Mickey 17: Estranho Mundo Familiar | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU
Pode a soma das partes fazer algo novo que vale a pena existir?
Mickey 17 é o mais novo filme de Bong Joon-ho (Parasita) baseado no livro Mickey7, de Edward Ashton. A trama segue o 17º clone de Mickey (Robert Pattinson), um voluntário ao cargo de “descartável” em uma espaçonave rumo a um novo planeta para a humanidade.
Ninguém nunca julgou Joon-ho de ser sutil, e não é diferente aqui, com sua contínua crítica às diferenças de classe, porém aqui, se perde a esperteza do roteiro de algo mais. A crítica está escancarada de tal forma para audiência, que os personagens a falam quase direto para a câmera.
A constante narração de Mickey, que dita coisas que poderiam ser deixadas implícitas, a mescla de Donald Trump e Elon Musk que Mark Ruffalo interpreta, o final do filme que vira um Tropas Estelares mais óbvio… porém, pode-se contestar, com provas, que a audiência não absorve sutilezas, então a mensagem deve ser escrachada para não ser perdida.
Por baixo da mensagem, está o mundo do filme, com um bocado de construção. A tecnologia de clonagem, principalmente, não é jogada ao vento sem pensar, assim como as dinâmicas da espaçonave. Os personagens têm o papel de responder e reagir a esse mundo que, no fim, é uma versão levemente exagerada do nosso.
Apesar de esses exageros gerarem risadas, o filme acaba se levando a sério demais para ser considerado uma paródia, mas essa quebra de tom não é muito sentida por conta do trabalho de Robert Pattinson e Naomi Ackie, que passam do insano ao dramático naturalmente, e carregam o escrachado com sinceridade, fazendo funcionar quando dá (e quando não está narrando).
Tecnicamente, o filme não tem falhas. O CGI é impecável, a cinematografia é bem pensada e a trilha sonora é simples, mas eficaz. E mesmo que haja problemas com algumas decisões, não se pode negar que a direção é ótima, com personagens secundários tendo sua própria personalidade.
Mesmo que algumas ideias sejam derivativas, é um filme que tem razão de existir. A mensagem pode ser óbvia para alguns, mas se o jeito que a banda toca mostra algo, é que não é bem assim.
VEREDITO: ★★★½
Se você quer ver Robert Pattinson atuando bem e alimentar sua sede de sci-fi, recomendo Mickey 17. Além de ser competentemente feito. Apesar de que alguns enredos já estarem há algumas décadas em Jornada nas Estrelas...
Texto por Gabriel Bezerra
Revisão de Emily Lois
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