De "Um Completo Desconhecido" a Lenda do Folk. | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU

Reprodução imagem: IMdb.

Seguindo a nossa Maratona rumo ao Oscar, apresentamos hoje Um Completo Desconhecido, dirigido por James Mangold — diretor de Logan (2017), e Indiana Jones e a Relíquia do Destinoe estrelado por Timothée Chalamet! O filme é um drama biográfico sobre o cantor Bob Dylan, que concorre em 8 categorias no Oscar 2025, sendo elas: Melhor Filme; Melhor Ator (Timothée Chalamet); Melhor Atriz Coadjuvante (Monica Barbaro); Melhor Direção; Melhor Som; Melhor Roteiro Adaptado; Melhor Figurino e Melhor Ator Coadjuvante (Edward Norton). O filme estreia nos cinemas brasileiros só no dia 27 de fevereiro, na próxima semana, mas fomos convidados a assistir com antecedência para trazer nossas considerações.

O roteiro do filme se destaca por sua abordagem dupla: ao mesmo tempo em que respeita os principais eventos da trajetória de Bob Dylan, também mergulha em sua vida pessoal. Em vez de somente narrar sua ascensão ao estrelato, a trama opta por um olhar mais introspectivo, explorando suas motivações, crises artísticas e transformações ao longo dos anos.

Foi mostrado como ele se consolidou na música Folk, se tornando um artista aclamado e aprendendo a lidar com a fama. Fama essa que acabou levando ao fim seu relacionamento com Sylvie RussoSuze Rotolo na realidade, que teve seu nome mudado no fictício por desejo do próprio Bob Dylan, por Suze não ter sido uma pessoa pública — interpretada por Elle Fanning. O longa retrata muito bem a importância de Suze na história de Dylan, como ela o introduziu a campanhas políticas e sociais, influenciando seu crescimento musical e pessoal.

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Timothée Chalamet é extraordinário ao incorporar Bob Dylan. Desde o olhar evasivo até os maneirismos sutis no palco e fora dele, sua performance traz uma camada extra de realismo ao filme, ele não apenas capta a voz e os trejeitos característicos do cantor, mas também transmite sua aura introspectiva e a intensidade de sua personalidade. 

Houve o uso de inteligência artificial para fazer os personagens parecerem mais jovens, mas esse fato só descobri após ter visto o filme, pois me passou completamente despercebido. A direção de fotografia desempenha um papel fundamental na imersão do público na atmosfera vibrante dos anos 60, e o figurino é excelente, não à toa foi indicado ao Oscar nessa categoria.

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O elenco de apoio também se destaca, trazendo profundidade à narrativa com interpretações marcantes, como Edward Norton no papel de Pete Seeger, outro cantor folk e também ativista social, que ajudou Bob Dylan em sua carreira profissional. Cada interação reforça o impacto de Dylan no cenário cultural da época e destaca as relações que moldaram sua jornada artística.

Por fim, a trilha sonora se torna praticamente um personagem à parte. Toda vez que Chalamet cantava, eu queria aplaudir, juntamente com Monica Barbaro, que interpretou a famosa cantora folk Joan Baez excepcionalmente. A trilha acompanha a evolução sonora de Dylan, capturando desde sua fase folk pura até sua transição para o rock elétrico e suas experimentações posteriores.

O impacto de suas apresentações ao vivo também é traduzido com intensidade, com as reações apaixonadas do público — desde a adoração até a polêmica, como no Newport Folk Festival, em que foi vaiado por empunhar uma guitarra elétrica. Mas, como citei, a narrativa é cortada assim que esse evento termina. Seu novo estilo musical não foi aceito a princípio, como isso funcionou depois? É um filme grande, de 2 horas e 20 minutos de duração, mas sinto que poderia ter um pouco mais se fosse para fechar essa parte mais coerentemente.

 VEREDITO: ★★★★

É um filme bonito, bem produzido, com roteiro bem estruturado e uma adaptação cuidadosa. Mas tenho um negócio com a clássica tela preta que sobe com textos explicativos sobre o destino de cada personagem após o fim da trama em biografias. Esse recurso funciona, mas teria um impacto muito maior se houvesse algumas cenas adicionais que conectassem melhor esse desfecho à narrativa. Do jeito feito, a transição me pareceu abrupta, deixando a sensação de que algo ficou faltando.


Texto de Emilly Lois
Revisado por Tiago Samps







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