Mamma Mia! destaca o tempero e a leveza da arte brasileira | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU
Na última semana, tive a oportunidade de assistir ao espetáculo Mamma Mia! No Teatro Riachuelo no Rio de Janeiro, o que me inspirou não apenas a escrever argumentando sobre a graça de musicais como um todo, mas também a trazer a primeira resenha de uma peça para o blog!
Adaptar uma peça estrangeira nunca é fácil. E quando essa peça já é uma adaptação de um filme muito popular, seu trabalho dobra. São dois materiais originais para se respeitar. Quer triplicar a dificuldade? Traduza então para o português as músicas de uma banda dos anos 70 de forma que, além de se manter reconhecível, ainda se encaixem na trama.
Claro que é difícil, mas a produção desse espetáculo dá um show!
Para quem, por alguma razão, nunca ouviu falar de Mamma Mia!, tanto a peça quanto o filme contam a história de Sophie Sheridan, uma jovem grega de 20 anos que vai casar e decide convidar seu pai. O problema é que nem ela, muito menos sua mãe (Donna Sheridan) sabem quem ele é, e por isso Sophie decide convidar os três homens com quem sua mãe dormiu no verão de 79. Ideia maravilhosa! Ah, e como eu disse antes, essa história toda é contada APENAS com músicas do ABBA.
Com personagens carismáticos e caricatos, um eterno espírito dos anos 90, e uma vibe de Região dos Lagos, a versão brasileira adiciona referências tanto ao filme de 2008, quanto à cultura brasileira. O humor e vocabulário tupiniquim, como em qualquer produção adaptada para cá (como Beetlejuice, por exemplo, que assistimos no último ano), permite que nossa conexão seja melhor com a história.
Como já foi tomada a liberdade de adaptação das letras do ABBA para o português, as músicas desta versão se encaixam melhor ainda do que as originais na história, por se permitir integrar mais do roteiro nas canções.
Infelizmente, ao menos na minha sessão (dia 27 de abril, às 15 horas), houve alguns desafinos, o que é normal, mas estranhei definitivamente a falta de familiaridade do elenco principal com divisão de voz, que acabou sendo bastante evidenciado pela sonoplastia que constantemente deixava a 2ª voz mais alta que a melodia.
Em compensação, é impossível não elogiar o trabalho de iluminação impecável, que de todos os quesitos técnicos, foi o que mais me chamou atenção.
Apesar da sensação de falta de familiaridade com harmonia musical, o elenco ainda assim entrega. Tanto o principal, quanto o carismático coro.
Claudia Netto BRILHA como Donna Sheridan e é quase nossa Meryl Streep brasileira!
Dos possíveis pais, Sérgio Menezes faz o papel de Sam, o amor da vida de Donna, mas sinceramente não exalam tanta química quanto a versão original do casal. Não por deficiência da dupla como atores, mas do roteiro que foca tanto em expandir as motivações de Sophie (Giovanna Rangel, ao menos na sessão que assisti) para tomar as decisões que toma no final (e isso é ponto positivo), que acaba deixando a relação de seus pais não em segundo, mas em terceiro plano.
André Dias e Renato Rabelo interpretam os outros dois pais, Harry e Bill, e são absurdamente engraçados — seus personagens são justamente mais caricatos, cada um em um estereótipo.
Com coreografias muito bem ensaiadas e um figurino digno da produção original, vale muito a pena, principalmente para os fãs de Mamma Mia e/ou de teatro musical, a experiência de ver este espetáculo tão clássico e, para muitos, nostálgico… uma pena que os ingressos para TODAS as sessões da temporada no Rio de Janeiro estão completamente esgotadas. Mas, com esse sucesso, eu ficaria de olho para caso anunciem uma nova leva de datas não só no RJ, mas em São Paulo também.
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Sim, no final foi permitido que tirássemos fotos! |
VEREDITO: ★★★½
Para quem não é tão sommelier de aspectos técnicos, no fim, Mamma Mia! Brasil é um show para dar muitas risadas com uma história boba cantando junto clássicos dos anos 70 que todo mundo já ouviu, fã ou não da banda, ou do filme original.
Ah, e ainda tem um after party simulando a despedida de solteiro de Sophie para interagir com o elenco, tomar drinks temáticos e curtir ao som de ABBA!
Texto de Tiago Samps
Revisado por Emilly Lois
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