Alien Earth - Emancipação Violenta | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU

 

Após a aquisição da Fox pela Disney, uma das franquias que a mega-corporação estava de olho era, ironicamente, Alien. Lançado em 2024, Romulus foi o primeiro passo de novos projetos, com a promessa de uma nova série no universo como o segundo projeto na franquia, que teve seu último episódio da (até então única) temporada lançado esta quarta (24).

Como Romulus, a série começa querendo emular ao máximo o clássico de Ridley Scott, de 1979, em uma tentativa de aclimatizar o espectador, mas acaba parecendo uma cópia da cópia que perdeu a essência do original. Felizmente, a série não é sobre uma tripulação em uma nave da Weyland-Yutani carregando alienígenas, esse é só o incidente inicial.

Kavalier, dono da Prodigy, uma das 5 mega-corporações donas do mundo inteiro, descobriu como juntar a mente de humanos com um corpo sintético. Naturalmente, ele decide colocar crianças a beira da morte nos corpos adultos sintéticos. A primeira delas, Wendy (Sydney Chandler), se torna mentora das outras e objeto de fascínio do Kavalier. Ao enviar as crianças para o local da queda da nave de Weyland-Yutani a fim de trazer a carga alienígena para a Prodigy, os problemas começam.

Há muito a ser dito sobre os conceitos abordados nessa série. A exploração de crianças por empresas e bilionários com a fachada de ser para o bem delas, a contínua crítica ao capitalismo que começou lá em 79, a discussão do que significa ser humano... Mas tudo isso está envolto por diversos personagens burros e decisões questionáveis.

Dá pra ver que tudo que acontece na série foi planejado por Noah Hawley, os personagens são burros de propósito, o que por si só já é uma decisão questionável (há essa ideia de que a tripulação da Nostromo era burra, mas ela cometeu erros humanos que seriam naturais naquela situação, o que não é o caso aqui), juntamente a fazer das crianças em corpos de adultos os protagonistas, os episódios se tornam um tanto angustiantes de assistir, e não no bom sentido, mas também completamente proposital.

Mostrar o Alien (aqui oficialmente nomeado Xenomorfo logo de cara, um erro) nos primeiros 10 minutos de corpo inteiro vai além de questionável, retira todo o medo do bicho e ele se torna só um cara numa roupa. Para compensar isso, a série opta pela carnificina gráfica e o deixa como um segundo plano para os outros aliens sinistros e a história das crianças.

O que de fato é a parte mais interessante é a construção de mundo(s) feita aqui, que expande a mitologia criada anteriormente de forma que encaixe, e não quebra muito dos filmes prequências, mesmo que Hawley tenha dito que eles seriam desconsiderados. As conversas sobre sintéticos também são bem similares a Blade Runner, inclusive o personagem de Timothy Olyphant, que deve ter sido uma homenagem ao de Rutger Hauer.

Os Diretores de Fotografia David Franco, Bella Gonzales, Dana Gonzales e Colin Watkinson tomam notas e emulam o trabalho de Derek Vanlint no filme original, deixando as tomadas durarem bastante tempo e criando uma atmosfera que a edição complementa utilizando-se de fades para mostrar mais de uma coisa ao mesmo tempo. Como seria de se esperar, a trilha de Jeff Russo é apenas papel de parede emulando a trilha de Jerry Goldsmith.

Quando os adultos se comportam de forma pior que as crianças, há algo de errado, e mesmo que aqui os atores consigam convencer de que são de fato crianças, assistir se torna um pouco frustrante. As partes interessantes que geram discussões após cada episódio levantam a série de ser apenas uma sobra de algo melhor, mas ainda assim não é algo tão bem definido quanto poderia ser.

VEREDITO: ★★½

Duas reviews 3 e meio com conotações completamente diferentes. Há a chance de achar o ritmo muito lento, e às vezes parece mesmo. Se o final não fosse aberto, sem quase nenhuma resolução com a promessa de um enredo meio fraco pra uma próxima temporada, poderia ser dito que vale muito a pena o esforço.


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