Um Filme Minecraft, e um mundo sem criatividade.

 A Warner Bros. nos convidou para assistir Um Filme Minecraft e, de bom grado (e alimentando nossas crianças interiores), aceitamos falar sobre o tão esperado filme do jogo mais popular do mundo desde 2012.

O Minecraft é uma das razões para a existência do Nerd•ish, assim como a de muitos outros criadores de conteúdo que cresceram com o auge do jogo no Youtube — e por mais que não seja o mesmo de antes, ainda é gigante.

Por anos se especulou sobre um filme do jogo, mas nunca foi algo que saiu de fato do papel ou sequer passou de rumor. Com a cena das adaptações de jogos e de cenários culturais finalmente ficando cada vez mais forte, com muita coisa boa e rentável (não necessariamente os dois junto), a Mojang finalmente seguiu em frente com um projeto cinematográfico do seu maior sucesso. Muito se especulou sobre como seria abordada essa “adaptação”, e embora os fãs tivessem muitas opções de fato interessantes (inclusive em forma animada, até similar com o que já foi trabalhado em Minecraft: Story Mode), o caminho escolhido foi o “Isekai”, muito similar a Jumanji, mas sem se agarrar tanto quanto poderia aos aspectos de um videogame...

O filme tem como público alvo aquele que é, sempre, o foco do jogo: as crianças. E para elas pode até ser divertido, mas qualquer um dos fãs mais velhos (e claro, os pais acompanhantes) percebe ser um filme que não se esforça no quesito narrativo. Ou o contrário, se esforça para cair em todos os clichês possíveis.

Ver Jack Black (Kung Fu Panda; Escola do Rock; Jumanji) e Jason Momoa (Aquaman) se divertindo como dupla até traz risadinhas, mas nenhum dos personagens, nem os seus, nem os de Emma Myers (Wandinha), Sebastian Eugene Hansen (Luta por Justiça) ou Danielle Brooks (Orange Is The New Black, Peacemaker), passam por qualquer tipo de desenvolvimento relevante. As mesmas pessoas que eles são no início do filme, permanecem sem nenhum arco de evolução no final. Além disso, personagens são jogados das maneiras mais irrelevantes possíveis a modo de "encher linguiça", como é o caso da personagem da Jennifer Coolidge (Duas Garotas em Apuros), que poderia ter sido utilizada de melhor maneira como um alívio cômico.

Apesar do fim do filme ter um relapso de moral interessante a ser ensinada, sem o trabalho necessário para solidificar, é só mais um dos diversos clichês jogados no roteiro que surpreendentemente foi escrito por 5 pessoas, mas poderia ter sido escrito pelo chat GPT. E de modo algum ele consegue salvar a bagunça que nos é apresentada desde o início do filme. 

Visualmente, o filme é repleto de estímulos infantis, e apesar de não ser o pior dos mundos digitais em filmes para crianças, não se destaca nem no meio do próprio Minecraft. O CGI é bem trabalhado durante o longa, mas aparenta que todo o investimento do filme só foi necessário para isso e para pagar o elenco em peso...

Não surpreendentemente, o filme homenageia muito o jogo original, inclusive trazendo o tema musical (isso sim nos surpreendeu positivamente), mas limita os pontos retirados do jogo apenas à referências e dá importância especificamente pra tudo de novo que foi criado para essa história, embora nenhuma dessas “originalidades” chama atenção o suficiente — dessa forma sem conciliar o "público novo" com o "público velho". 

Definitivamente não é um filme para os jogadores de Minecraft que já passaram dos seus 13 anos, e isso era claro. Se você tem mais de 15 anos e esperava ser agraciado por esse filme, sinceramente, desejamos que você cresça o quanto antes e se lembre que não é mais o público alvo de jogos e filmes infantis. Por outro lado, ao olhar para Sonic e Super Mario, é justo esperar que pelo menos o mínimo de esforço para que uma BOA (ou ao menos nova) história infantil fosse entregue.

VEREDITO: 

Minecraft sempre foi sobre a criatividade do jogador, e o filme tenta trazer esse discurso, mas se perde na sua própria incapacidade de explorar ideias de fato criativas ao invés de costurar um Frankenstein do jogo Minecraft e dos — de fato divertidos — Jumanji e Sharkboy e Lavagirl.


Texto por Tiago Samps e Clara Silvestre

Revisão de Clara Silvestre





Comentários

  1. Pior que tinha muita coisa interessante pra explorar :/

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  2. Estava ansioso para assistir, minha criança interna estava amando ter um filme sobre

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