O melhor de Power Rangers está nos quadrinhos! | Recomendação do Samps
![]() |
Capa de Mighty Morphin Power Rangers #122 |
Ao final de Julho de 2024, tivemos o fim (até então) do último arco dos quadrinhos de Mighty Morphin Power Rangers. Foram 8 anos de publicações contínuas das histórias originais produzidas pela Boom! Comics que evoluíram de aventuras modernizadas baseadas na série dos anos 90 para um grande universo expandido, que respondeu várias perguntas e tapou diversos buracos criados no decorrer dos 30 anos da série original dos Power Rangers.
Não é a primeira vez que falamos de Power Rangers neste site. Aliás, a última vez que apresentamos algo sobre esse universo foi quando tomamos um tempinho explicando a saga e resumindo um pouco de toda a cronologia dos quadrinhos e da série televisiva em preparação para a última temporada: Cosmic Fury (que também analisamos aqui). Agora, voltamos para isso que é o meio termo entre uma Review (Que Ninguém Pediu) e uma Recomendação pessoal.
Existem dois públicos diferentes que os quadrinhos de Power Rangers podem servir: os fãs da franquia — desde o mais hardcore que assistiu a todas as temporadas até aquele que parou de assistir nos anos 90 — e os fãs de quadrinhos, que lêem qualquer coisa que soe interessante.
Se você já se interessa por Power Rangers, esses quadrinhos são perfeitos por, a princípio, reimaginarem a série clássica em um contexto moderno e crescerem para algo além. Histórias que pegam a essência da franquia e expandem para tudo aquilo que sempre tivemos vontade de ver na série mas o orçamento nunca permitiu. Apesar de focar em Mighty Morphin (a primeira temporada, a mais icônica e a mais repetida de toda a série), as HQs pegam elementos de todos os 30 anos do seriado.
Já imaginou como seria uma combinação dos dois zords mais legais de Tommy Oliver? Por onde andava Andros antes dos Rangers da Terra chegarem No Espaço? Todas essas dúvidas comuns são muito bem respondidas no decorrer das 122 edições dos quadrinhos — e também, no decorrer de outras histórias separadas.
![]() |
Página de 'Mighty Morphin' (2020) #15 por Ryan Parrot e Marco Renna. |
Se você nunca foi chegado a Power Rangers, mas se interessa pela 9ª arte, os quadrinhos não são apenas a expansão da história contada no seriado, mas também uma introdução de todo o universo Ranger, funcionando perfeitamente sozinhos se pegos do início.
Sendo assim, por onde começar?
Quando a Boom! começou a publicar os quadrinhos, eles começaram pelo título Mighty Morphin Power Rangers, mas logo depois lançaram uma série chamada Go, Go Power Rangers que, na minha opinião, é o ponto de partida PERFEITO para começar sua leitura.
Go, Go começa logo depois do final do primeiro episódio da série de TV lançado em 1993, mas usando uma linguagem completamente modernizada e, que segue mostrando como Jason, Zack, Trini, Billy e Kimberly lidaram com seus primeiros dias como Power Rangers. Além de exibir como foi para eles unir a vida de super-heróis às suas vidas de adolescentes.
Você pode ler tranquilamente até a edição #21, (que é quando finalmente introduzem Tommy, o Ranger Verde) e apesar de ter um pequeno momento do quadrinho de Sharttered Grid entre as edições #8 e #12, é isolado o suficiente (literalmente um tie-in) pra que você entenda que não que há algo acontecendo, mas que algo VAI acontecer.
Fiquem tranquilos! Vamos linkar alguns guias de leitura bem explicados no final.
GoGo Power Rangers é uma HQ que alterna entre um slice of life desses adolescentes com garra e um quadrinho tradicional de super-heróis de uma forma sensacional graças ao roteiro de Ryan Parrott. Dan Mora é o primeiro artista dessa série e sequencia seu trabalho até a edição 12, apesar de continuar ilustrando pelo menos as capas, e, os artistas que chegam depois, (Eleonora Carlini, Francesco Mortarino) entregam ótimos trabalhos também.
Se você chegou na edição 20 de GoGo, está na hora de dar uma pausa e finalmente pegar MMPR!
Diferente de GoGo, Mighty Morphin Power Rangers é 100% uma HQ de ação. Escrita por Kyle Higgins (e cia), as edições #0 e #1 se passam logo depois do arco "Verde de Raiva", quando o Ranger Verde é apresentado como um vilão e termina se unindo ao time; E, a proposta dessa HQ é mostrar o time se enturmando com o novo membro no que é chamado de "Ano Um" até a edição #23. Daqui pra frente, o tie-in que há em GoGo, retorna com todas as respostas que ficaram juntas com a leitura desconexa!
As edições #24 a #30, junto da Anual e do one-shot Shattered Grid Finale contam o arco "Rede Despedaçada": a primeira mega saga dos quadrinhos de Power Rangers que revolucionou toda a franquia e consagrou as HQs como a melhor forma de explorar seu potencial.
Sem dar muito spoiler, o Tommy Oliver de uma dimensão onde ele nunca foi pro lado do bem decide pular de dimensão em dimensão pra roubar o poder dos Power Rangers e se tornar um deus. Ele consegue, e agora todos os times (pelo menos de 1993 até 2018, quando a saga foi lançada) se unem. É muito legal e só esse evento já faz valer a pena ler tudo isso, até porque tudo que vem depois segue os passos dessa história.
![]() |
Capa Variante de MMPR #30 fazendo homenagem à capa de 'Infinity Gauntlet' (1991) #1, com Lorde Drakkon segurando cristais do poder, espelhando Thanos e as jóias do infinito. |
Das edições #31 até #39, vemos Além da Rede, uma história que parece desconexa porque não acompanhamos os Mighty Morphin (o que é muito raro) mas que introduz muita coisa nova e importante, além de dar destaque para personagens de outras séries amadas como: Zeo, Espaço, Tempestade Ninja e Dino Charge.
A partir daqui, GoGo e MMPR começam a conversar mais (até porque, Ryan Parrott, que já escreve GoGo, assume também MMPR). Ambas agora cobrem o arco "Luz Branca" da série de TV, quando Tommy se torna o Ranger Branco e a "Transferência de Poder", quando Jason, Zack e Trini saindo do time e passam os poderes para 3 novos adolescentes com garra.
GoGo finaliza na edição #32, acompanhando MMPR até sua edição #50 no arco "Mal Necessário". Preparando terreno para o arco "Poder Ilimitado", MMPR segue sozinha até a edição #55, onde ela finaliza a história e se divide em duas.
![]() |
Capa dupla de GoGo #32 |
Aqui nascem as HQs gêmeas: Mighty Morphin e Power Rangers!
Enquanto MM acompanha a nova formação dos Mighty Morphin com a adição de Rocky, Adam, Aisha e um misterioso novo Ranger Verde, PR segue Jason, Trini e Zack no melhor retcon que essa franquia já sofreu: se na série de TV, dando desculpa para a saída dos atores do elenco, os personagens foram enviados para um intercâmbio estudantil pela paz mundial, aqui é revelado que tal intercâmbio era uma fachada para uma missão secreta no espaço, onde agora eles são uma nova equipe de Power Rangers: os Ômega!
![]() |
As capas de MM e PR se conectavam. |
Ambas seguem com roteiro de Ryan Parrott (sim, o homem trabalha) e introduzem novas histórias com foco espacial, dando espaço (rs) para usar elementos de temporadas mais extra-terrestres da série de TV, como No Espaço (1998) e SPD (2005).
As histórias aqui são bem mais viajadas e, particularmente, a originalidade das histórias dos Ômega Rangers se sobressai ao uso já saturado dos Mighty Morphin, mas todas as vezes que as duas equipes se juntam são entregues momentos e interações empolgantes – tipo novas combinações de megazords iradas!
![]() |
O Megazord Tigre Vermelho é a junção do zord Tigre Branco, do Tommy, com o novo zord Ômega Vermelho do Jason. |
Na edição #22 de cada uma das duas, as séries são finalizadas e mergem novamente dando o retorno ao título Mighty Morphin Power Rangers!
A nova MMPR soma as 44 edições de MM e PR às 55 da antiga MMPR e inicia na edição #100. Ryan Parrott finaliza sua saga e entrega a série nas mãos de Melissa Flores, que assume ambas as equipes nessa história que mais foca nos Mighty Morphin e joga um pouco os Ômega de lado, mas começa a contar histórias completamente sem relação a série de TV de Mighty Morphin dos anos 90.
![]() |
Capa de MMPR #100 com os Mighty Morphin, os Ômega e Andros e Zhane de No Espaço. |
Se você for fã da série, talvez seja melhor parar na edição 100. Quando Melissa assume, toda a preocupação em se conectar com a série de TV se esvai... Desenvolvimentos trabalhados por Parrott, como por exemplo a linha de raciocínio que levou Billy a deixar de ser um Power Ranger em Zeo ou o início da queda do novo Ranger Verde (que não pode existir na reta final de Mighty Morphin) são completamente ignorados. Na verdade, o final da HQ na edição #122 segue um rumo absolutamente divergente.
Claro, seguir um caminho diferente não é necessariamente um problema se as histórias forem boas. O problema se dá quando os quadrinhos se propõem a se conectarem com o cânone. Jason Bischoff deixou muito claro uma semana antes da edição #122 que a equipe responsável (Melissa Flores inclusa) se esforçava para respeitar os acontecimentos da série de TV, mas toda a existência do arco Darkest Hour, em que culmina toda essa história das HQs, começa com um acontecimento que não devia ser possível até a temporada No Espaço, de 1998 (a ascenção do Espectro Negro).
![]() |
Capa Variante de 'MMPR: Darkest Hour' #1, que finalizou (por agora) toda a saga dos quadrinhos de Mighty Morphin Power Rangers. |
Mesmo como um universo completamente separado, a qualidade dessas histórias cai bastante nessas últimas 22 edições. Melissa mal consegue desenvolver um núcleo de 7 Rangers, quem dirá um em constante expansão com personagens de outras equipes chegando na tentativa de criar um evento crossover à altura de Sharttered Grid para finalizar a série de forma digna... Acaba não chegando aos pés.
Apesar de Melissa Flores e sua hora mais sombria na nova Mighty Morphin Power Rangers, a antiga MMPR, junto de GoGo e as gêmeas MM/PR logicamente constroem 6 anos de pontos positivos que, no fim, sobressaem os negativos vistos nestes últimos 2 anos.
Tudo isso sem contar os quadrinhos derivados que contam histórias desde o surgimento dos primeiros Power Rangers até a última aventura de Tommy Oliver na sua velhice.
![]() |
'Power Rangers Universe' (2021) e 'Soul of the Dragon' (2018) contam, respectivamente, a origem dos Power Rangers e a última aventura do mais lendário de todos eles. |
É difícil dar uma nota para todas as histórias em quadrinhos da franquia, mesmo se colocar tudo no mesmo teto, porque muitas têm propostas diferentes, mas a conclusão é muito clara...
VEREDITO: VALE A PENA CHECAR!
Assim como qualquer outra série em quadrinhos, roteiristas vem e vão, e alguns vão conversar mais contigo do que outros.
Os quadrinhos de Power Rangers são não só a melhor coisa que aconteceu na franquia nos últimos anos, como um ótimo exemplo da criação de um universo coeso de histórias (muito melhor do que a Marvel ou DC têm feito na última década).
Atualmente, Go, Go Power Rangers, Mighty Morphin Power Rangers e alguns dos one-shots (como Universe e Soul of The Dragon), estão sendo comercializadas de forma oficial no Brasil pela IndieVisível Press, o que torna perfeito pra acompanhar essa saga toda do início e, como qualquer leitor de quadrinho, interromper quando alguma troca de arco ou roteirista deixar de te interessar.
![]() |
Nossa linha do tempo produzida em Agosto de 2023 com todos os quadrinhos e filmes canônicos posicionados de forma cronológica junto de todas as temporadas da série de TV. |
Confira também o "guia definitivo" de leitura dos quadrinhos de Power Rangers do Mega Power Brasil.
– Texto por Tiago Samps.
Comentários
Postar um comentário