Demolidor: Renascido, maior e… melhor? | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU

 

Já comentamos aqui diversas sobre as séries da Marvel Television pré tomada da Marvel Studios, desde Agents of S.H.I.E.L.D até a saga Defensores como um todo. Quando foi anunciado um revival da série do Demolidor com uma nova equipe criativa, todos os fãs da série original ficaram com um pé atrás quanto à qualidade desse esperado retorno de uma produção tão amada durante suas 3 temporadas distribuídas na Netflix, muito devido à incapacidade da nova Marvel TV de fazer séries que funcionassem num formato televisivo e não fossem somente filmes de 6 horas picotados em partes (e de escopo menor).

Inicialmente, Demolidor: Renascido (Daredevil: Born Again, no original em inglês, nomeado em referência ao arco dos quadrinhos que aqui no Brasil foi vendido como A Queda de Murdock, e que já tinha sido adaptada na última temporada da série original) teria 18 episódios com Matt Corman e Chris Ord como roteiristas chefes. Diversas ideias que continuam na versão da série vieram deste roteiro original, como a morte de Foggy Nelson e a introdução de um novo núcleo de apoio para Matt Murdock, mas depois de uma reavaliação dos produtores — e agora sabemos também que até os atores tinham um descontentamento com essa versão da série — Corman e Ord foram demitidos e substituídos por Dario Scardapane, que manteve, dos 9 episódios, o grosso de 5, com regravações para ajustar ao novo caminho que a série seguiu. Com muito mais violência (até do que a série original) e uma continuidade prazerosa (que aparentemente sequer teria), a versão final da série entrega um Demolidor extremamente similar ao que ganhou o coração dos fãs, com diversos upgrades, mas com claras incongruências justamente pela troca de time criativo.

Charlie Cox e Vincent D’onofrio retornam como Matt Murdock e Wilson Fisk, e são os protagonistas da série novamente. Mesmo se antagonizando, a trama é do Rei do Crime TANTO quanto é do Demolidor, e o arco de Fisk se dá na sua construção de retomada como vilão em Nova York, além da adição de Vanessa Fisk (Ayeler Zurer) não apenas como parte de seu núcleo de apoio, mas como outra vilã imponente e importante.

O elenco auxiliar adicionado ao núcleo do Rei do Crime, inclusive, é o melhor da série, com Daniel (Michael Gandolfini), Sheila (Zabryna Guevara), Comissário Gallo (Michael Gaston) e principalmente Buck (Arty Froushan), funcionando como a base para a nova fase de Fisk como o Prefeito de Nova York, e consequentemente para todo o novo conflito que ocorre na série.

Vanessa e Wilson Fisk no Episódio 9: Direto para o Inferno.

Matt Murdock não é mais o Demolidor, e por mais que esta seja uma trama repetida, é muito bem construída mesmo que somente durante o primeiro episódio. Seu núcleo antigo aparece pouco, mas traz euforia e felicidade, não só por também ser utilizado com maestria, mas pela qualidade do roteiro, de seus diálogos e da direção de suas aparições. Muito disso se dá porque as cenas do núcleo antigo (seja as da Karen, do Justiceiro, do Mercenário e até mesmo da Vanessa) são todas escritas e dirigidas pela equipe pós-regravações da série, e a dupla Justin Benson e Aaron Moorhead é absurdamente excelente na direção, não só neste trabalho, como em seus anteriores para a Marvel Studios (Cavaleiro da Lua e Loki).

Charlie Cox entrega o melhor de sua performance como o Homem Sem Medo, tanto na persona do advogado católico, quanto como o Demônio de Hell’s Kitchen. O novo Demolidor está muito mais próximo do que o personagem é nos quadrinhos do que na série anterior (claro, por questões de orçamento), além de toda a continuidade reforçada com o Universo Cinematográfico, que está muito mais forte e não tem medo de citar o Homem-Aranha e personagens de outras séries, como a Ms. Marvel, e outro personagem surpresa que só os fãs mais ferrenhos dos quadrinhos ficariam animados de ver retornando…

Charlie Cox como Matt Murdock no Episódio 8: Ilha da Alegria.

Quanto aos outros retornos, Karen Page (Deborah Ahn Woll) obviamente é um destaque, mesmo não sendo o principal interesse amoroso de Matt — Heather Glenn (Margarita Levieva) é uma ótima nova personagem também e adiciona ao enredo —, mas o destaque fica para as pouquíssimas aparições de Frank Castle e ao arco que a sua simples existência adiciona à trama, com os policiais da nova Força Tarefa Anti-Vigilante.

Há uma pequena adaptação de Punisher: Blackout na finale, além do arco em que policiais corruptos utilizam do símbolo do Justiceiro na série em quadrinhos de 2019, que dão para o novo arco de Frank que provavelmente seguirá para a sua próxima produção já confirmada que será uma apresentação especial (tal qual o Especial de Natal dos Guardiões da Galáxia e Lobisomem na Noite), e Jon Bernthal interpreta o personagem, assim como nas duas temporadas de sua série na Netflix, de forma extraordinária e da forma que os fãs já estão muito acostumados.

O Justiceiro cara a cara com os policiais da Força Tarefa Anti-Vigilante.

A trilha sonora pode começar um pouco esquisita, por não ser tão familiar à composta por John Paesano, mas os irmãos Newton entregam um trabalho com ótimos temas novos e menções pontuais aos temas da série anterior.

VEREDITO: ★★★½

No fim, a série peca APENAS nas poucas incongruências que podem ser percebidas pela troca de time criativo, que também só são identificadas ao saber do acontecimento.

Ela aumenta o escopo do que não podia ser feito na série anterior, e faz o possível para manter a qualidade mesmo feita por cima de um material original fraco.

Demolidor: Renascido já está renovada para uma segunda temporada, já marcada para março de 2026, e promete apenas aumentar sua qualidade, já que a equipe por trás dos melhores episódios está responsável por toda a próxima temporada!

Texto de Tiago Samps

Argumentos de Tiago Samps e Davi Almeida

Revisado por Clara Silvestre e Emilly Lois


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