Olhos de Wakanda | Poder, potência e potencial desperdiçado.
Quase que do nada, Olhos de Wakanda estreou no Disney+ no dia 1º de Agosto e pouco tem se falado sobre essa série. Até porque, é bem difícil saber que ela saiu quando a Marvel, de novo, não fez o mínimo para divulgar uma minissérie de 4 episódios lançada bem no meio das estreias de Superman, de Quarteto Fantástico e das notícias diárias sobre o próximo filme do Homem-Aranha. Quem assistiu, felizmente, se deparou com uma série curtinha, mas lindamente produzida.
Se você não sabe o que é, se liga: a série expande a mitologia de Wakanda, mostrando o passado da nação do Pantera Negra e acompanhando, ao longo dos anos, o grupo de espiões chamado Cães de Guerra, guerreiros altamente habilidosos encarregados de proteger os segredos do vibranium, coletando artefatos perdidos ao longo do mundo e da história.
No formato antológico, 4 contos com diferentes personagens exploram dinâmicas e tons únicos, com protagonistas interessantes, além da introdução de elementos dos quadrinhos da Marvel que são inexplorados (como a Horda) ou abandonados (como o Punho de Ferro).
Narrativamente falando, são todas histórias muito interessantes. Claro que umas mais que as outras, mas sendo sincero, depende da preferência de quem assiste. Este que vos fala, por exemplo (prazer, Samps), adota como preferido o episódio 2, “Lendas e Mentiras”, que acompanha o espião B’Kain (Memnon, para os Gregos) no meio da Guerra de Tróia, reescrevendo a história de Aquiles e de um dos mais clássicos contos gregos e amarrando-o dentro do Universo Cinematográfico da Marvel. Como um nerdola historiador, foi claramente escrito para mim!
Mas meu episódio menos preferido – o 4º, de título “O Último Pantera” – não só trabalha com viagem no tempo, tocando no passado e no futuro do UCM, como também adiciona importância à série com uma conexão forte aos filmes do Pantera Negra e a Saga do Multiverso.
Para uma série antológica, isso pode ser um erro. Apesar de muito bem trabalhada aqui, é difícil não apontar que a necessidade de conectar toda história animada aos filmes – e talvez até em si própria, como What If…? – é um vício irritante da Marvel Animation, assim como sua incapacidade de aproveitar ao máximo propostas que se desenvolvem praticamente infinitamente por conta própria.
Assim como What If…? poderia durar bem mais de três temporadas se de fato funcionasse como uma antologia, com cada um de seus episódios ambientado em um universo novo, diferente e completo de liberdade para contar quaisquer fossem as histórias que os roteiristas (deixando claro a necessidade de um time rotativo para cada episódio e temporada se manter refrescante), Olhos de Wakanda, que até funciona melhor no formato antológico, também apresenta potencial para MUITO mais. Das literais centenas de histórias que poderiam ser contadas nesse universo praticamente inexplorado que é o passado e o futuro da franquia Pantera Negra, o potencial de Todd Harris (criador da série) e a genialidade de Ryan Coogler (que produziu a série) foram limitadas à apenas 4 episódios lançados todos de uma vez. O que é estranho, porque é a 2ª vez seguida que a Marvel sabota uma produção – e ambas muito boas! – produzida por Coogler, mesmo com ele absurdamente em alta após o inegável, mas não surpreendente sucesso de seu novo filme Pecadores.
A série se destaca também em seu visual, com a animação mais bonita da Marvel Animation até então. O que não é difícil, mas é legal ver que cada um dos projetos do estúdios são permitidos a ter sua própria identidade visual.
Dos dois lançamentos animados da Marvel esse ano até então — o primeiro sendo Seu Amigão da Vizinhança, Homem-Aranha —, ambos são grandes acertos e utilizam muito bem os materiais nos quais se inspiram e adaptam. É uma grande pena que só um desses vai receber temporadas infinitas, e é justamente o mais fácil de se perder.
VEREDITO: ★★★★½
Olhos de Wakanda é uma série curta, divertida e que pede por mais. E por mais que, ao menos por agora, seja bem limitada, definitivamente vale ser assistida por explorar da melhor forma possível – a animada – a melhor franquia que o Universo Cinematográfico da Marvel tem a oferecer.
Texto de Tiago Samps
Revisado por Luisa De Luca
Que venha o império intergalatico de wakanda
ResponderExcluir❤️❤️❤️
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