais um Trilhando as Trilhas concluído, eu queria muito fazer um sobre Star Wars Jedi, mas veja bem, não tenho condições de comprar Survivor para extrair a trilha do jogo e ver o que não foi para o álbum (tenho as partituras da trilha inteira, mas do que adianta se não sei ler e nem pagar uma orquestra...), então até lá, vamos ver qual trilha a vida me dará....
Texto por: Gabriel Bezerra
Revisão por: Clara Silvestre e Emilly Lois
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