COMANDO DAS CRIATURAS: O "LANÇAMENTO SUAVE" DO NOVO DCU | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU

 

Acompanhar o Universo DC é muito complicado, principalmente para quem só costuma consumir o mundo nerd através do audiovisual. Não só diversos universos são lançados ao mesmo tempo, como, do nada, eles podem ser finalizados para dar lugar a outro. Foi o que aconteceu recentemente com o DCAMU (DC Animated Movie Universe), que terminou para dar lugar ao Tomorrowerse (que em menos de 4 anos também foi culminado por não ter dado muito certo, para vocês verem o padrão), e é o que aconteceu com DCEU (DC Extended Universe), que nasceu nas mãos de Zack Snyder e morreu órfão com The Flash e Aquaman em 2023, quando James Gunn e Peter Safran se tornaram os CEOs do novo DC Studios.

Assim que James Gunn foi anunciado como o principal responsável pelo novo rumo da DC nos cinemas, muitos ficaram extremamente animados devido ao seu trabalho como diretor e roteirista tanto na Marvel (trilogia Guardiões da Galáxia) e na própria DC (O Esquadrão Suicida, Pacificador), enquanto outras pessoas se preocuparam dos projetos encabeçados por ele terem todos a mesma vibe de comédia dos seus trabalhos de referência.

O diretor, roteirista e produtor da série (e o cabeça de todo o DCU), James Gunn, animado na abertura da série.

Creature Commandos foi a primeira série anunciada e lançada do novo “DCU” (como é chamado esse novo universo cinematográfico), servindo como um soft launch (um lançamento suave) dessa nova continuidade que prepara terreno para o que vem aí (como o filme do Superman, em julho) ao mesmo tempo que resgata certos acontecimentos do antigo DCEU (principalmente o que foi escrito pelo Gunn).

A série em si (como falado nas nossas Primeiras Impressões) dá força para a preocupação de quem acha que Gunn traria uma vibe repetitiva para o DCU ao reproduzir, ao menos nos primeiros dois episódios, a fórmula de personagens desajustados, num tom de comédia irreverente, com a cereja do bolo sendo um bicho fofinho, mas entrega uma estrutura divertida no que o diretor provou que sabe fazer, alternando entre a trama principal, em que a nova Força Tarefa M — um novo tipo de Esquadrão Suicida, mas com monstros ao invés de prisioneiros humanos — precisa impedir o início de uma Terceira Guerra Mundial, e os flashbacks apresentando cada Monstro.

O episódio 1 da série, “Embrulho no Estômago”, traz não apenas vibes, mas cenas bem parecidas com algumas de O Esquadrão Suicida (2021).

O elenco de personagens desconhecidos é repleto de atores extremamente talentosos (mas não tanto desconhecidos) por trás, tanto no original, quanto na dublagem, o que é um ponto positivo e muito necessário em uma mídia animada, embora os personagens em si não se destaquem por si só, com exceção talvez do carismático G.I Robot (Sean Gunn / Duda Espinoza).

Assim como seus personagens, sua trama também é morna, se arrastando para contar uma história que carece de detalhes, apesar de ser interessante. Se não fosse pelo lindo estilo de animação e as histórias de origens, dificilmente a trama do Pokolistão (país fictício onde a maior parte da série se passa) prenderia alguém devido à escrita. A própria personagem centro desse núcleo, Princesa Ilana Rostovic (Maria Bakalova / Thati Carvalho), é escassa de profundidade, tanto como sua antagonista, Circe (Anya Chalotra / Rita Ávila), que simplesmente some depois da metade da temporada.

Circe é uma feiticeira exilada da ilha das Amazonas que, na série, procura retornar para Themyscira em busca de vingança.
Nos quadrinhos a personagem é uma das principais vilãs da Mulher-Maravilha.

Tal mornidão se vê desde o marketing da série, sem muitos trailers, pôsteres ou qualquer tipo de campanha com o elenco, mesmo este sendo formado por nomes conhecidos como David Harbour (Viúva Negra), Anya Chalotra (The Witcher), e a excelentíssima Viola Davis (How To Get Away With a Murder), que retorna como Amanda Waller. Entendemos isso como uma forma de preparar terreno silenciosamente para o novo DCU sem tirar os holofotes do principal show de abertura que será Superman, filme também dirigido por James Gunn que chega aos cinemas em julho deste ano.

Servindo como um prólogo, todo episódio traz pelo menos uma referência ao Universo DC, mostrando que apesar de novo, o DCU já tem um mundo extenso e repleto de elementos estabelecidos, sejam diretamente mostrados, mencionados, ou sutilmente colocados em uma cena para ver pausando. Themyscira (a ilha das Amazonas), Metrópolis (a cidade do Superman), Gotham City (você sabe quem vive lá) e até aparições relâmpago de diversos heróis, que já mostramos em uma postagem no nosso Instagram.

O episódio 4, “Caçando Esquilos”, mostra diversos personagens como Batman, Superman, Mulher-Maravilha e muitos outros em uma visão.

Para os mais atentos a diálogo, há também menções a acontecimentos de O Esquadrão Suicida (2021) e Pacificador (2022), os quais são produções do último universo cinematográfico da DC, mas que são extremamente relevantes para os acontecimentos da série. Essa seletividade para com o que é canônico ou não nessa nova continuidade pode confundir um pouco os espectadores, mas por enquanto, aqui, passa batido, e deve ser explicado melhor na 2ª temporada de Pacificador ainda esse ano.

No fim, ao menos a série é divertida, tendo uma personalidade visual muito mais interessante do que a maior parte das animações do gênero de super-heróis atualmente e cenas de ação empolgantes, mas repete a já gasta fórmula de James Gunn para jogar no seguro em uma série que com certeza agrada um público abrangente e dá um gostinho do que vem por aí.

VEREDITO: ★★★½

Não é como se alguém esperasse que Comando das Criaturas fosse ser a maior série de animação já feita, e ela definitivamente encontra e mantém seu padrão de qualidade na mornidão desse “soft launch” que é mais um prólogo do que um início para o novo DCU.

A série, inclusive, já está renovada para uma 2ª temporada!


Texto de Tiago Sampaio

Revisado por Emilly Lois

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