Jurassic World: Recomeço pelos caminhos conhecidos, em uma roupagem nova


Em uma produção mais rápida que um jipe fugindo de um T-Rex, o mais novo filme da franquia Jurassic Park chegou a tela dos cinemas com um estrondoso sucesso, e mesmo que os filmes em si continuem dizendo que o público cansou dos dinossauros in-universe, esse não parece ser o caso do lado de fora.

Após os dinossauros soltos no mundo ao final de Reino Ameaçado começarem a morrer, eles se isolaram nas ilhas perto do Equador. O farmacêutico Martin Krabs (Rupert Friend) contrata Zora Bennett (Scarlett Johanson) para levar ele e o Dr. Henry Loomis (Jonathan Bailey) a uma das ilhas, coletar o sangue de 3 dinossauros para curar doenças coronárias. Com eles, vão Duncan Kincaid (Mahershala Ali) e sua trupe à caçada.

Henry Loomis e Zora Bennet na mata.

De imediato, logo após o prólogo, o filme põe o gênio que foi a construção do Mundo dos Dinossauros da trilogia anterior de volta na garrafa, para retornar a ilhas e florestas, inclusive adicionando uma 4ª ilha de dinossauros, dessa vez de testes para o parque Jurassic World. Porém, o que destaca esse filme são as variadas cenas de ação e a mão artística de Gareth Edwards (Godzilla, Rogue One, Resistência), que continua sendo um mestre em demonstrar a escala de criar filmes visualmente lindos; fazia um tempo que somente a presença de um dinossauro intimidava, e todos fazem isso.

Com o roteiro de David Koepp, retornando à franquia após O Mundo Perdido Jurassic Park, não é inovador, mas oferece reviravoltas contra as expectativas algumas vezes, enquanto entrega exatamente o esperado em outras. Os personagens - que além dos caçadores, também incluem uma família composta por um pai divorciado, suas filhas e o agregado (namorado), preenchendo a cota de crianças e divórcio - também não são muito profundos, toda a nuance deles é entregue logo no 1º ato, mas é o suficiente para os atores espremerem algo.

Gareth Edwards na mata.

E eles o fazem, criando uma equipe carismática de personagens que faz a audiência se importar o suficiente caso algo ocorra com eles. Pode ter sido um trabalho da dublagem também, porque com os veteranos Fernanda Baronne, Francisco Júnior, Phillipe Maia, Manolo Rey e Yuri Tupper (Direção de dublagem João Cappelli, versão brasileira Delart Rio), não seria a primeira vez e também não será a última.

Se o que você procura nesses filmes são personagens gostáveis, talvez saia satisfeito, se procura muitas mortes não sairá tão satisfeito assim (as que tem são bem lentas). Mas, se o que procura é ação com dinossauros, então está bem servido. O filme finalmente entrega ação na água com o Mosassauro, no ar com o Quetzalcoatlus e com os mutantes na terra, intermediadas por várias sequências tensas, muito bem construídas, com outros dinossauros clássicos.

Uma das melhores cenas do filme é dada à T-Rex... na mata.

Tudo isso ganhando vida pela direção de Gareth Edwards e o diretor de fotografia John Mathieson (Gladiador, Logan, Multiverso da Loucura), que além de deixar as cenas de ação dinâmicas, também faz as paisagens exuberantes. Assim como todos os outros filmes do diretor, Jurassic World foi feito para ser visto na maior tela possível. 

Em Rogue One, Giacchino substituiu Alexandre Desplat, e o contrário ocorre aqui. Para os familiarizados com o compositor (Giacchino), sabem que ele compõe trilhas tecnicamente excelentes, mas difíceis de se conectar– felizmente não é o caso aqui, quando se podia ouvir a trilha na mixagem, que só abria espaço mesmo para as citações dos dois temas principais de John Williams.

Martin Krabs, Duncan Kincaid e Cara #2, na mata.

Mesmo que esse tenha sido um acerto para a franquia e melhor que a trilogia anterior no geral, o caminho a partir de agora é um retrocesso. Com os dinossauros novamente em ilhas, a série parece não ter interesse em inovar sua história nos filmes. A fórmula é reanimar os velhos ossos de sempre com um novo DNA inserido no meio, mas ao contrário das narrativas desses filmes, isso nunca parece dar errado na bilheteria.

VEREDITO: ★★★★

Quando foi anunciado em Fevereiro do ano passado que Edwards seria o diretor, o tempo de 1 ano até o lançamento não parecia suficiente para ele fazer algo significativo, felizmente ele conseguiu, se fosse qualquer outro diretor seria uma estrela e meia a menos.

Texto por Gabriel Bezerra 

Revisão de Clara Silvestre



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