Invencível: Aprimorando o excelente! | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU

 Quando o assunto é televisão, os fãs da cultura nerd estão extremamente saciados nesse ano de 2025. Uma excelente nova série do Homem-Aranha lançou em janeiro, uma “nova temporada” de Demolidor tá em exibição no Disney+, mas o grande destaque — apesar, dentre essas citadas, ser a que causa menos alvoroço na internet — é definitivamente a 3ª temporada de Invencível, que chegou ao fim ontem (13/03) no Prime Video.

Baseada no gibi de mesmo nome idealizado por Robert Kirkman e ilustrado por Cory Walker e Ryan Ottley, a série acompanha um super-herói adolescente em um mundo padrão de super gibis, que inclusive faz diversas sátiras a clichês de histórias e personagens populares.

Mas além do que uma paródia crítica ao gênero de super-heróis (como The Boys), Invencível é, desde seu lançamento original em 2003, uma abordagem refrescante tanto para as histórias clássicas de heróis adolescentes (o famoso coming of age, o próprio Homem-Aranha tem muitas histórias nessa linha), quanto na subversão.

Inclusive, a Panini está publicando pela primeira vez os volumes do quadrinho original aqui no Brasil, e por incrível que pareça, num preço muito acessível!

Robert Kirkman entregou em 144 edições (e alguns especiais) uma trama sobre amadurecimento, redenção, perdão, perda e superação, atravessando dezenas de personagens que, por mais familiares que fossem, exalam originalidade e personalidade. Quase duas décadas depois, Kirkman reconta essa história de forma extremamente fiel ao material original, mas com alguns retoques que não só a modernizam, mas a aprimoram. Relacionamentos são melhor desenvolvidos, lutas são estendidas e alguns personagens são até completamente reformulados para funcionarem melhor a longo prazo. Claro que o inverso também acontece, e a série também reduz o papel de uns personagens, apaga outros e sofre de um sério retrocesso na questão visual.

Por mais que Ryan Ottley e Cory Walker estejam ativamente no desenvolvimento da série, desenhar um quadrinho é bem diferente de desenhar uma animação, principalmente uma com lançamento anual e orçamento limitado — que a Amazon faz questão de gastar em um elenco LOTADO de atores de renome. Muito da animação da adaptação tira um pouco do “molho” principalmente das lutas, com poucos quadros, quase nenhuma fluidez e nenhuma variação de iluminação.

Essa 3ª temporada, acima de todas as outras, é a que mais sofre com isso na maior parte do tempo, com exceção dos seus dois últimos episódios, que por adaptarem um arco muito esperado pelos fãs, recebeu uma atenção tão, mas tão maior, que se excedeu em todos os aspectos.

A “Guerra Invencível” e a invasão do Conquista eram aguardadas até pelos fãs que não leram os quadrinhos, e por isso, tiveram um orçamento e atenção claramente superiores ao comum da série e entregaram uma qualidade técnica muito acima do padrão da própria temporada.

Inclusive, esses dois episódios dão o nome para toda a temporada, que já vinha se sustentando muito bem — mas é muito fácil trabalhar em cima do roteiro já excelente do quadrinho. A temporada se destaca mesmo ao exponenciar o material original, muito além do personagem título, dando mais conteúdo para personagens secundários que, embora essenciais no desenvolvimento do protagonista, eram bem mal aproveitados originalmente (sim, falo de Eve Atômica e Rex Explosão e até do próprio Conquista).

O maior destaque de desenvolvimento de personagem na 3ª temporada definitivamente são Rex e Ray (que, inclusive, é um homem nos quadrinhos, com bem menos aparição e importância).

A trilha sonora da série alterna entre os temas compostos por John Paesano (conhecido pelo tema do Demolidor e pelos jogos do Homem-Aranha de Playstation, ótimo compositor) e as músicas licenciadas. Toda temporada toca algo do Radiohead, e nessa terceira houve momentos com outros artistas (como Your Man, do Joji, em uma montagem romântica entre Mark e Eve), mas tais canções populares acabam tirando um pouco do destaque da trilha de Paesano. Não ajuda o álbum da série não ser lançado oficialmente para poder analisar separadamente, nem ao menos o tema que literalmente esperamos para tocar junto do cartão título que já é marca registrada de todo episódio, fruto de piadas que, pessoalmente, me tiram risada toda santa vez.

Desde seu início, a série potencializa tudo que Invencível tem de melhor nos quadrinhos: seja a violência, as paródias claras a heróis de outras editoras e principalmente a jornada de Mark Grayson como um jovem que, diferente de todas as subversões de heróis “realistas” por aí, embora falho, definitivamente quer fazer o bem, e essa terceira temporada entrega tudo que todo fã esperava e mais um pouco, deixando um gostinho de quero mais para o que vem a seguir até para os leitores dos quadrinhos, plantando a semente de uma nova trama original a se desenrolar.

VEREDITO: ★★★★ ½

Ainda que com uma animação genérica na maior parte do tempo, a 3ª temporada de Invencível (e toda a série) se sustenta em um roteiro bem escrito e personagens intrigantes, sendo não só uma adaptação fiel, mas que realça toda a obra.

A série já foi renovada para uma 4ª temporada, que de acordo com Robert Kirkman, está planejada para ser lançada em fevereiro do próximo ano.

Texto de Tiago Samps

Revisado por Emilly Lois


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