Astronauta: Indo Audaciosamente | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU
É um ótimo ano pra ser brasileiro (se você só olha para nossa arte e cinema). Filmes renomados, filmes animados, séries para streamings, e uma série animada baseada em um dos personagens de Maurício de Sousa.
Passando por um desenvolvimento conturbado, finalmente a série do Astronauta nos agracia. Produzida pela Mauricio de Sousa Produções e a Birdo Studios e distribuída pela HBO América Latina (mas com um marketing porco), seus 6 episódios foram colocados semanalmente na Max e terminaram nesta sexta-feira (22 de Novembro). Levemente inspirada nas graphic novels de Danilo Beyruth, a série é um suspense espacial que adentra na mente do Astronauta Pereira e seu conflito interno sobre sua abdução.
Uma decisão contraditória foi o elenco de dublagem, e apesar de Marco Pigossi como Pereira ter demorado a convencer, ele fez um bom trabalho. Quem surpreendeu foi Mel Lisboa como Ritinha. Tanto a performance como a personagem em si, já que a série ousa fazer dela alguém ao invés de uma ideia, que mesmo no trabalho de Beyruth, sempre foi o que era, e Mel faz um trabalho excelente em dar vida a ela. Francisco Júnior e Francisco Freitas são os dois veteranos da dublagem que fazem parte do elenco recorrente e eles são ótimos como sempre.
Por fazer parte da franquia Turma da Mônica as expectativas são para algo mais jovial, e isso também se espera na arte, mas esse não é o Astronauta dos gibis, e também não é o de Beyruth. Sua denominação de "animação para adultos" é muito mais sobre seu ritmo e tom do que é sobre o quão "gráfica" ela é, até porque de "gráfica" ela não tem nada. Com um orçamento limitado, a produção escolhe muito bem onde e como gastar, unindo a animação um tanto travada a criação do suspense.
E suspense é a melhor definição. A jornada de Pereira nessa temporada é não-linear, deixando o espectador desde do início sem saber o que está acontecendo, e revelando os contextos de forma criativa e construtiva, ao mesmo tempo que fazendo sentido para quando essas informações estão sendo reveladas e contadas para os personagens. Tudo isso envolto em um cenário sci-fi grandioso e uma ameaça bem perturbadora. Quem ajuda muito nessa construção são Ruben Feffer e Fabio Stamato, responsáveis pela trilha, usando piano e sintetizadores pra sustentar todo o projeto.
Por conta desse ritmo mais lento, em uma maratona pode parecer que a série está enrolando, mas no lançamento semanal cada episódio precisava ao menos intrigar ou responder de forma satisfatória alguma pergunta, e felizmente por boa parte da série, ela entregou. Porém, depois das perguntas serem majoritariamente respondidas, o último episódio corre para resolver o problema que estava ao fundo durante a temporada e alguns dos conflitos são resolvidos um tanto abruptamente. Mesmo assim, é um final satisfatório de uma jornada inesperada com promessas de uma jornada ainda maior pelas estrelas.
VEREDITO: ★★★★
A série deve ser assistida só pela Ritinha, mas se precisa de algo mais, é uma daquelas intrigas espaciais clássicas, com uma ameaça psicológica e personagens bem escritos, e é 100% BR. O que mais você precisa?
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