Força de vontade não é bom caráter!
Superman chegou aos cinemas apresentando um novo universo cinematográfico da DC, já repleto de heróis e vilões ainda não conhecidos pelo público geral. Um desses, Guy Gardner, é um Lanterna Verde interpretado por Nathan Fillion com muita presença e importância no filme, e pode ter irritado muita gente…
Houve até quem tenha argumentado que “um Lanterna Verde não deveria ser um imbecil”… mas por quê? O que exatamente impediria um membro da Tropa dos Lanternas Verdes de ser um vilão? Ou um membro da tropa dos Lanternas Amarelos de ser alguém bom?
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“Um Lanterna Verde não devia ser um idiota”, disse o usuário do X @Starman6986 reagindo ao teaser de Guy Gardner projetando um dedo do meio no novo filme do Super-Homem. |
A mitologia dos lanternas coloridos dentro da DC Comics é muito extensa, mas há muito tempo se baseia em um conceito muito simples: o espectro das emoções, sendo cada uma ligada a uma cor. É a partir dessas emoções que os anéis escolhem seus portadores, e quanto maior for a emoção, mais forte o Lanterna. Simples, correto?
Os Lanternas Verdes são escolhidos por sua força de vontade, o sentimento para canalizar o poder de seu anel. Entre os heróis mais conhecidos por carregar o título, está Hal Jordan, que, apesar de não ter sido o original, é o mais clássico e — discutivelmente — o mais popular.
Diferente de Kyle Rainer, que é artista plástico, seus construtos não são criativos, e podem ser bastante simples devido à experiência e à vivência de Hal como piloto da aeronáutica. Já John Stewart (popular no Brasil por conta da série animada Liga da Justiça: Sem Limites, exibida por anos no SBT), além de fuzileiro, é arquiteto, e isso adiciona mais camadas e complexidade às suas criações de luz comparadas às de Jordan. Ainda assim, Hal é o Lanterna Verde mais forte de toda a tropa, porque o que define a força de um membro da tropa de OA é exclusivamente sua força de vontade, independente de capacidade, criatividade ou expertise.
A ponto de comparação, a força de vontade de Hal Jordan é tanta que ele é capaz (em um universo alternativo) de quebrar os limites do anel, predefinidos para não machucar seu portador.
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Em Batman (2016) #45 — The Gift, o Gladiador Dourado encontra um universo em que um vírus do Coringa surgiu em Gotham e o Lanterna Verde foi infectado. |
Não precisamos ir a um universo paralelo para dar exemplos de como a força de vontade de Hal pode ultrapassar os valores de bondade estabelecidos pela tropa dos Lanternas Verdes.
Nas histórias da DC no início dos anos 90, o herói vinha entrando em conflito com os Guardiões (aqueles que criaram os Lanternas Verdes), e a destruição de Coast City o colocou em um caminho para finalmente enfrentá-los. Derrotando cada um de seus colegas lanternas e coletando seus anéis, ele se tornou o vilão Parallax.
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Crepúsculo Esmeralda (1994) |
Agora, por mais que Guy Gardner seja um imbecil — e este é o charme do personagem — suas intenções sempre foram boas. No fim do dia, ele ser babaca e irreverente não muda suas intenções, por mais que elas não sejam importantes para canalizar o poder do anel (qualquer um deles!).
Guy Gardner já foi portador de um anel vermelho, energizado pelo sentimento da raiva. Mesmo no período de Lanterna Vermelho (e líder de sua própria Tropa contra o Atrocitus), Guy ainda era um herói.
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Red Lanterns (2011) #34 |
Também há o exemplo do Batman, que foi escolhido por um anel da Tropa Sinestro como um Lanterna Amarelo por causar medo. Por mais que o medo infligido pelo Cavaleiro das Trevas não seja um terror vilanesco, o herói ainda assim tem o medo como sua motivação e ferramenta na proteção de Gotham.
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Lanterna Verde (2005) #17 |
Existe uma relação entre moralidade e sentimento quando eles definem suas motivações, mas ao falar sobre personalidades, atitudes e feitos destes personagens, sejam eles altruístas, heróis clássicos ou completos babacas, não apenas mais camadas são adicionadas a essas histórias e personas, mas fica claro um fato muito óbvio na ficção e na realidade: gente otária pode ter muita força de vontade. E é isso que importa para ser um Lanterna Verde.
Felizmente, veremos bastante de Guy Gardner no DCU!
Nathan Fillion retorna tanto na 2ª temporada de Peacemaker, que estreia dia 21 de agosto, quanto na série dos Lanternas Verdes da HBO, marcada para meados de 2026.
Texto de Tiago Samps
Revisado por Fernanda “Ferbs” Pinheiro e Vandercleo Junior
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