Skeleton Crew: Nem lá, nem cá | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU


“Star Wars é para crianças”. Você provavelmente já ouviu essa máxima. De certa forma, ela é verdadeira: desde o merchandising pesado em '77 e à inclusão de Ewoks em '83, a franquia sempre foi inclusiva para as crianças, mesmo com um genocídio aqui e ali (que em si não fazem nada adulto — exceto caso alguém queira argumentar que A Lenda de Aang é para adultos). Agora uma nova série inspirada nos filmes dos anos 80 chegou ao fim, e mesmo sendo vendida para crianças… as próprias não têm o foco que merecem.

Skeleton Crew (ou Trupe do Esqueleto) é a mais recente série para streaming de Star Wars no Disney+. Criada e roteirizada por Jon Watts e Christopher Ford, a série começa seguindo um grupo de 4 crianças: Wim, Neel, Fern e KB que escaparam acidentalmente de seu planeta em uma nave misteriosa que os coloca na mira de piratas com ambição por créditos. O que as crianças não sabem é que sua casa é parte da antiga lenda pirata de At Attin, a El Dorado do espaço.

Fern, KB, Winn e Neel, da esquerda para a direita

Primeiro, as crianças. Se tratando de algo inspirado nos anos 80, há de se esperar que as crianças sejam o foco e bem desenvolvidas. Aqui elas são meros arquétipos até o episódio 6 (de 8). Os únicos que recebem alguma personalidade desde o início para que o enredo possa andar são Wim e Neel (o melhor e o mais fofo dos 4). KB é uma porta até o episódio já mencionado e Fern sai de tentativa a Charlie Sheen em Curtindo a Vida Adoidado para uma líder amada sem uma construção para isso. Ao invés de interações entre elas, a série prefere focar no que tá realmente interessada em contar, o personagem de Jude LawJod Na Nawood.

Aqui é onde o gosto entra muito no aproveitamento da série, não há certos ou errados… mas Jod é um personagem insuportável. Não no sentido de “ele é tão mal que tenho que respeitar” como tantos vilões em Star Wars. Não. Ele é “por que o roteiro continua insistindo nele?”. A parte dos piratas da série é a menos interessante, mas era obviamente o que Watts e Ford estavam mais interessados. Porém, ela nos leva a parte mais interessante, o mistério de Et Ettin.

“Jude Lanawood”

O núcleo dos pais é explorado na medida certa, e o mistério do planeta é explorado de migalha em migalha, deixando esse enredo bem intrigante. O design do planeta ser praticamente um subúrbio bem comum contribui para esse mistério e para revelação final do que realmente é At Attin. Porém, ficou um tanto confuso a qual Velha República se referiam. E após a revelação, a confusão não se dissipa completamente e mais perguntas aparecem, mas a série não está preocupada com a lore, e não há nada de errado nisso.

A direção, cheia de nomes famosos como Os Daniels, Bryce Dallas Howard e o próprio Jon Watts, não se destaca muito. Longe o tempo que um diretor fazia real diferença a ponto de distinguir um episódio. O que, de fato, é como a TV funciona, então tecnicamente estão fazendo algo certo. Visualmente, é mais do mesmo das séries da Disney+. Uma hora está no mesmo nível dos filmes, outra dá quase para ver as bordas do Volume. O episódio 5 é o mais bonito visualmente, e dali em diante a série utiliza a luz do sol com grande efeito. Mick Giacchino é responsável pela trilha sonora. Demorou um pouco, mas seus temas entraram na cabeça, a ponto de injetar animação quando o tema das crianças toca heroicamente na orquestra. Seu tema para os piratas pode ser a melhor coisa relacionada a eles nessa série.

Ele faz de novo, John Watts com as crianças.

Apesar de terminar em um ponto alto, as decisões e prioridades que a série fez ao decorrer dos episódios, faz com que em sua maioria, seja uma jornada bem apática, e na pior das hipóteses, previsível demais. Uma segunda temporada não seria ruim, mas também não clamaria por uma, porém uma nova temporada inevitavelmente significaria mais Jod Na Nawood

VEREDITO: ★★★

Nunca achei que pediria por mais crianças, mas deveria ter tido mais das crianças nessa série, e não entendo como algo vendido para elas pode se perder tão gravemente assim. Porém, parece que muitos gostaram dela, então você também pode gostar mais do que quem vos fala, pois a série em si é inofensiva.


Texto de Gabriel Bezerra
Revisão de Tiago Sampaio

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