'O Pinguim' é muito bom sendo mau! | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU
A BECS (Batman Epic Crime Saga) passou por muita coisa antes de chegar onde está hoje. Inicialmente, The Batman era para ser um filme sobre o Batman do DCEU, com Ben Affleck, antes de Matt Reeves assumir o projeto e definir que faria uma história própria e separada sobre Gotham City, com Robert Pattinson como o protagonista. Tal filme saiu em 2022, surpreendendo todo mundo como a melhor adaptação do Batman em live-action (ainda há quem discorde, mas informo que estão errados), e logo anunciaram também uma sequência e algumas séries spin-offs, a primeira delas sendo a do Pinguim, que todo mundo recebeu se perguntando “Por quê?”.
Assim como falei na review de Agatha Desde Sempre nas últimas semanas, se há uma boa história para contar, seja com qualquer for o personagem, conte! E Matt Reeves e Lauren LeFranc (principalmente ela, a showrunner da série) tinham uma ÓTIMA história para contar com o Pinguim!
Protagonizada por Colin Farrell (o personagem título) e Cristin Milioti (que estreia como Sofia Gigante), a série acompanha Oswald Cobb e as suas investidas para dominar o submundo do crime de Gotham após a morte de Carmine Falcone (interpretado no filme por John Turturro, mas aqui foi substituído por Mark Strong) e a inundação da cidade devido ao ataque do Charada.
Enquanto The Batman é uma ficção de detetive com diversos mistérios a serem investigados pelo cruzado encapuzado, que passa por uma jornada que o ensina a ser a Esperança no lugar da Vingança (essencialmente um filme de super-herói), The Penguin é uma ficção mafiosa, com personagens que fazem de tudo para alcançar os seus objetivos que são completamente egoístas. Uma série sobre vilões que em momento algum se esforça para humanizar ou redimir os personagens. Do contrário! Se você começa simpatizando por sua história ou carisma, você termina com um sentimento completamente diferente.
A série mergulha no submundo da Gotham de Matt Reeves de uma forma similar à do filme, mas diferente em seu próprio modo, mostrando o ponto de vista da periferia, passando pelo trabalho pesado dos capangas, até o topo da hierarquia das famílias mafiosas. E sim, a série tem uma inspiração muito forte em outras produções de ficção sobre máfia.
As famílias em conflito aqui são os Falcone e os Marone, que apesar de serem os maiores nomes no submundo mafioso de Gotham, são peões no jogo de Oswaldo Cobb e Sofia Gigante, que lutam pela ascensão à dominância.
A relação destes dois personagens, assim como suas distintas personalidades carregadas pelo carisma de Colin Farrell e Cristin Milioti, fazem valer a pena toda a jornada da série. Que, por mais que acompanhe dois completos psicopatas, nos induz a torcer por um lado não por simpatizar, mas por serem ótimos personagens dentro de suas propostas: vilões.
Essa série, inclusive, é o que constrói o Pinguim como um super-vilão digno de um super-herói como o Batman, que destaca o único ponto fraco da série: o filme mostra o medo que o Cavaleiro das Trevas (na época, A Vingança) causava nos criminosos. Aqui, no ponto de vista dos criminosos, eles sequer lembram da existência do vigilante até o final da série, o que é um pouco estranho.
Não me leve a mal, eu não acho que uma aparição dele era necessária, principalmente pela série se chamar Pinguim, mas um universo compartilhado sempre se beneficia de pequenas e sutis menções ao que já foi estabelecido. Mas talvez eu só seja mal-acostumado…
Enfim, indo para quesitos técnicos, a série é impecável. A fotografia é mais clara que a de The Batman, até para facilitar assistir em TVs de casa, numa iluminação e resolução completamente diferente da de cinema. A trilha sonora de Mick Giacchino (sim, filho do Michael, que fez a trilha de The Batman) não me chamou tanta atenção, mas segue na sombra da qualidade que seu pai estabeleceu nos temas para este universo. Já os figurinos, por Helen Huang (American Horror Story) ao lado do trabalho de maquiagem de Mike Marino (Cisne Negro), que transformam Colin Farrell na figura irreconhecível do Pinguim, e entregam os ótimos visuais que Sofia usa na série.
A série tem só 8 episódios que, apesar de serem longos, se justificam na sua qualidade e valem a pena serem maratonados tanto quanto valia a esperança pelo seu lançamento semanal…
VEREDITO: ★★★★★
Sendo uma das melhores séries do gênero (não só contando com o que é recente), The Penguin ainda prepara terreno para The Batman Part II, marcado para 2026, e vale muito a pena ser assistida mesmo por quem não é muito chegado ao Batman, mas procura um bom drama nos moldes (mas não necessariamente no mesmo escopo) de Os Sopranos (ambas disponíveis no MAX).
Texto de Tiago Sampaio
Revisão de Emilly Lois
Vou até ver depois de tanto elogio
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