Ganhar ou Perder, importa? Depende | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU
A 2ª (e última) série da Pixar para o Disney+ traz uma premissa um tanto ousada, com mil e uma maneiras de fracassar, mas de alguma forma o estúdio consegue entregar 8 episódios experimentais, porém coesos.
Ganhar ou Perder segue um time de softball local que, através de muito esforço, chegaram ao campeonato. Cada episódio segue a semana conturbada de um personagem diferente antes da noite do campeonato, com seu próprio ponto de vista e pontos de intersecção com outros personagens.
Retornar a uma cena anterior pelo ponto de vista de outro personagem não é algo inovador, e fazer isso 8 vezes é muito arriscado, pois dependendo da execução, até mesmo 1 vez pode não funcionar e se tornar repetitivo. O que a série faz para diferenciar cada episódio é criar um estilo próprio para como cada personagem enxerga o mundo de forma que a história contada não seja exatamente realista visualmente.
Além do estilo cartunesco, mais reminiscente de Luca e Red, por conta do uso extenso da semiótica (oi Luisa) que a série utiliza, os acontecimentos são extremamente subjetivos, o que importa não é como aconteceu, mas sim como cada personagem reage emocionalmente, isso diferencia os mesmos acontecimentos. Uma mesma cena nunca é igual, e a mescla que o último episódio faz dos diversos estilos leva a uma catarse inesperada.
Porém, isso leva a um problema que não é culpa da série, e sim da Disney. Caso não saiba, a Disney intimou a retirada de uma peça do enredo trans da personagem do penúltimo episódio, mas a animação não foi mudada, visual e dramaticamente, e o episódio perde um pouco do sentido sem essa parte fundamental da história.
A série traz diversos temas e conflitos comuns do dia-a-dia e aprofunda eles visualmente, mas a escrita por Carrie Hobson, David Lally e Michael Yates ainda é muito rica e com nuances que outro roteiro mais fraco deixaria de lado. Mesmo não sendo o melhor roteiro do mundo, é sólido. A iluminação e fotografia está no padrão esperado da Pixar, e em alguns episódios elas são a visão de mundo do personagem. A trilha sonora de Ramin Djawadi traz temas adaptados em músicas da banda Campfire, uma boa ideia, mas que não chama tanta atenção.
Se havia um lugar onde a Pixar podia voltar a fracassar, é em séries direto para o streaming. Felizmente, as duas séries que o estúdio produziu tomam vantagem do formato para melhor contar uma história. Em Produção de Sonhos o enredo até poderia funcionar como um filme, mas Ganhar ou Perder só poderia ser o que é, jogando alto sem medo do sucesso ou do fracasso.
VEREDITO: ★★★★
Parece que estou aqui para babar o ovo da Pixar e editar podcasts, e estou sem podcasts para editar. Eu até pararia se o estúdio soltasse um Bom Dinossauro de novo, mas felizmente ele ainda anda errando ultimamente, e uma série que mais parecem curtas Sparkshots (recomendo muito), não tinha outra, tá para mim.
E para você também, é claro.
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