Sexta-Feira Mais Louca Ainda: Nostalgia e Renovação | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU


*Alexa, play "Take me away" by Pink Slip*

Com este título digno de sessão da tarde, a continuação do clássico "Sexta-Feira Muito louca" chega às telonas para trazer mais um filme para essa leva de nostalgia que domina a indústria fonográfica nesses tempos.

A questão é que, aqui, funciona. Como "nada se cria e tudo se reinventa", o novo longa traz de volta o elenco original e uma dúzia de referências especialmente para os millenials, mas claro que também abraça a todos que acompanharam a carreira da Lindsay ou que simplesmente assistiram ao primeiro e curtiram a experiência. E, diga-se de passagem, "Sexta-Feira Muito Louca" é um dos melhores filmes já feitos e que estão no acervo do finado Disney Channel. Mexer novamente em um filme tão querido pelo público sempre vai trazer opiniões divididas entre os que estão animados para saber o que vão fazer para contar uma nova história, e os que ficam com os ânimos alterados justamente por um medo de estragar o que já é muito bom. Eu, particularmente, sou mais propensa a ser do primeiro grupo, porém, por outro motivo: ter a oportunidade de passar mais um tempo com essas personagens tão carismáticas que marcaram uma época.


Filmes de troca de corpos sempre me soam um conceito muito divertido por si só ao prometerem uma farofa. Aqui dá pra ver como realmente temos tendência a nos tornamos nossas próprias mães ao nos depararmos agora com uma Anna (Lindsay Lohan) mais madura que, por algum motivo não elaborado, resolveu ser mãe solo bem nova, se você fizer as contas, e que se comporta como a Tess (Jamie Lee Curtis) que vemos no primeiro filme. É impressionante (re)ver a química entre as duas em cena e como é engraçado elas interpretando adolescentes presas no corpo de duas adultas. Esse elogio também vale para as meninas que fazem a Harper e a Lily, as duas têm uma energia surreal e conseguem passar o sentimento do surgimento de uma nova irmandade muito linda, e dá vontade de ver mais e mais delas por aí.

No entanto, o filme não é perfeito por conta de seu próprios problemas de roteiro. Algumas coisas na relação entre Anna e Tess não foram abertamente discutidas pelo foco agora ser o elenco jovem, por mais que eu quisesse saber detalhes sobre, faltou este enlace na comunicação entre mãe filha por focarem mais na relação de novas irmãs entre a Harper e a Lily e a relação da Anna com sua filha.

Se tem uma coisa coisa que a continuação de “Sexta-feira Muito Louca” acerta em cheio, além da escolha da trilha sonora, é a estética visual. O filme faz um trabalho certeiro de equilibrar o saudosismo dos anos 2000 com a sensibilidade visual mais clean que a geração atual consome.

A direção de arte sabe muito bem o que está fazendo ao brincar com os contrastes: a casa da Tess agora tem uma paleta mais terrosa e sofisticada, refletindo a nova fase da personagem, enquanto os espaços da Anna (e da filha dela) têm aquele caos criativo que todo millennial que cresceu com pôster de banda no quarto vai reconhecer. Pequenos detalhes como a presença de um walkman decorativo ou um pôster da Avril Lavigne funcionam como piscadelas visuais para quem assistiu ao original na adolescência.

Mas o verdadeiro destaque está no figurino. As roupas das protagonistas fazem questão de evocar o estilo mais  atualizado, sem parecer fantasia. Anna aparece com peças que poderiam facilmente estar num lookbook do Depop: calças largas, tênis plataforma e baby tees com frases sarcásticas. Já Tess mantém seu estilo mais clássico, mas com uma leve modernização, alfaiataria confortável e acessórios discretos que mostram como ela também evoluiu com o tempo. É incrível como a roupa de cada personagem mostra claramente como é a sua personalidade antes mesmo delas abrirem a boca pra falar alguma coisa.

                                              

As meninas novas, Harper e Lily (Julia Butters e Sophia Hammons), trazem um frescor que traz esse mix da geração Alfa com as referências dos anos 90/2000. Ambas estão muito bem nos papéis e seguram a mudança de personalidade que a premissa do filme pede. Os figurinos de todas as personagens conversam com a atualidade e demonstram de forma muito clara o jeito das quatro personagens pelas roupas que elas usam, sendo muito visual essa passagem do bastão geracional dentro do filme. No fim das contas, o filme não tenta replicar os visuais originais ao pé da letra, ele os homenageia. E talvez seja exatamente por isso que acerta. Tem estilo, tem memória afetiva e, acima de tudo, tem personalidade.

Como eu disse, é um prato cheio para quem cresceu ou passou a adolescência com esse filme, e isso se confirma com a trilha sonora fortíssima que investiu nas músicas pop dos anos 90 e 2000 que compõem o filme de uma maneira dinâmica e encaixada. Este é um filme que pode atrair um novo público e trazer interesse para o primeiro filme que por si só já era uma nova versão de um filme que já existia ("Freaky Friday" de 1976). O que no caso dessa história, é muito bom se ter uma renovação porque conflito entre gerações sempre irão existir.

Veredito: ½    

Precisava de uma continuação? Definitivamente não. Estou feliz por existir? Com toda certeza, sim. É um  filme que tem seu frescor com seus momentos de risada e os momentos emocionantes. Vale a pena ir se quiser um gostinho de nostalgia na sua vida do Disney Channel. Ou mesmo se não assistiu ao original, você irá se divertir mesmo assim. Meu coração de "Disney Channel Child" está bem feliz. 

Texto de Luisa De Luca 

Revisado por Clara Silvestre, Vandercleo Junior e Fernanda "Ferbs" Pinheiro.

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