Quarteto Fantástico: Primeiros Passos — Familiar, mas diferente! | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU

 

Se semana passada estávamos falando sobre o maior herói da DC, chegou a vez de falar da maior equipe da Marvel!

Pode ser estranho, para um fã casual, ver toda essa atenção voltada ao Quarteto Fantástico, uma vez que todas as tentativas de adaptá-los ao cinema foram um fiasco, mas essa equipe é absurdamente importante para o Universo Marvel desde a sua concepção.

Criados em 1961 por Stan Lee e Jack Kirby, Sr. Fantástico, Garota Invisível (pasmem, foram necessárias #284 edições e 20 anos pra Sue Storm finalmente se tornasse a MULHER Invisível), Tocha Humana e O Coisa estrearam na primeira edição da série em quadrinhos que deu luz à, sem exagero, metade da mitologia do universo Marvel! O Pantera Negra, os Inumanos, o Doutor Destino, o Vigia, o Surfista Prateado, o Galactus e muitos outros nasceram nas páginas do Quarteto Fantástico, que protagonizaram os principais eventos dos quadrinhos. Por mais que nas últimas duas décadas tenha ocorrido um boicote da equipe durante o período em que os direitos cinematográficos estavam nas mãos da FOX, não há como jogar fora a sua relevância. E a Marvel Studios sabe disso.

Assim que a Disney comprou a Fox, a Marvel pôs a mão na massa e anunciou, em 2022, o filme do Quarteto Fantástico, com Jon Watts, da trilogia do Homem-Aranha, como diretor. Mas foi Matt Shakman, de WandaVision, que deu vida real ao projeto, que prometia ser muito diferente das 3 adaptações anteriores e, quanto mais era mostrado, mais se diferenciava do padrão da Marvel Studios também.

Ambientado em um novo universo, separado da “Linha do Tempo Sagrada” em que ocorrem os eventos do UCM, o filme tem uma estética retrofuturista inspirada na década em que os personagens nasceram: os anos 60. Não é o primeiro filme de época do estúdio, mas é o que melhor mergulha na estética desde Capitão América: O Primeiro Vingador (2011), entregando um mundo único e cheio de personalidade.

Apesar do grande potencial desse novo mundo, de fato, fantástico, o filme opta por jogar no seguro quando se trata de direção e edição, dialogando com aqueles espectadores mais sem graça, que gostam de mais do mesmo. Mesmo assim, a fotografia ainda é muito linda, principalmente nos momentos de exploração espacial, em que o filme brilha por abraçar completamente a ideia de ser uma ficção científica tanto quanto é um filme de super-heróis.

O destaque de verdade está na dinâmica do elenco, que entende perfeitamente o que faz o Quarteto funcionar: eles são uma família. Não colegas de trabalho (Vingadores) ou amigos muito próximos (Guardiões da Galáxia), mas uma família de verdade. A química do elenco unida à naturalidade de suas relações, baseadas em amor ou até na implicância, resulta em interações divertidas e essenciais para o peso da história.

Particularmente, quando o elenco foi anunciado, embora eu (prazer, Tiago!) tenha adorado Vanessa Kirby e Ebon Moss-Bachrach como Sue Storm e Ben Grimm, Pedro Pascal e Joseph Quinn me preocuparam bastante. Mas Pedro surpreende bastante como um Sr. Fantástico verdadeiramente inteligente e igualmente apegado à sua família, enquanto Joseph encarna a essência de Johnny Storm: mulherengo, implicante e a jovialidade do time.

Material promocional do filme comparando o elenco com a capa de Fantastic Four: First Family (2006).

Vanessa é a estrela do Quarteto, entregando a Mulher Invisível mais independente e importante até então, sem apagar o quão ligada à sua família e, principalmente, à Reed Richards ela é.

Assistindo ao Coisa, é muito mais notável a qualidade dos efeitos especiais do personagem do que a interpretação de Ebon, mas ambas estão no ponto! Só com sua voz, Ben é o irmão e tio atencioso que conforta os corações. Nunca o Coisa foi tão parecido com os quadrinhos e, ao mesmo tempo, seu visual passa um realismo convincente, assim como todo o CGI do filme, que é impecável — mesmo quando Reed se estica, o que nunca vai deixar de ser estranho.

O Coisa (Ben Grimm) e o robôzinho H.E.R.B.I.E. foram criados em uma mistura de efeitos práticos (bonecos em set) e computação gráfica.

Os antagonistas são um espetáculo à parte: a Surfista Prateada chama atenção com sua movimentação, enquanto Galactus se impõe em tamanho E na absurdamente potente voz de Ralph Ineson.

Como a história da primeira vinda de Galactus, o filme também é uma adaptação muito bem feita das edições #48 a #50 dos quadrinhos do Quarteto Fantástico, reproduzindo o arco do Surfista perfeitamente, mesmo com a troca de Norrin Radd para Shalla-Bal, e adicionando mais peso às motivações da família para enfrentar o devorador de mundos, além de trazer um pouco das histórias do Tocha Humana com a Nova (a arauto de Galactus por quem ele se apaixona nos gibis) e introduzir, pela primeira vez ao público não leitor, Franklin Richards, que deve ser muito importante no futuro.

Shalla-Bal. a Surfista Prateada, interpretada por Julia Garner.

Apesar de muitas e muitas referências aos quadrinhos, é um filme contido. Não há nenhum “dever de casa” a ser feito, visto que ele não tem conexão alguma com nenhum filme ou série da Marvel. Apenas chegue, assista e se divirta com um mundo novo, rico de detalhes, cheio de personalidade e novos personagens que chegaram para, finalmente, ficar.

VEREDITO: ★★★★

Com bom elenco, uma trilha sonora que fica na mente e uma personalidade bem diferenciada de todo o UCM, os Primeiros Passos do novo Quarteto Fantástico joga seguro para plantar um potencial que na melhor das hipóteses será expandido em sequências, ou será desperdiçado quando a família inevitavelmente se encontrar com as outras equipes e precisar se adaptar à contemporaneidade da “Linha do Tempo Sagrada”…

O Quarteto Fantástico retornará e terá um papel crucial nos próximos dois filmes dos Vingadores: Doomsday (2026) e Guerras Secretas (2027).

Texto de Tiago Samps.

Revisado por Vandercleo Junior, Luisa De Luca e Fernanda "Ferbs" Pinheiro.


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