MARVEL ZUMBIS É SÓ “HYPE MOMENTS AND AURA” | REVIEW QUE NINGUÉM PEDIU

Marvel Zombies é uma inovadora iniciativa que reimagina o famoso Universo Marvel e seus personagens após uma epidemia Zumbi, forçando os limites de violência e gore no gênero de super-heróis e entregando uma história criativa e divertida. Isso foi o quadrinho de Robert Kirkman em 2006. A adaptação do Disney+, escrita por Bryan Andrews, sequer tenta seguir o mesmo caminho.

A série é um spin-off do episódio 5 da primeira temporada de What If…? (2021), que já é uma adaptação fraca por culpa da limitante proposta que a série tem de se amarrar a acontecimentos do cânone do Universo Cinematográfico da Marvel, mas ainda assim, consegue brincar com o conceito original de forma divertida e se perde apenas no seu tom e piadas. A derivação disso são + 4 episódios com violência gráfica, o mesmo tom de comédia e novos personagens com interações relativamente mais divertidas — mas não necessariamente mais interessantes.

Ambientado 5 anos após o início do surto zumbi, acompanhamos os heróis sobreviventes, que são os personagens apresentados na Fase 4 — os filmes e séries entre Vingadores: Ultimato (2019) e Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (2022) —, nos entregando pela primeira vez um evento crossover que se aproxima de uma culminação das novas histórias de origem, com um ótimo gostinho de como podem funcionar as Novas Vingadoras/Campeões no futuro, Shang Chi usando mais dos Dez Anéis e o Homem-Aranha como um herói veterano ao invés de um novato, com Kamala Khan assumindo seu lugar — assim como o protagonismo.

Riri Williams, Kamala Khan e Kate Bishop.

No entanto, este foco na humanidade soa repetitivo não apenas em si, mas para todo o subgênero de apocalipse zumbi, principalmente quando comparado ao gibi que tem seu foco nos próprios zumbis, que mesmo após infectados não perdem sua capacidade cognitiva e continuam tão inteligentes e poderosos, mas com uma fome incontrolável que supera até mesmo a consciência e a moral. O quadrinho entrega os zumbis planejando como ir atrás de sobreviventes, lutando entre si pela pouca comida e até conflitando internamente entre suas vidas antigas e sua nova natureza animalesca. Um conceito muito mais interessante do que o usual zumbi sem consciência, preguiçosamente utilizado aqui.

A única zumbi que de fato pensa é a Rainha dos Mortos, Wanda Maximoff, que mais uma vez assume o papel de vilã, e de novo só se sustenta em “feitos”, deficiente de uma motivação decente.

Wanda Maximoff, a Rainha dos Mortos.

A animação tem o mesmo estilo da de What If…?, tendo um ou outro momento interessante no visual e na ação, sem se destacar efetivamente em absolutamente nada. É interessante, pelo menos, e só para quem presta atenção na trilha sonora, pegar os temas já existentes dos personagens e reutilizar aqui. Laura Karpman quem compôs o tema da Ms. Marvel (2022), então tê-lo repetido aqui não é surpresa alguma. A trilha é composta por ela ao lado de Nora Kroll-Rosebaum, que compõem juntas desde What If…?, e assim como na outra série, há boas oportunidades perdidas para brincar entre os temas antigos e os novos.

No fim, a única coisa realmente nova são as integrações de produções como Falcão e o Soldado Invernal (2021), Viúva Negra (2021), Thor: Amor e Trovão (2022) e até Eternos (2021), soando até mais como um evento crossover que *Os Novos Vingadores (2025), mas não indo muito além de uma série de, como dizem na internet: “hype moments and aura” desses personagens, sem focar nos zumbis e no que faria este universo ser verdadeiramente refrescante e interessante.

VEREDITO: ★★½

Pra quem não lê quadrinhos, talvez encontre em Marvel Zumbis um prato cheio de diversão. Fãs da Wanda Maximoff do UCM com toda certeza vão se deliciar com o papel que a personagem cumpre aqui. Mas quem procura uma boa minissérie sobre super-heróis zumbis, vai ter que recorrer aos gibis.


Texto de Tiago Samps
Revisado por Fernanda "Ferbs" Pinheiro



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