Looney Tunes: O Dia Que a Terra Explodiu | Lunaticamente Antiquado
Desde o fim da série de curtas clássicos, os Looney Tunes se veem em um limbo de ideias e uma indecisão do que fazer com a franquia. As reinterpretações mais famosas são Space Jam e O Show dos Looney Tunes, duas mídias que, apesar de seu sucesso, desviaram completamente da origem e personalidades dos personagens, e mesmo com De Volta Em Ação e uma nova leva de curtas em 2020 retornando, com níveis variados, a essência dos Looney Tunes, é um fato de que o público atual não está esperando a lunaticidade dos anos 30.
O que O Dia Que a Terra Explodiu faz, no entanto, é pegar a personalidade de Gaguinho e Patolino dos curtas clássicos (os dois são um par há muito mais tempo que Patolino e Pernalonga), o design clássico reimaginado dos curtas de 2020, e a ambientação e design dos humanos de O Show dos Looney Tunes enrolados em uma trama um tanto rasa, mas que funciona onde precisa.
Após um misterioso acidente acertar a casa de Patolino (Marcio Simões) e Gaguinho (Manolo Rey), os dois devem encontrar um emprego para consertar o dano e evitar terem sua casa tomada deles, com a ajuda de Petúnia (Carol Crespo), eles conseguem trabalho na fábrica de chiclete, onde um plano sinistro toma a forma de uma ameaça intergaláctica.
Onde o filme brilha, e a maior parte das risadas vem, é a animação. Seguindo a fluidez dos curtas de 2020, é um filme lindo de se olhar e as expressões cartunescas se tornam ainda mais exageradas e engraçadas. O filme brinca muito com as técnicas de animações, principalmente no personagem do Fazendeiro Joe (Mauro Ramos) que se utiliza de um recurso clássico. Além das brincadeiras, o estilo muda de vez em quando em sequências específicas, lembrando com muita alegria todas as opções que o 2D proporciona.
Tirando as piadas visuais, só uma ou outra fala leva a risadas de verdade, um ar do nariz aqui e ali toma boa parte do filme com piadas de um roteiro que também se utiliza de artifícios cansativos e ultrapassados como a “separação do terceiro ato”. Porém, no que ele peca durante seu início se compensa no final, trazendo sequências que abraçam a alegria dos personagens e da história que contou até ali.
A música de Joshua Moshier chama atenção, com uma orquestra pequena, mas dando tudo de si. Ela utiliza o som clássico dos curtas, mas só vai totalmente Carl Sterling em alguns momentos específicos, juntamente com a citação do tema de Dave Franklin e Cliff Friend. Como o filme, ela tenta juntar o clássico com o moderno, e o faz tão bem (ou até melhor) que o filme em si.
A dublagem, que por conta da distribuidora não ser a Warner, e sim a Paris Filmes, não foi feita na Delart, mas na Unisom Rio, dirigida por Ulisses Bezerra. Mas como já revelado acima, a qualidade dela não sofreu nem um pouco, são as vozes atuais dos personagens que a essa altura os conhecem intimamente, e a novata na franquia, Carol Crespo, se encaixa como uma luva.
Para o primeiro filme animado dos Looney Tunes a ir aos cinemas, é um ótimo começo que poderia continuar a florescer e ser a revitalização que a franquia precisava. Porém, os detentores dos personagens não tem interesse nenhum em manter esse legado de quase 100 anos, e com Coiote Vs ACME, que felizmente verá a luz do dia, sendo uma mistura de live-action e 2D, vai saber quando teremos outro filme totalmente 2D dos Looney Tunes de novo. É de enlouquecer.
VEREDITO: ★★★½
Como comédia é subjetiva, e este que vos fala tem dificuldade de ver a graça até dos curtas clássicos, há a possibilidade de você engasgar de rir do início ao fim. Sair sem uma boa risada você não vai, além de ver um bom filme animado. Quem sabe pode até reacender a chama lunática dentro de todos nós. Se você não sabia que tinham novos curtas na Max, vão lá depois de assistir ao filme (ou antes).
Revisado por Tiago Samps e Emilly Lois
Oloco, escreveu pra caraca.
ResponderExcluirDeve tá' bom o filme.