Produção de Sonhos: Doces sonhos são feitos disso | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU

 

Ceticismo. É o esperado quando é anunciada uma série spin-off de uma franquia bilionária para ser lançada direto no streaming. É quase um bingo das palavras-chave de algo mediano a esquecível (vide, Monstros no Trabalho). Então imagine a surpresa, quando o que poderia ser um pesadelo, é, na verdade, algo para se lembrar após acordar.

Escrito e dirigido pelo veterano da Pixar, Mike Jones, Produção de Sonhos é a primeira série solo do estúdio. No estilo mockumentary e situada entre os dois filmes de Divertida Mente, a série segue Paula Persimmon, uma diretora de sonhos da cabeça de Riley que precisa de um novo sucesso, agora que Riley está crescendo e seus antigos truques não têm mais o mesmo efeito.

O fato de ser uma produção da própria Pixar fica evidente desde o começo, já que a qualidade técnica se iguala ao segundo filme. Algo que deve ter facilitado foi a produção do filme e da série terem sido concomitantes. A série reutiliza modelos e cenários que já haviam sido criados, inclusive o pouquíssimo utilizado novo modelo da Riley e suas amigas pequenas do segundo filme. Mas não só de cenários antigos se vive, o estúdio da Produção de Sonhos está bem mais encorpado do que a última vez.

Pelo ambiente, piadas e comentários do mundo de Hollywood são quase uma obrigação, e elas não desapontam. Além de utilizar o ambiente e a proposta ao máximo, a série é engraçada e a titular produção de sonhos é criativa e muito bem bolada. Mesmo tudo sendo uma baita invenção, há uma tangibilidade necessária para vender a história, cujos protagonistas são feijões coloridos com olhos.

E, apesar de um final recompensador abrupto para um dos personagens, os arcos são naturais e não vão além do que o necessário, o que é algo que poderia ter sido mal desenvolvido muito facilmente, se houvesse mais um episódio que fosse, os personagens ficariam insuportáveis. A separação em 4 episódios funciona, no quesito que não parece um filme cortado em 4 partes, mas facilmente poderia ter sido um filme de tão fechada e certinha que é a construção da história.

Para entender o quão a série não foi nada concatenada de sobras, há até a usual tradução de textos e placas para o vídeo nacional. Na dublagem, os stars talents das emoções — que não tem muita presença aqui — retornaram, e os novos dubladores, como sempre, fazem um ótimo trabalho. A música não é do Michael nem da Andrea, mas sim outra compositora do conglomerado Giacchino, Nami Melumad (fazendo um ótimo trabalho em Jornada nas Estrelas, não que vocês saibam), e aqui ela fica um pouco mais presa ao formato de mockmentary, servindo realmente de pano de fundo, um muito bom.

Facilmente se encaixando entre os filmes, a franquia está 4/4 no quesito qualidade. Não é necessária uma segunda temporada nem mais episódios, a história contada foi do jeito que poderia ter sido, e se novas séries da Pixar serão desse calibre, talvez não devessem ser só jogadas no Disney+. Respeita teu ganha-pão, rato!

VEREDITO: ★★★★½

É muito bom quando algo que se espera desapontar te surpreende, e em diversos momentos poderia dar muito errado, mas não deu. Então se você gostou de Divertida Mente, o que está esperando? Qualquer dia desses vou até reassistir.


Revisado por: Emily Lois e Luisa De Luca

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